Sim

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Não tinha mais volta.

A mensagem estava enviada e visualizada. Agora, oficialmente, ele e Dahyun haviam voltado a namorar. Contra sua vontade, totalmente contra o que seu coração dizia ser o certo.

Estava com raiva. Estava triste. Estava machucado por dentro.

Estava deitado em sua cama, com um dos travesseiros colados ao corpo, completamente encolhido enquanto agarrava o tecido fofinho. Estava destruído.

Taehyung conseguira ser sua maior alegria e sua maior decepção.

Chorava baixinho e tímido. Sentia ódio por chorar por aquele que havia não só jogado a própria felicidade no ralo, como também tinha condenado a sua felicidade também.

Queria compreender Kim Taehyung, mas estava tão difícil. Doía demais. Era uma dor profunda, além da pele e da vida. O tapa que recebera na face não fazia cócegas quando comparado à reviravolta que sua vida havia acabado de ter.

O celular, ainda aceso, mostrava o chat de Dahyun. Com lágrimas nos olhos, leu pela oitava vez a mensagem que ele mandara como resposta de seu pedido de reatamento.

[Hoje 22:00] Lindo, eu te amo demais, é claro que eu te aceito de volta.

Riu sem humor, de sua própria desgraça. A vida era como uma roda gigante, uma hora estava lá em cima, toda iluminada e oferecendo a melhor vista da cidade; em outra, estava lá embaixo, mostrando toda a pequenez da existência humana, com seus barulhos e intrigas.

Era engraçado até. Uns meses atrás sentia que Dahyun o faria feliz. Pensava em um casamento de princesa, a altura dos sonhos da garota, e uma lua de mel romântica em algum destino propício. Teriam filhos e uma família estruturada e feliz. Mas tudo se desmanchou, como se estes desejos fossem feitos de açúcar que dissolveu quando entrou em contato com qualquer coisa líquida.

E esse líquido era Taehyung. E ele era absinto. Bebida proibida em grande parte dos países do mundo. Bebida dos poetas, com um grau inigualável de álcool, capaz de embriagar e fazer delirar. E por coincidência, um bom absinto era tomado após ele próprio dissolver um pequeno torrão de açúcar.

E foi isso o que ele fez. Não só dissolveu a relação entre ele e Dahyun, como também o embebedou e mostrou os prazeres delirantes que seu teor alcoólico podia causar, ocasionando um vício tão instantâneo quanto a heroína.

Taehyung era como uma droga.

Tóxica e viciante.

Jungkook havia caído no erro de conhece-lo de maneira mais profunda e íntima. E não era sobre o sexo que ele falava, e sim da doçura, do carinho e do cuidado que o garoto de fios roxos escondia do mundo. Entrou em contato com o proibido e agora não havia mais volta.

Fungava chateado, tentando engolir as lágrimas de sua estupidez. O – novamente – cunhado tinha sido um completo imbecil, isso é verdade, mas ele próprio foi tão burro quanto o outro. Burro por não desmentir. Burro por aceitar. E mais burro ainda por concretizar sua idiotice com uma mensagem para a ex e agora atual novamente.

A verdade é que nunca havia passado por situações onde precisasse impor sua vontade. Sua vida sempre fora confortável e dentro dos eixos. Nunca havia precisado lutar por seus desejos e seus ideais. Era um estúpido preso à uma vida de extremo conforto, com pais compreensivos e destino assegurado.

Não sabia como agir e fez o que julgou – em um instante de impulsividade – que o certo seria seguir com a ideia mirabolante do cunhado.

Queria ver Taehyung feliz e ele disse que isso o faria feliz. Mas, Jungkook, sabia que era mentira. No fim tudo era uma mentira. Sua sexualidade, seu relacionamento com Dahyun, seu envolvimento com Taehyung. Viviam os três em um castelo de ilusões. Provavelmente feito de açúcar.

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