CAPÍTULO 1 ◐

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Dor

É tudo que sinto.

Todo meu corpo dói e eu não lembro o que aconteceu para estar nesse estado.

Na verdade, não lembro de nada. Tento lembrar mas a minha mente está vazia, prefiro então não fazer tanto esforço pois minha cabeça se encontra bastante dolorida.

Tenho a sensação de um peso em minhas costas. Mas, percebo que não é apenas uma sensação.
Eu carrego uma mochila um pouco pesada e que me incomoda muto.

Retiro a mochila de minhas costas e minha curiosidade fala mais alto.
Ao abrir a mochila, a primeira coisa que encontro é um caderninho rosa com desenho de algumas flores em relevo.

Vou procurando algo mais interessante, talvez alguma coisa para comer, e só encontro duas barrinhas de cereal, o que não é suficiente para matar a minha fome. Decido ver o que tem na mochila outra hora, fecho-a e como uma das barrinhas. 

Olho pra todos os lados prestando mais atenção no lugar. As árvores altas ao meu redor me fazem constatar que estou em uma floresta.  

— Tem alguém aí? — Grito enquanto dou um giro sem sair do lugar. Não há ninguém.

Estou sozinha e completamente perdida. O medo toma conta da minha mente de uma maneira surreal, me deixando em um estado de extremo desespero.

Faço várias perguntas à mim mesma. Eu ando para tentar sair do meio da floresta ou continuo parada para ver se alguém me encontra?

Uma faísca de coragem surge de um lugar que desconheço. Eu não posso ficar de braços cruzados sem fazer nada, preciso lutar para sobreviver. Não quero morrer sem saber o meu próprio nome e sem nem ter tentado descobrir.

Vou fazer o possível para sair deste lugar e lembrar quem sou, e se eu morrer, morrerei tentando salvar minha vida.

Começo a caminhar sem rumo. Minha mente só pensava em encontrar uma saída. Meu corpo clamava por descanso, eu precisava disso!

Depois de andar, andar e andar, perco a noção do tempo. Só percebo que se passaram horas quando a escuridão dificulta minha visão, o que me obriga a parar a caminhada. Sento-me no chão mesmo e abro a ultima barrinha de cereal. 

Abraço minhas pernas, apoio a cabeça em meus joelhos e fecho os olhos enquanto a preocupação me atinge, pois já não tenho mais o que comer e não sei quanto tempo mais vou aguentar nessa floresta.

Quero achar um lugar para dormir, comer, beber água e descansar. Sei que pode não ser possível, mas não devo perder as esperanças. Além do mais, meu corpo já está ficando frágil e desidratado. 

Sou tirada de meus pensamentos instantaneamente quando escuto um barulho vindo de algum lugar ao meu redor. Olho para todos os lados e vejo um homem se aproximando. Não sei o porquê, mas sinto que essa pessoa não é confiável.

Me levanto tomada pelo medo e começo a correr o mais rápido que posso. Tiro a mochila de minhas costas para conseguir correr mais rápido.

De repente sinto uma enorme tontura, o que me faz parar de correr no mesmo instante. A tontura fica cada vez mais intensa, até que eu não consigo aguentar. Minha visão fica escura e meu corpo amolece.

O último barulho que escuto é do meu próprio corpo chocando-se contra o chão de terra repléto de folhas secas.


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