1. Miosótris

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Escutei o som do despertador tocar e abri os olhos devagar, o sol invadia o quarto e parte da cama. Desliguei o despertador, me sentei e me espreguicei, olhei para o relógio e vi que já eram cinco horas da manhã, me levantei e fui até a enorme janela, essa que mais parecia uma porta enorme e extremamente larga, a abri e deixei que o sol invadisse o quarto por completo. Me dirigi até o banheiro e tomei um banho rápido, enrolei a toalha na cintura e voltei para o quarto, andei até o guarda-roupas e peguei uma cueca, uma blusa e um de meus vários macacões, eu gostava de vestir esse tipo de roupa, achava que combinava comigo e com o meu trabalho também, me vesti e terminei de arrumar meu cabelo.

— Pronto, eu já me reguei, agora falta suas irmãzinhas. — eu disse para o meu gato, que estava parado ao meu lado e ri, ele miou e eu logo entendi o que ele queria, olhei para as vasilhas dele e vi que a de água estava vazia — Você também precisa de água, não é? Eu vou pôr — me dirigi até a vasilha e a peguei, levei a mesma até o banheiro, a enchi e coloquei de volta no lugar.

Peguei um de meus regadores, comecei a regar as flores que haviam no quarto e fiz a mesma coisa com as que haviam pelo restante da casa, depois com as flores da stufa, me dirigi até a cozinha e fiz um café, eu não gostava de máquinas, então sempre o fazia manualmente, o tomei enquanto comia algumas torradas e então fui para a loja, destranquei a porta de vidro e virei a placa que havia na maçaneta, deixando o lado onde estava escrito "OPEN" à mostra para o lado de fora.

Comecei a regar as flores que haviam pela loja enquanto esperava que algum cliente aparecesse. Eu havia aberto minha própria floricultura a uns dois ou três anos, a renda não era tão alta, eu não tinha um valor fixo mensal, variava muito de épocas para épocas, haviam meses em que eu não lucrava direito, mas nos meses em que haviam dia das mães, dia dos namorados ou até mesmo no natal, a renda era bem melhor. Apesar de nunca saber se o mês será bom ou ruim financeiramente, eu gostava de trabalhar em minha floricultura. Minha avó era apaixonada por flores e como nós éramos muito próximos, ela sempre me incentivava a gostar e ficava horas e horas me falando sobre o significado de cada uma, eu consequentemente me apaixonei também e assim que ela faleceu, prometi a mim mesmo que faria mais pessoas gostarem de flores e se apaixonarem pelos seus significados, com isso, tive a ideia de abrir uma floricultura.

Escutei o sino da porta e olhei para a mesma, era uma mulher um pouco baixa, seu cabelo era na altura dos ombros e ruivos, ela vestia um short jeans e uma camiseta branca com algumas frases em inglês escritas. Deixei o regador em cima da bancada e me aproximei devagar, com um sorriso largo no rosto.

— Bom dia, posso ajudar? — ela me olhou e deu um sorriso sem mostrar dentes e assentiu

— Eu queria um buquê, é... pra minha namorada, nós fazemos um mês de namoro hoje, eu não queria dar nada extravagante, mas não quero deixar passar em branco...

— Entendo, flores são o presente perfeito, não são exagerados, mas mostram que você gosta da pessoa e que se lembrou dela. — ela assentiu — Está procurando alguma flor específica?

— Então... eu não entendo de flores, queria dar alguma para ela, mas não qualquer uma.

— Ela tem alguma cor favorita?

— Preto.

— É... Não sei se flores pretas são uma boa opção para aniversário de namoro...

— O que você daria? — ela perguntou, me pegando de surpresa. Eu nunca fui uma pessoa de me relacionar muito, sequer tinha amigos, os únicos companheiros que eu tinha eram minhas flores e o meu gato, mas isso não significava que eu não tivesse interesse em namorar. Eu, como muitas pessoas, sempre tive vontade de me apaixonar, de viver algo bonito, então sempre imaginava como seria, o que faria, entre outras coisas.

— Eu daria Miosótis.

— Miosótis?

— Sim, são as famosas "Não-me-esqueças", já ouviu falar?

— Acho que não... — eu sorri e fiz um sinal com a cabeça para que ela me seguisse, andei pela floricultura até o local onde as flores que citei se encontravam

— São essas — apontei para elas — Estão entre as minhas favoritas, entre os seus significados estão a fidelidade e o amor verdadeiro, seria um ótimo presente para um namoro recente.

— Elas são lindas... — eu assenti — Vou levá-las.

— Ótima escolha! — eu disse e comecei recolher algumas das flores, andei até o balcão e comecei a embrulha-las com um dos papéis mais bonitos que eu tinha, afinal, era um presente, deixando as pétalas a mostra — Qual a forma de pagamento?

— Dinheiro. — ela me respondeu já retirando o dinheiro da bolsa e me entregando, havia uma tabela de preços perto do balcão, então eu não precisei dizer.

— Eu espero que ela goste. Obrigado e volte sempre. — a entreguei o buquê e o recibo e ela sorriu.

— Se ela gostar eu voltarei, muito obrigada! — ela disse sorrindo e logo se retirou da loja.

Eu já não tinha mais o que fazer por alí, então comecei a andar pelo ambiente enquanto observava as flores, eu gostava de fazer isso para ter certeza de que estavam todas bem. Não recebi mais clientes por mais ou menos duas horas, até que finalmente escutei o sino da porta tocar novamente. Dessa vez, era um homem muito bonito, ele tinha mais ou menos a minha altura, seus fios eram escuros, ele estava de gravata e vestia uma blusa social branca, essa que estava por dentro de sua calça preta. O que mais me chamou atenção no rapaz, foram seus olhos pequenos e seus lábios carnudos, combinação essa que eu julguei como perfeita. Me aproximei dele devagar e com um sorriso, confesso ter ficado um pouco nervoso, um dos grandes problemas em ser vendedor, é ter que agir normalmente perto de rapazes bonitos.

Flowers [Joohyuk]Onde histórias criam vida. Descubra agora