Friendly - Bang Chan

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Já se haviam quase dois meses desde o sucedido. Por esta altura, Eliza pensava que Chan já estivesse melhor, mas parecia que quanto mais tempo passava mais Bang se afastava. Ela tentava sempre dar espaço ao maior, ainda que estivesse preocupada com ele, no entanto na sua cabeça só havia um nome: Bang Chan.

- Não achas boa ideia Eliza? - Katherine perguntou sorridente.

- Hm? Sim, claro. - concordou mesmo não sabendo do que os amigos falavam. Ela simplesmente não queria falar naquele momento. Naquele momento ela só se conseguia concentrar em Chris.

- Eliza? - Kath chamou novamente, colocando a sua mão por cima da da menor - Está tudo, bem? Eu sei que a comida da escola não é a melhor, mas tu tens que comer pelo menos um pouco. - sorriu.

Elizabeth simplesmente movimentou a cabeça num sim silencioso. Katherine é o tipo de amiga que se assemelha a uma mãe ou irmã mais velha. Ela, tal como Bang sabia sempre como confortar Eliza.
Após todos terem acabado as suas refeições, Katherine puxou a amiga para as casas de banho para poderem conversar sem os olhares dos outros alunos sobre elas.

- Agora, conta-me o que é que aconteceu para tu estares com a cabeça na lua. Quer dizer, mais que o habitual. - brincou fazendo Eliza deixar escapar um sorriso por entre a feição preocupada.

Suspirou antes de começar a falar: É o Chan. - disse enfim sentando-se sobre um dos lavatórios - Eu não sei o que é que se passa com ele, Kath. Ele está cada vez mais distante. Nas primeiras semanas, eu estava sempre preocupada em confortá-lo e ainda estou! Mas de há semanas para cá, ele tem-se afastado cada vez mais e eu não sei o porquê! Será que eu fiz algo de mal?

- Oh Eli... - confortou-a, alisando os cabelos da amiga - Tu não fizeste nada de mal. Acredita em mim. Talvez ele só esteja ainda meio perdido na situação, entendes?

- Sim... - confirmou depois de um suspiro.

Ela pôde ver que Kath ía continuar a falar, porém foi interrompida pelo guinchar de uma das portas das casas de banho atrás delas. De lá saiu, sem mais nem menos, Clare Pouvoin, ex-namorada de Bang Chan.
Por momentos Elizabeth teve que controlar a sua raiva perante a presença da ruiva que não parecia estar nem um pouco arrependida de ter traído o acizentado.

- Desculpem, mas acabei por ouvir a vossa conversa - deu um sorriso falso, enquanto lavava as suas mãos extremamente brancas- Vocês não sabem? Fala-se por toda a escola.

- Não sabemos o quê? - Katherine questionou antes de Eliza ser capaz de o fazer.

- O Chan vai embora. - disse simplista encarando as duas amigas agora surpresas- Ele conseguiu passar na audição da JYP Entertaiment. Vai embora em duas semanas.

Elizabeth não podia acreditar. Duas semanas. Duas semanas era o tempo que lhe restava com Bang Chan. Porra! Porque é que ele não lhe disse?! Porque é que lhe escondeu durante este tempo todo?

- Oh querida! Estás um bocado pálida. Queres que te vá pedir uma água à cantina? - Clare perguntou com o seu típico sorriso falso de piranha. Pelo menos era o sorriso que Eliza achava que ela possuía já que os seus olhos estavam repletos de lágrimas prestes a escorrerem pelas suas bochechas coradas.

- Eli... ELI! - Kath gritou quando viu a amiga sair disparada em lágrimas para fora do cómodo. Ela ía atrás da menor, porém foi parada pela mão nojenta e sem vida da ruiva sobre o seu pulso.

- Se eu fosse a ti, deixava-a ir. - disse Clare simplista.

- E se eu fosse a ti, largava o meu pulso antes que seja a vez da minha mão ir parar à tua cara. - ameaçou.

Eliza chegou ofegante a casa de Bang depois de ter corrido todos os quarteirões desde a sua escola até à casa do maior. As suas bochechas estavam molhadas pelas lágrimas e a sua respiração descontrolada, mas isso não a impediu de esmurrar a porta com todas as forças que tinha até Chris a abrir.

- Porque é que não me contaste, porra?! Porque é que não me contaste Bang Chan?! O QUE É QUE EU TE FIZ?! - gritou enquanto empurrava o peito do maior que nem se movia perante o estado da amiga. A mais nova chorava baixinho, o que só piorou a situação de Chan que tentava controlar-se ao máximo para não fazer o mesmo e piorar o que já era mau.

- Como é que soubeste? - foi a única coisa que ele conseguiu dizer antes de engolir em seco.

Elizabeth finalmente tomou coragem e encarou-o. As suas sobrancelhas estavam franzidas e os olhos extremamente vermelhos. Ela pôde perceber que Bang se sentia como ela naquele momento, mas nem assim pensou em tomar cuidado com as suas palavras.

- Como é que eu soube? Deixa-me pensar... - disse sarcástica - Ah! Já sei! Não espera... acho que foi pela Katherine... NÃO! Foi pela tua amiguinha Clare!

A expressão do maior mudou completamente. Ele não sabia como reagir perante aquilo. Como é que Clare soube?

- Eu não acredito... todos já sabiam exceto eu. - suspirou passando a mão nos cabelos- Quando é que esperavas contar-me? No dia do voo quando já estivesses no aeroporto de ida para Seul?!

Bang não respondeu.

- Porra Chris! Eu só tenho mais duas semanas contigo! Sabes como é o sentimento que eu estou a sentir agora? - perguntou levando as mãos ao peito. Ele doía, mas Elizabeth sabia bem que o ferimento não era exterior.

- Não foi assim que eu imaginei dizer-te adeus... - disse baixinho atraindo a atenção do maior que até então tinha estado focada no piso de madeira escura - Aliás, eu esperava nunca ter que te dizer adeus. - sorriu com os olhos em lágrimas - Mas parece que vamos seguir caminhos diferentes, não é Chan? - fungou.

Bang não conseguiu aguentar e puxou a mais baixa para a prender entre os seus braços. Ele tinha medo que ela fosse embora a qualquer momento, mas na verdade era ele que a estava a deixar.
Por esta altura, as lágrimas já escorriam descontroladamente pela face dos dois amigos que já nem falavam, apreciando apenas o silêncio marcado por lágrimas entre os dois.

- Eu tenho que ir. - separou-se com dificuldade do acizentado - Este é o nosso adeus, Bang Chan. - limpou as lágrimas - Por favor não me peças para ir até ao aeroporto. Eu não vou conseguir...

E assim, Elizabeth deixou Chris no alpendre da sua casa completamente sozinho apenas com as suas lágrimas a fazerem-lhe companhia. Porém ele ainda tinha esperança.

Ela não iria mesmo despedir-se assim, iria? Ela ainda iria ter com ele ao aeroporto, certo?