Despedidas

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Eu já estava pronto pra ir embora, e mesmo tendo me arrependido do que tinha feito com Thomas, ainda não queria olhar na cara dele, ainda tenho vontade de quebrar ele. Não me pergunte o porquê!

- Você é bem ciumento né?

Quando me virei, vi uma garota morena, muito linda, com muita maquiagem e o cabelo com drads incríveis. Janine.

- Eu? Não... Porque?

- Sério? - E riu (pareceu algo forçado pra mim) - Mas não preocupe! O Thomas é só amigo da Elly...

- Eu não... Me preocupo! Quer dizer... Eu me preocupo com ELA - Eu não sabia uma maneira melhor de dizer isso pra ela - Mas não, dele com ela! Tipo... Você entendeu!

Ela riu de mim, e eu senti minhas orelhas ficarem quentes.

- Não precisa se explicar Leozinho! - Então ela apoiou o cotovelo no meu ombro machucado. E doeu pra CARAMBA!

Então com um movimento involuntário eu tirei o braço, e ela quase caiu. Senti até vontade de rir, mas percebi que ela não gostou disso. Sentou ao meu lado e disse:

- Vocês tão a quanto tempo junto?

Eu me assustei com a pergunta! Ela realmente achou que eu estava namorando com Elly?

- Nós não... Não estamos juntos, não namoramos! - Nesse momento senti meu rosto queimar, Janine me deixava envergonhado, era como se ela fosse a presidente - Somos só amigos.

Ela olhou para mim com um rosto de paisagem, e depois asentiu com a cabeça.

- Jura? - Só aí ela pareceu surpresa - Então eu posso te beijar?

O QUE?

- PODE O QUE? Não! Digo... - Agora meu corpo inteiro pegou fogo, eu REALMENTE não esperava isso - Porque você faria isso?

Ela parecia tranquila, como se deixar garotos indefesos sem jeito, e envergonhados fosse uma brincadeira ou um hobbie.

- Porque você é gatinho! Posso ou não?

- É que... - Eu literalmente não sabia o que dizer, já beijei uma garota, mas eu era afim dela e... A Janine é linda (muito) e tudo mais... Mas eu não queria... E tinha a Elly que... 

- Leo? Vamos? - Escutar a voz de Elly vindo atrás de mim, foi um alívio!

- Elly! Eu amor! - Janine se levantou e a abraçou, não parecia algo muito sincero, mas não falei nada.

- Ah! Oi! Janine... - Ela soltou o abraço, e sorriu - Sobre o que estavam conversando?

- Ah nós... É que...

- Sobre o pomar do orfanato! - Janine disse, em tom natural, até eu quase acreditei.

- Ah sim! - Elly disse, mas ainda desconfiada - Bem, Leo! Precisamos ir!

- É mesmo! Vamos... Tchau Janine!

- Tchauzinho Leo! E... Elly!

- Tchau! - Eu e Elly dissemos juntos.

Então demos as costas para Janine e começamos a ir embora. Mais lá na frente estava nossa picape, azul e desgastada. Quando estávamos chegando próximo ao carro, ouvimos passos atrás de nós.

- ESPERA! - Quando olhamos para trás, lá estava o idiota do Thomas correndo em nossa direção.

- Thomas! - Elly falou alegremente, confesso que senti ciúmes.

- Pensei melhor no que disse, e... Eu vou com vocês para Minesotta.

- Você vai? - PORQUE? - Você chamou ele? - E olhei para Elly.

- Chamei. Já é tarde, vamos passas a noite na estrada, o que é muito perigoso para nós, é Thomas pode nos ajudar! Ele luta muito bem.

Fiquei muito incomodado pelo comentário dela, senti até meu ombro doer, coloquei minha mão em cima, para que a dor aliviasse.

- Sei disso... - Falei, olhando para ele - Mas ficamos seguros durante a ida!

- Durante a ida, não era noite! E além disso eu vou ver minha vó! Ela está muito doente e precisa de mim, e sim eu tenho permissão para ir!

- Mas... - Tentei insistir.

- Leo! Para... O Thomas vai com a gente, e vocês não vão brigar durante a viajem! Minha ameaça contra seus narizes ainda está de pé!

Thomas olhou satisfeito para mim, ele havia vencido a batalha. Mas não a guerra.

- Tá! - E entrei no carro, no lugar do motorista, antes que Thomas quisesse dirigir também!

Elly entrou no carro, e deixou Thomas colocando nossa malas na parte de trás da picape.

- Por favor Leo, não briguem.

- E se ele me provocar? Você sabe que eu não sei ficar calado.

- Por favor! - Ela estava realmente preocupada comigo - Por mim...

Aquela proposta me doeu lá no fundo, eu não queria magoa-la, nem descumprir uma promessa.

- Prometo.

- Te amo! - Ela chegou perto de mim, e meu coração começou a bater muito forte, parecia que o mundo estava em câmera lenta. E me deu um só um beijo na bochecha. Só.

Não consegui conter um sorriso idiota, como o de uma criança que ganhou o presente que tanto queria. Ou quando se toma água, depois de um dia muito quente. Ela sorriu, muito linda. E Thomas entrou no carro. Logo agora? SÉRIO? 

- Vamos?

Sem responder, comecei a dirigir o carro, mas antes que eu descesse a gigante descida. Ouvi mais pessoas nos chamando, olhei pelo espelho do retrovisor e vi duas crianças. Tyler e Mike! Parei o carro na hora, para que eles nos alcançassem.

- Ei! Obrigada! Vocês são incríveis! - Disse Tyler o mais alto.

- Salvaram nossas vidas! Qualquer coisa podem nos ligar!

Elly sorriu para eles, e disse:

- Não foi nada! Vou sentir saudades!

E eu bagunssei o cabelo dos dois, e sorri, em seguida comecei a descer a ladeira. As crianças começaram a correr atrás do carro e dizer:

- Voltem logo!
- Voltem logo!

Elly ficou os observando e acenando, até eles sumirem de vista.

Elly pode achar que essa viajem só tenha sido reveladora para ela. Mas eu discordo. Essa viagem, apenas me provou algo, que eu temo há anos. Voltei a amar.

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