Náuseas da Escuridão

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Depois de assistir o belo trabalho do meu pai, para Leo, ele me contou sobre seu sonho, e eu contei a ele sobre meu encontro com Thomas. E nós ficamos conversando, por muito tempo, até que sentiram nossa falta, e começaram a nós procurar. Mas havia alguém que já sabia do nosso paradeiro.

- Você não perde uma oportunidade né? - Thomas.

Então olho para trás, e o vejo com seu moletom azul (antigo uniforme do orfanato), calças jeans desgastadas e seu tênis preto, seu cabelo estava como sempre, em uma tentativa de ser penteado para o lado, mas que foi impedida pela rebeldia de seus fios castanhos escuros. Ele estava com duas maçãs nas mãos, olhava para nós sorrindo.

Sentou ao lado de Leo e entregou as maçãs a ele, que me deu uma delas. Dei uma forte mordida na fruta, sentido seu gosto, que me lembrava de quando Thomas, Rose e eu tentávamos roubar as maçãs da pomar.

- O que achou do pai de Elly? - Thomas disse isso olhando para Leo.

Que por sua vez, tentou engolir rápido a mordida de maçã que estava na sua boca, e disse:

- Bem... Uau! É uma verdadeira obra de arte - Ele falou isso, e olhou para mim, diferente... mais leve.

- Concordo, você deveria ver as ondas do mar Índico, não há nada mais incrível! - Thomas falou suspirando.

- Posso fazer uma pergunta? - Leo olhou para mim e depois para Thomas.

- Sim - respondemos em sincronia.

- Vocês já viram seus pais pessoalmente? Os de verdade...

Aquela pergunta me corroeu com um ácido na garganta, e pela expressão de Thomas, ele sentiu o mesmo. Nossos pais nunca nos responderam, nunca nos notaram, a única coisa que temos deles são as armas mágicas e o sangue. E isso nos machuca um pouco, pelo fato, de que tivemos nossas vidas totalmente, mudadas e atrapalhadas, por causa de um "erro" deles; e eles nem sequer nos mandam um: " oi filho e aí? ".

- Não, nunca. - Thomas disse como se houvesse uma pedra em sua garganta.

Mas Leo insistiu:

- Nem falaram co...

- Não. - Disse de forma seca, antes que ele terminasse a frase.

- Vão vir para atividades? - Uma voz atrás de nós se pronunciou.

Quando nos viramos vimos Rose, com armadura completa, e um arco flecha de madeira na mão.

- Eu não vou. Tenho que resolver algumas coisas!

- Nem e... - Leo.

- Eu vou - Thomas disse, antes que Leo terminasse - E o Leozinho também né? - Disse isso batendo nas costas dele com a palma da mão, com uma certa força.

- Hã... Eu, acho que - Ele olhou para mim - vou.

Então Rose veio rapidamente, e disse:

- Eu sei que você vai Thomas, você não tem escolha - Ele soltou uma risada - Mas tem certeza que vai magrelo? - Ela disse isso levantando a sobrancelha para Leo.

Ele pareceu se sentir ofendido. Se levantou e Rose deu um passo para trás:

- É claro que vou! - Disse orgulhoso.

- Tudo bem, você que sabe! - disse isso pegando na mão dele, obrigando-o a correr.

Quando eles viraram a esquina, Thomas se levantou e disse:

- Ele não vai durar dez minutos - e soltou uma alta risada - Já vou, tchau baixinha!

E saiu correndo atrás dos dois.

Eu tenho os melhores e a melhor irmã do mundo. 

Então me levanto e vou em direção ao orfanato, certa ao meu verdadeiro objetivo para esta viajem. Descobrir a verdade sobre Joel. Eu não estava tão desconeta assim, eu tinha plano, na verdade acabei de tê-lo. Enquanto recebia a benção da luz do meu pai.

Eu vou descobrir se ele me sequestrou, ou é apenas um mal entendido. Depois, falar com o assassino dos meus pais, e convencê-lo a entregar Joel ou admitir que Joel mandou ele fazer o que fez com minha família.

De qualquer modo, cheguei na recepção, onde estava a senhora Benedict, sorrindo para mim. 

- Bom dia, pode me ajudar agora?

Ela sentou-se em sua cadeira e fez um rosto mais sério.

- Comece.

Contei tudo a ela, desde o dia em que saí do orfanato, o dia da nossa discussão, até o dia que encontrei a carta na caixa de correspondência. Ela escutava tudo, com um rosto neutro, de vez em quando, ela franzia o cenho, mas logo voltava a seu rosto sério. E quando terminei ela ficou me observando, em um silêncio perturbador, até que enfim, respirou fundo, como se só agora ela havia conseguido absorver tudo. E disse:

- Então você quer que eu lhe entregue sua ficha, e a da pessoa que te adotou.

- Exatamente - Eu estava nervosa.

- O que pretende fazer com o que descobrir?

- Entregar a polícia, para que eles possam investigar - Eu não tinha um ideia melhor.

A senhora ascentiu, desfez seu rabo de cavalo, arrumou os fios dos seus longos cabelos grisalhos e os amarrou em coque, com um elástico colorido.

- Venha! - Ela abriu a portinha do balcão para que eu entrasse. E foi o que eu fiz.

Ela fechou a portinha, e abriu um alçapão, que ficava em baixo do balcão em que ela estava, mostrando uma longa escada dentro de uma escuridão. Quando terminou de abrir o alçapão, eu senti um forte cheiro nauseante, de mofo e poeira.

Desci as escadas, bem atrás da senhora Benedict, que enquanto descia, acendia as luzes do porão. Ela chegou lá embaixo, e me disse:

- Fiquei aí! Daqui você não pode mais ir.

E se adentrou na escuridão apenas com uma falha lanterna. Me deixando sozinha, ali embaixo, eu me sentia fraca. Não sei se era por conta do cheiro, da escuridão ou da sujeira. Mas eu não estava me sentindo muito bem, senti até uma forte dor de cabeça e uma sensação claustrofóbica, estava sentindo o ar dos meus pulmões sumir, e uma tontura sufocante que me fazia querer voltar para a superfície. Fiquei por um longo tempo na espera, parecia até que eram horas. Quando senhora Benedict aparece, me dando um susto, não propositalmente. E me entrega duas pequenas pastas.

- Suba! Agora!

Então, não esperei ela dizer de novo, subi rapidamente as escadas. Recebendo em meus olhos a luz do dia, e só haviam se passado 6 minutos.

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