Prólogo

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São Paulo, Novembro, 2018

Sophia,

─ Sophia?

Alguém havia falado na antessala que hoje o Juiz estava impaciente. Era nossa segunda audiência, e o Mark não havia comparecido novamente. Deixando-me totalmente insegura de suas intenções em quebrar os laços deste matrimônio. Não que eu quisesse agilizar o processo, mas, ele havia pedido o divórcio dois meses a trás, e me pegado totalmente de surpresa. E agora isso... Estava em dúvida! Ele me deixava completamente sem saber como agir.

Na primeira audiência, eu mesma havia me ausentado. Sim. Eu senti medo. Não sei dizer o que anda acontecendo, estava tudo certo em minha mente, mas... Como eu direi isso ao Mark? Como eu direi isso ao... ─ Respiro, procurando o ar que me falta. É como se as paredes se movessem e viessem de encontro à mim. Minha vontade é de sair gritando e contrariando tudo o que me fez chegar até aqui.

Olho mais uma vez para o homem sentado á minha frente. Ele sorri. Advogado da família D'Angelis. É estranho pensar que ainda hoje deixarei de assinar esse sobrenome, e em menos de uma semana, o estarei assinando novamente.

─ Tudo bem, Sofia? ─ Tremo internamente, e tento sorrir de volta.

─ Sim! ─ Mas a minha voz, é a minha própria acusadora. Vamos Mark! Apareça. Por favor! É uma oração interna que tenho feito, desde o fatídico dia em que ele fez pedido do maldito divórcio e agora foge de mim, como o diabo fugindo da cruz.

De repente, a perfeição em forma de gente, Priscila Mayer, atravessa a porta com seu celular de ultima geração, iluminando seu rosto. Era como se ela tivesse um letreiro luminoso no pescoço piscando "o Mark está livre para mim". E sei lá... Isso está me remoendo a cada segundo.

Assim, que o Juiz atravessa a porta, e senta-se a nossa frente, sou instruída a me sentar. Não há um advogado da minha parte, já que minha parte e a do Mark e de toda a família, são os interessados na dissolução deste casamento.

Por que será que isso soa tão mal aos meus pensamentos? Será que estou de fato preparada para esta mudança. Segundo o Lian, irmão do Mark, e meu futuro marido, "toda mudança causa insegurança." Deve ser por isso que meu estômago nesse momento gira como se tudo o que eu havia ingerido nas ultimas horas, estivesse próximo a voltar por onde entrou.

─ Todos os interessados se encontram presentes? ─ O Juiz foi direto ao assunto. E o que eu estava esperando? Que ele me abraçasse e me consolasse? E no mais... Consolar-me do quê? Não sonhei com esse momento tantos anos de minha vida?

─ Meritíssimo, somos representantes de ambas as partes. Temos aqui, ─ ela estendeu alguns documentos ao homem. ─ As procurações para resolvermos todas e quaisquer pendencias em nome de nosso cliente ausente no dia de hoje.

"Pendencia?" ─ Então era isso que a gente se resumia?

É Sophia, ─ conversei comigo. ─ Ele não vem!

E nem precisava, havia um pacto antenupcial, com validade de um ano. Poderíamos estar separados há duas semanas se eu tivesse comparecido.

Na teoria parecia fácil. Mas estava sendo mais difícil que o esperado. Que o planejado.

─ Então vamos iniciar a audiência. Senhora Sophia, bom dia!

─ Bom dia!

─ Bom... ─ Eu que achava que todos os juízes usassem aquelas roupas pretas, mas não. Esse apenas usava um terno, embora preto, parecia tão comum quanto às demais pessoas ali sentadas, além de muito simpático. Foleou os documentos, com demasiada paciência, e só depois continuou a falar. ─ Este é o tipo de audiência em que o Juiz sempre vai tentar conciliar o casal, para manter a sagrada instituição do casamento. E como não temos uma ação de divórcio litigioso, é isso que eu queria tentar fazer de bom coração, uma última tentativa de reconciliação.

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