PRÓLOGO ◒

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Encosto a orelha atrás da porta para escutar o que eles estão falando. Sei que não é nada educado, porém nesse caso é quase necessário. Tenho certeza que vou sair como a errada da história outra vez. É sempre assim!

  — Essa menina esta ficando muito malcriada! — diz para minha mãe praticamente gritando.

— É só uma fase, ela tem apenas quinze anos e... além do mais, comigo ela nunca fez esse tipo de coisa.

— Você está duvidando da minha palavra?

 — Não...só acho estranho ela falar essas coisa só para você. Talvez ela esteja precisando de uma ajuda psicológica — suspira —, nós precisamos fazer algo para ajudá-la...

—  O que nós precisamos fazer é puni-la. E se você não vai fazer isso, eu mesmo faço!

Me afasto da porta parando de escutar a conversa, vou para o meu quarto, pensando no que fazer.

Não é possível que minha mãe não tenha percebido o óbvio. Ela não conhece verdadeiramente a pessoa com quem está casada há anos.

Eu não posso continuar aqui. Arrumo uma mochila, coloco algumas roupas, duas barrinhas de cereal, dinheiro e outras coisas que irei precisar. 

Hoje mesmo eu saio daqui.

Pego minha agenda e arranco a página onde tem o endereço do acampamento de férias que a Bia, minha melhor amiga, queria tanto que eu fosse com ela.

Não é muito longe daqui, se eu pegar um táxi chego lá rapidinho.

Escondo a mochila debaixo da cama para ninguém ver. Não quero que meu plano caia por água abaixo.


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Fecho  a porta com todo o cuidado do mundo. Não posso cometer nenhum erro se quiser sair dessa casa.

Depois que minha mãe terminou a conversa com seu marido, me comunicou que teríamos uma conversa séria no dia seguinte. Ela só não sabe que essa conversa não irá acontecer.

Esperei os dois dormirem para por meu plano em prática.

Eu até pensei em ir de táxi, mas seria muito mais fácil para a polícia me encontrar caso minha mãe decida me procurar, coisa que não tenho dúvidas de que irá acontecer.  Também deixei o celular em casa pra não ser rastreado. 

Queria levar algo para comer mas iria fazer muito barulho se fosse na cozinha agora. Então, peguei as únicas coisas que encontrei em meu quarto, que são duas barrinhas de cereal.

Vou caminhando sem rumo. Deixo a ideia do acampamento de lado, pois minha mãe sabe que Bia estará lá, consequentemente seria o primeiro lugar onde me procuraria, e eu não quero ser encontrada.

Não sei para onde ir.

Espero não ter tomado a decisão errada.


Só quero que Deus esteja me protegendo.



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Revisado

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