V. Nebuloso

102 4 3
                                    

Campos vazios e melancólicos.
O céu poderia estar azul, mas só enxergo a neblina que ali ocupa.
Ou seria esta a forma de me dizer que não enxergo nada?
Neblina sobre mim, entre mim.
Me impede de ver, mas não me isenta de sentir o que é estar sozinha nesse campo vago, silencioso e perturbador.
Desespero. Medo.
Mas tento continuar. Eu tento relaxar.
Inspire, - Expire.
É só um período de turbulência. Pelo menos é o que eu tento me convencer.
Eu começo a caminhar, sem saber o que pode me surpreender pela frente.
O nervosismo me assola.
Inspire, - Expire. (É só um período de turbulência)
O som que aquele mormaço emite, na minha cabeça, ou pelo menos eu percebo que escuto. Aquele som... posso sentir as gotas de suor escorrendo pelo meu pescoço causadas pela angústia daquela solidão.
Daquele tempo.
Daquela inquietude.
Quando será que aqueles maus tempos irão se esvair? Enquanto isso só me resta sentar na relva daquele campo nevoado, abraçar meus joelhos e contemplar minha própria aflição e desconsolo.
Sinto o sabor salgado daquele escorrer pelo meu rosto. Já não sei de nada mais.
O que é. O que fui. O que senti.
Não sei.
E eis-me ali naquele local desabitado e ocupado pelo nada.
Contraditório. Um local vago e ao mesmo tempo que é preenchido, pelo "oco".
Um coração. Uma mente. Um campo vazio e melancólico.
Metaforicamente conectados.

La lunaOnde histórias criam vida. Descubra agora