CAPÍTULO DEZ: "DER HEIMLICHE AUFMARSCH"

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Coautora: AngiieCS

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Ciro se empolgou infinitamente com meu entusiasmo sobre militarmos juntos. Claramente, ele se sentia sozinho naquele meio. Talvez tivesse alguns amigos na UNE, mas não alguém como eu... O apoiando todo tempo, de todas as formas.

Ele sabia que podia confiar em mim. E eu nele. Por mais que o medo seja um tanto inconsciente, tento o deixar ao máximo de lado. Não quero frustrar minhas próprias expectativas nem magoá-lo.

Chegamos a faculdade juntos na segunda-feira. Se quer tento me lembrar do incidente com Jair na semana passada.

Ciro pouco liga para olhares tortos ou deboches. Ele faz toda a questão do mundo de me carregar de cima para baixo agora, sem fingimentos.

No final das aulas, Ciro decidiu que me faria conhecer seus colegas esquerdistas e... infelizmente Kátia Abreu, que é uma pessoa totalmente oposta a ele. Eu não acredito que Ciro diz que ela complementa seus pensamentos. É uma mentira descarada. Mas mesmo ele a defendendo, não consigo gostar dela de jeito nenhum.

Estamos procurando a Kátia inclusive, e Ciro parece ansioso pelo fato de nosso encontro. Tenho certeza que isso não vai mudar nada em minha vida, só me fará ter certeza de quanto ela é uma pessoa desagradável.

— Ali está ela! — ele aponta, chamando atenção dela com seu grito.

— E lá vamos nós... — sussurro desesperançado. Já não era a favor dessa ideia de criamos uma amizade, imagine agora.

Tomo uma respiração mais funda e tento ignorar todo o ranço por ela que já me consome. Bem, se ela é a melhor amiga do meu namorado, terei que lidar com isso.

— Kátia, quero te apresentar uma pessoa muito especial! — ele me puxa pelo braço para se aproximar. Forço um sorriso amigável em meu rosto e ela encara me encara com desdém. — Esse aqui é Fernando. Lembra que lhe contei?

Cristo... Odeio como ela sempre tem esse ar de quem se acha melhor que todos os outros.

— Ah sim, o saco de pancada do Messias?

— Kátia, sem piadinhas por agora. — Ciro deu um sorriso amarelo, notando como eu já rolava os olhos, sem paciência.

— Er... Oi, Kátia... — tomei coragem e a olhei nos olhos, erguendo minha mão e esperando que ela a apertasse.

Percebo que ela acaba me ignorando, não me cumprimentando. Não sei se isso é bom ou ruim, mas estou fazendo papel de bobo mais uma vez.

Rapidamente ela a aperta, revirando os olhos. Provavelmente ela não deve ter ido com minha cara.

Ciro nos olha estranhamente, levantando uma sobrancelha.

— Bom... Espero que em um futuro próximo vocês se deem bem... — diz ele passando a mão por entre seus cabelos e dando um sorriso meio forçado.

Esse momento está bem desanimado, ninguém puxa assunto aqui. É difícil fazer isso com a presença de Kátia por perto, ela simplesmemte parece que abate tudo.

Vendo essa situação, Ciro se despede de Kátia e logo volta a falar comigo assim que nos distanciamos dela.

— Cabra, me perdoa... A Kátia não está passando por bons momentos.

— Ela esteve em algum bom momento antes? — suspiro em um tom de reprovação.

Sinto que ele iria tentar defender aquelas atitudes estúpidas dela de qualquer forma. Ciro é um homem bom, as vezes até bom demais pro meu gosto, sinceramente.

— Calma, meu bem. Não é como se ela te odiasse.

— Ah, tá. Sei... — reviro os olhos, passando uma mão por meu próprio rosto. Vai ser extremamente desagradável ter de lidar com aquele encosto.

— Vamos, não fique chateado. — ele ronrona num tom passificador, beijando as costas de uma de minhas mãos. — Você vai gostar dos outros companheiros, logo se acostumará.

Abano a cabeça afirmativamente e sorrio minimamente, tentando me deixar contagiar com sua animação.

Vamos caminhando lado a lado, tentando esquecer esse constrangimento. Espero que eu nunca mais tenha que chegar perto de Kátia, pois isso é um pesadelo. Parece até que tomei outro soco, mas não tão forte como o de Jair. De qualquer modo, é um tanto doentio querer criar uma amizade com ela... Me pergunto como Ciro a aguenta.

Desviando isso, agora, provavelmente, será a melhor parte. Irei me encontrar com os esquerdistas como Ciro disse. Estava ansioso, isso seria um impacto em minha vida.

Atravessamos o pátio e fomos para um parte mais isolada da faculdade, com intenção de nos distanciar do resto dos alunos, já que íamos tratar de assuntos sérios e o esquerdismo não é muito bem aceito aqui.

Ao chegar lá, noto que há um grupo de alunos. Oito no total por enquanto, e aparentavam estar conversando sobre um trabalho de faculdade, na tentativa de disfarçar. É um bom plano, tenho que admitir.

— E aqui estamos. — Ciro tenta chamar atenção deles para que me apresente.

— Boa tarde, Ciro. — o líder do bando dá um passo a frente, enquanto os outros acenavam com a cabeça, sorrindo e curiosos.

— Boa tarde, colegas. Este é Fernando Haddad. — ele apoia sua mão esquerda em meu ombro. — Ele gostaria de participar do nosso grupo.

Amor Recíproco | Ciro & HaddadOnde histórias criam vida. Descubra agora