Him

Pipoca

Jungkook quis morrer quando ouviu o som do despertador gritar em seus ouvidos, despertando-lhe de um sonho do qual não se lembraria no momento em que abrisse os olhos. Odiava esquecer seus sonhos. Já tinha ouvido falar que sonhos refletem conflitos inconscientes, e sinceramente, tinha muita curiosidade para saber que imagens habitavam sua cabeça maluca.

7h20.

Maldito semestre que começava. As férias foram confusas e gostosas. E infelizmente acabaram. Puxou o celular para perto de si e desligou o barulho irritante do despertador. Se soubesse o quanto iria odiar o som do despertador, não teria escolhido a musiquinha mais fofa e preferida. Enfiou a cabeça embaixo do travesseiro e soltou um resmungo para si mesmo, querendo apenas deixar de existir, antes de sentar-se em um impulso.

O dia estava apenas começando e já queria voltar a dormir. Não que não gostasse das aulas, pelo contrário, dançar era a atividade que mais gostava de fazer na vida. Mas gostar de dançar não significava que gostasse de acordar cedo e aguentar professores e alunos durante cinco dias da semana por um semestre inteiro.

Encaminhou-se para fora do quarto coçando a cabeça e sem desfazer um bico matinal revoltado. Adentrou o banho e iniciou o ritual matinal de higiene, composto por escovação dos dentes e banho. Finalizou seu ritual em tempo recorde de 20 minutos, saindo do banheiro em seguida.

Encontrou com a mãe ainda vestida em seus trajes de dormir e estranhou a vestimenta da mulher, que costumava sair 7h50 para trabalhar. Junghyun engolia um pedaço de pão, visivelmente com pressa.

— Bom dia, mãe, ainda está de pijamas? — questionou à sua mãe, ainda com um timbre sonolento.

— Bom dia, filhote — disse sentando-se tranquila na mesa para o café da manhã. — Esqueci de te contar, mas mudei meu horário na escola.

— Ah, por quê?

— Resolvi entrar mais tarde, para sair do trabalho junto com Taetae, não quero deixá-lo deslocado.

Jungkook rolou os olhos em desaprovação. Sentia que não era necessário sua mãe mudar a rotina para se adequar ao cunhado, que era adulto e sabia muito bem se cuidar sozinho. Sentia certo ciúme, sua mãe era sua e já tinha que dividir com Junghyun e Jimin, e agora teria que dividir com o responsável por virar sua vida de ponta cabeça?

— Mãe, ele sabe se virar sozinho — reclamou.

— Eu sei que sabe se virar sozinho na rua, mas ele é visivelmente carente, tanto ele quanto Dahyun, mas ela lida melhor com a ausência dos pais do que ele...

— A DR está magnífica, mas preciso ir. Tchau, pessoas — Junghyun interrompeu encaminhando-se para a saída. — E, Kookie, pare de ser chato com o menino.

Junghyun saiu sem dar-lhe tempo para a réplica, deixando Jungkook sozinho com sua mãe, que continuava a se servir sem pressa.

— E como você está, filhote?

A pergunta lhe soou estranha. Não que a mãe nunca se preocupasse consigo, mas ao mesmo tempo não era habitual que a genitora lhe questionasse de maneira aleatória como está.

— Estou bem, por quê?

— Que bom. — Ela sorriu pequeno. — E você e Dahyun? Faz tempo que não a traz aqui.

— Estamos bem. — Sua resposta saiu vacilante, contra sua vontade, é claro. — Ela já veio várias vezes aqui, é minha vez de ficar mais longe da família.

— Fico feliz em saber, você ainda gosta dela?

Mas que pergunta era aquela? Como assim "ainda"? Sua mãe nunca o questionara sobre isso, nem quando contou sobre o namoro. Não era uma pergunta habitual. Sentia a ansiedade querer lhe dominar quando pensou sobre a possibilidade, mesmo que improvável, da mãe ter lhe visto aos beijos com Taehyung. Ao mesmo tempo se questionava se a mãe fazia essas perguntas aleatórios à Junghyun que namorava há mais tempo, afinal, o caçula não estava presente em todas as conversas entre seus pais e seu irmão. Além do que, Dahyun era sua namorada mais duradoura.