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Point Of View Ariel Nicolau.

Hoje já era o bendito dia em que eu teria meu primeiro dia de trabalho com Willow, era fato que eu estava bem nervosa, mas eu sou muito bom em meu auto-controle, é uma das coisas magníficas que tenho, modéstia parte.

Escolhi uma das melhores roupas que eu tinha, era uma blusa social azul escuro com alguns pequeninos detalhes em preto, a calça social preta tradicional mesmo e o sapato social preto, também tradicional. As roupas que eu usava 80% era masculinas, e eu não ligava nem um pouco pro olhar torto que as pessoas davam ao ver uma mulher como eu vestindo roupas masculinas. Eu tenho traços femininos claros, e eu os amo demais, não me considero homem trans, passo muito longe disso, mas ter a sensação de vestir a roupa que você quiser, absolutamente qualquer roupa, é simplesmente satisfatório demais. Passei meu creme hidratante especial em ambos os braços, deixando as mangas dobradas e foquei no meu cabelo para um penteado.

Fazia exatamente dois anos que eu tinha começado a fazer tranças rastafari, porque eu sempre fui apaixonada por essas tranças, então procurei o salão de uma moça e comecei a fazer lá, ainda morando no Brasil. Agora terei que achar um salão por aqui que faça esse tipo de trabalho, não em Los Angeles em si, mas na Califórnia num geral, deve ter sim, com certeza.

— Manson, estou saindo — Avisei enquanto pegava minha carteira em cima do balcão.

— Vai com Deus moranguinho, e quando chegar quero saber das coisas — Falou lá do banheiro.

— Pode deixar, vou contar tudo — Garanti.

Peguei a minha chave do apartamento e saí, acho que essa era a primeira vez desde que me mudei pra cá que não esbarrei com ninguém no corredor, porque todo santo dia eu esbarro com alguma vizinho, ou com o zelador do prédio. Enquanto esperava o elevador, fiquei checando as mensagens que eu havia recebido antes de sair de casa, e vi que tinha uma mensagem de Tyler, quando a abri foi impossível não rir. Ele havia me enviado uma selfie de seu rosto sorridente cheio de espuma rosa por causa do seu cabelo, e tinha a frase na imagem "Boa sorte no seu primeiro dia". Tive que responder a altura, tirei uma foto com um mega sorrisão e meu polegar levantado, agradecendo pelo apoio, quando o elevador chegou entrei lentamente nele e encostei numa das paredes de ferro fundido, vi que havia uma mensagem de Willow também, era o endereço de sua casa, creio eu.

— Boa tarde senhor Clinton — Desejei para o porteiro.

— Boa tarde menina Ariel, belo dia, não? — Perguntou num sorriso.

— Belíssimo dia, amigo — Sorri — Bom, preciso ir agora, até mais tarde, senhor — Pus meu óculos escuro.

— Até mais tarde, menina — Desejou.

Eu estava radiante naquele dia, e o motivo era óbvio. Ele carrega nome e sobrenome. Eu andava pela calçada em direção ao ponto de ônibus quase desfilando, uma de minhas mãos estava no bolso da calça e a outra segurava minha carteira. Assim que cheguei no ponto de ônibus, já haviam duas pessoas ali sentadas no banco, apenas parei perto do ferro e encostei olhando pra frente, esperando meu bendito ônibus.

Verifiquei onde tinha um daquele cinzeiro públicos por perto, andei até lá e acendi um cigarro. Fiquei muito naquela pose de Business Woman mesmo, uma das mãos no bolso e a outra segurando o cigarro, era um fato que minha auto-estima tinha melhorado bastante com o passar dos anos. Auto-aceitação e auto-estima são coisas distintas, mas que, se possível, trabalharem juntas, você se sentirá a pessoa mais sensacional desse mundo todinho. E você é.

Quando vi meu ônibus virando no final da rua, amassei meu cigarro na areia do cinzeiro e fui andando pacientemente até o ponto, que já tinha mais uma pessoa, esperei com que as três subissem no ônibus e logo subi atrás. Peguei o dinheiro na carteira e paguei o cobrador, procurei um lugar lá no final perto da porta porque não queria ocupar a passagem de alguém por ficar em pé.

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