Parte 3 - Só pra mim

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Liam

Matt estava de saída no momento que parei com carro em frente à garagem. Queria desabafar sobre como Sam vinha me aborrecendo ultimamente, mas Matt pareceu estar com pressa e não me deu ouvidos. Nem chegou a descer da sua caminhonete para falar comigo como deveria.

Sam vinha falando em deixar a banda há muito tempo e tinha intenção de cuidar apenas dos negócios da cervejaria. O ritmo acelerado de viagens e divulgação que não tínhamos desde os anos 2000 agora era bem diferente de seu estilo de vida mais sossegado. Entendo que quisesse curtir a família e desacelerar, mas essa decisão nos afetaria diretamente. Como não tivemos filhos nem casamos como ele, não tínhamos nada que nos prendesse ou fizesse querer uma vida mais pacata. Gastávamos nossa energia trabalhando e tendo Gabrielle como nosso ponto em comum.

Matt entregou a chave da casa pra que eu entrasse, avisando que Gabby ainda estava dormindo. Abri a porta e desarmei o alarme da casa na parede da sala. Subi para o segundo andar da casa com um sorriso ridículo no rosto e fiquei feliz por não ter ninguém pra ver aquela cena. Na porta do quarto, me deparei com aquela visão digna de fotografia. Se tivesse a câmera comigo, certamente faria um ensaio particular. Apesar de toda a claridade invadindo o quarto pela janela, Gabby continuava dormindo. Recostei-me na parede por alguns minutos, percebendo aquela tranquilidade e esquecendo os problemas do mundo lá fora. Ela vestia uma camiseta de alças finas, branca como sua lingerie e o edredon emaranhado sobre a cama. Uma cena convidativa demais pra permanecer ali parado, apenas olhando. Livrei-me das botas esfregando um pé no outro e joguei minha jaqueta por cima delas, ao lado da mesa de cabeceira.

Ainda era curioso pra mim o real motivo que levava Gabby aceitar um romance a três. Não era a melhor pessoa para sentar na cadeira de julgamento, já que eu também estava envolvido. Cada parte do nosso triângulo tinha uma visão particular do papel que desempenhava. Matt era vaidoso e queria experimentar coisas novas, Gabrielle era inegavelmente atraída pela sua vaidade e faria o que ele pedisse. Ela não teve resistência em me aceitar, pois já existia uma tensão entre a gente desde o começo. Eu era a peça que corria mais riscos, porque eles nunca precisaram de mim para existir, ser um casal. Matt e Gabby e se adoravam, então não acreditava que algum dia Gabby consideraria ficar comigo ao invés dele, se tivesse que escolher.  Entrei nessa ciente de que poderia me decepcionar, mas era a chance que tinha. Um pouco da atenção dela era melhor que nenhuma. Ninguém, ninguém mesmo sabia do que acontecia entre a gente. Para todos os efeitos, Matt tinha sua namorada e eu era um solteirão.

Era inevitável sentir um pouco de ciúmes ao vê-los juntos e mesmo estando mais apegado emocionalmente a ela, gostava de ver suas expressões e ouvir seus sons de prazer quando estava com Matt. Sabia que a qualquer momento poderia deixar de ser expectador e interferir na ação. Milhares de outras garotas se dedicariam exclusivamente a mim em uma relação, só que nenhuma delas seria igual à Gabby. Preferia ter que dividí-la a não tê-la.

Por sua vez, Matt não abriria mão dela por nenhuma outra. Mesmo sendo liberal quando o assunto era sexo, não dormia com outras mulheres. Não que eu soubesse. Se o fazia, conseguia esconder bem, por que viajando inúmeras noites juntos em turnê, nunca percebi nada que o comprometesse. Assim como eu, acho que ele também era apegado a Gabby e dispensava todas as garotas prontas a satisfazer qualquer um dos seus desejos.

Deitei ao seu lado na cama, tentando não mexer muito nem fazer barulho que pudesse acordá-la. Afastei o cabelo de seu rosto para que pudesse admirar seus traços perfeitos. Deitada de bruços, abraçando o travesseiro, parecia estar tendo um sonho bom, esboçando um sorriso de vez em quando. Estirado na cama, fiquei ali deitado, olhando para o lustre pendurado no teto, desintoxicando a mente de pensamentos que estragavam o meu dia. Esperava que Matt não voltasse tão cedo pra ficarmos a sós, mesmo que sem fazer nada.

O que o mestre mandarOnde histórias criam vida. Descubra agora