CAPÍTULO 12 ◒

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Pisco  meus olhos repetidamente para me acostumar com a claridade e então observar o local onde estou. Reconheço aquelas paredes verdes desgastadas pelo tempo. O fato de eu estar outra vez naquele hospital me deixa confusa, isso só até eu me lembrar aos poucos do passeio ao parque, da roda gigante, do tiro ao alvo, da rua deserta e da pessoa que estava andando em nossa direção, antes de eu apagar completamente.

As características e o jeito de andar eram inconfundíveis. Mesmo no meio do breu, consegui perceber que ele estava com a mesma roupa da última vez em que o vi.
A pergunta que não quer calar é,  como ele conseguiu me achar.

Sou tirada de meus devaneios subitamente, ao escutar a porta sendo aberta. Giro meu pescoço para descobrir quem estava entrando no quarto, e vejo que se trata de Lúcia. Ela fecha a porta cuidadosamente, vindo em direção a cama.

 — Está acordada há muito tempo?

— Acabei de acordar.

— Que susto você nos deu! O que houve para você desmaiar daquele jeito? Pedro me contou que você tinha dito a ele que estava com medo de ficar naquela rua deserta e acabou desmaiando. — Sentando na poltrona ao lado da cama, Lúcia me olha e suspira.

— Como assim?

Me encontro muito confusa. Não é possível que Pedro não tenha visto aquela pessoa. O fato de estar escuro dificultava as chances dele conseguir enxergar, mas não deixava impossível.

— Não foi isso que aconteceu? Me explique direito. — Pede com calma.

Não respondo. Na verdade, nem consigo entender o que está havendo. Imagina conseguir explica-la.

Notando que eu não ia conseguir me pronunciar, Lúcia levanta-se da poltrona em que repousava, dizendo que iria chamar seu filho para ajudar-me a esclarecer os fatos.

Assim que ela sai do quarto, foco meu olhar na parede verde daquele quarto. Meus pensamentos fluem.

Até agora, não consigo acreditar que o vi outra vez.
O que eu ainda não consigo entender, é como ele me achou e também o porquê dele correr atrás de mim no dia em que acordei naquela floresta.

Saio de meus devaneios, outra vez, ao escutar a porta sendo aberta.
Pensei que seria Pedro e Lúcia. Mas me enganei.

O homem vestido no seu jaleco branco vem ao meu encontro. A roupa que ele usa me faz não ter dúvida nenhuma de que ele é o médico. Minha certeza só aumenta, quando leio em seu peito, Doutor Ribeiro. Ele pergunta como estou me sentindo e me examina.

Ao terminar, o doutor sai da sala sem dizer nada. Também não me atrevo á dizer nenhuma palavra. Alguns segundos depois, Lúcia e Pedro entram na sala e finalmente tenho a oportunidade de entender melhor as coisas.

Lúcia é a primeira a se pronunciar.

— Flor, eu chamei o Pedro para ajuda-la a lembrar o que aconteceu ontem, antes de você desmaiar.

— Eu lembro o que aconteceu. Vocês que estão me confundindo.

— Então nos conte o que você lembra. — Dessa vez foi Pedro quem se pronunciou.

Decido contar logo e acabar com esse mistério desnecessário.

— Nós estávamos naquela rua, quando eu vi, com muita dificuldade, o homem que correu atrás de mim na floresta. Eu fiquei tão assustada, que acabei desmaiando.

Termino de contar o ocorrido, esperando que a dúvida e confusão acabassem de uma vez por todas. Mas, parecem só piorar.

— Flor, não tinha ninguém lá. Quando você apontou, eu olhei na mesma direção e não vi ninguém. — Diz Pedro com calma.

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⏰ Última atualização: Dec 01, 2023 ⏰

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