3° Episódio: Um bastão de baseball e uns narizes quebrados

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— Todos prontos para ir a escola? —
Trevor perguntou quando seus filhos desceram a escada. Usava um jaleco, estava planejando abrir a sua loja de poções mágicas nos fundos de casa, em um pequeno furo de portal que ligava sua casa a seu mundo, para que ele pudesse trabalhar em sua profissão: Alquimista além de Bruxo de Poções. Naquela manhã tinha acabado de catalogar todas as muitas poções que tinha no seu estoque. Sua loja chamaria: Poço das Poções.

— Eu ainda não acredito que vamos para essa escola ridícula de humanos Comuns... — Adam reclamou.

— Pela primeira vez, concordo com a besta fera, pai. Somos Bruxos, a gente devia está aprendendo magia, não sobre o porquê da Maria Antonieta ter perdido a cabeça. — Philip argumentou. Levando um olhar hostil do irmão.

— É, mas vocês vão mesmo assim, não sabemos o que será do Mundo Mágico, então é bom firmar bases aqui. — Trevor falou baixo.

— Firmar bases?! Pai, eu não vou viver aqui como um Comum. Eu prefiro morrer na guerra. — Adam esbravejou.

— Não seja idiota, Adam. Você tem uma família, e ela precisa de você. — Faina protestou. A ideia de perder seu irmão lhe atingiu como uma bofetada.

— Chega de discussão. Pra escola como pessoas normais que fingem que são. — Trevor disse para os três filhos.

   Adam, Philip e Faina iam a caminho da porta quando a mãe apareceu. Estava suja de farinha, Morgana Falke iria abrir na frente de sua casa uma doceria, café para o Mundo Normal, com suas receitas especiais, faria um sucesso estrondoso com certeza, sua doceria se chamaria Caldeirão dos doces. Uma Bruxa sempre deixava sua personalidade aparecer, de algum jeito.

— Nada de mágica.

   Os três assentiram, se despediram dos pais e de Simon, que estudava em uma outra escola, para crianças, e saíram.

   O caminho para a escola estava silencioso até Philip falar:

— Okay, não estamos mais em casa. A escola está sendo tão ruim pra vocês quanto está sendo pra mim? — Perguntou frustrado.

— Escutei as meninas enquanto estava em uma cabine do banheiro me chamando de esquisita. Depois pregaram nas minhas costas um papel dizendo "Me belisque!" — Faina falou de uma vez.

   A última semana no Elite Claquel High, para os gêmeos tinha sido solitária, ninguém falava com eles, e eles não eram o tipo de gente que adorava viver isolado, ter seu espaço sim, mas ser ignorado não. Para Faina no entanto, estava sendo terrível, mas contar para os pais estava fora de cogitação, na cabeça dela, uma guerra no mundo natal deles, uma fuga, ter que lidar com os negócios que os dois iriam inaugurar em dias, e uma nova vida totalmente diferente da antiga eram problemas demais para que ela atrapalhasse. Faina tinha sérios limites quando se tratava de algo que ela não conseguia resolver.

— Vou quebrar a cara de quem fez isso. — Adam falou parando de andar.

— É um milagre, vou concordar com a besta fera de novo! — Philip parou também.

   Os gêmeos eram apaixonados por sua irmã, e eles não admitiriam ninguém tirar sarro dela. Nunca.

— Não sejam bobos, seus bobos. Eu não quero vê-los em maus lençóis por minha causa.

— Vamos pra escola. Nunca estive tão feliz por estar indo pra ela! — Adam disse se apressando. Olhou para o irmão. O olhar secreto. E foi andando na frente.

   Faina sabia o que aquilo significava. Os gêmeos se olhavam assim apenas por uma razão, uma única razão assustadora: Eles iriam causar um desastre.

Uma vez Bruxo sempre BruxoOnde histórias criam vida. Descubra agora