Breathe - 5º capítulo

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Com o Harley a meu lado calcamos todo o pavimento que acompanham as ruas frias, em busca de um local onde a estadia possa ser duradoura o suficiente por três a quatro dias.

- Alí! Olha! - o Harley aponta para um barracão antigo. Atravessamos a estrada em direcção ao primeiro candidato a "hotel". Os grãos de pó enfeitam os rebordos das janelas partidas e gastas. A tinta branca é escassa, fazendo do barracão, um edifício castanho, um local bem mais antigo e partido. E é nesse mesmo barracão que decidimos entrar na esperança de encontrarmos um sítio vazio para passarmos os próximos dias.

Assim que entramos naquele a que poderemos vir a chamar  de "lar", apercebo-me da disposição desorganizada da casa escura. Dois sofás cobertos de pó e ambos encontram-se à minha frente. Um ocupa um lugar de destaque, centrando-se mesmo no meio da sala. A sua cor bordeaux indica marcas de desgaste devido aos arranhões e cortes que contém. Já o castanho escuro, encontra-se encostado a uma das paredes, igualmente mal estimado, segurando as tábuas de madeira antiga. Na parede principal, tendo em conta a entrada do barracão, encontra-se uma abertura em arco, para o resto da construção. Do lado direito da casa encontra-se uma janela forrada de cimento cujas únicas vizinhas que conseguem espreitar dela são simplesmente pequenas aranhas e as suas respectivas teias. O cheiro a mofo é algo que não consigo deixar de reparar enquanto examino os móveis castanhos e deteriorizados encostados à parede frontal relativamente à principal.

- Este sítio parece tão...sozinho?

- Diria mesmo abandonado - diz enquanto passa o seu longo dedo ao longo do sofá bordeaux coberto de uma manta de pó e germes.

- Acho que encontrámos o local da nossa lua de mel.

- Quê? - viro-me para o encarar, parando de analisar a casa.

- Estou a gozar - diz com um sorriso jacota mas ao mesmo tempo inocente. 

Ouve-se um barulho de algo a cair à medida que o Harley analisa alguns dos armários da casa. Apressa-se para a apanhar.

- Isso é...? - aponto para o livro quadrado aninhado entre os dedos do Harley - um dos antigos?

- Creio que está só cheio de pó - varre todo o pó com  palma da sua mão, para onde projecta um jacto de ar vindo do seu interior.

O Harley abre o tal caderno e aproximamos as nossas cabeças em simultâneo em direcção às fotos presentes no mesmo. Desde fotos de jovens em bares a fotos de casais -estranhas, até mesmo ordinárias - percebemos que estas pessoas devem ter aproximadamente a nossa idade.

- Quem serão estas pessoas? - pergunto aguardando uma resposta milagrosa de alguém que a tenha consigo.  

- "High School Light", a legenda por baixo da foto. Essa escola é recente por aqui. Conheço malta de lá.

- Então...isso significa que estas fotos são recentes, mas... este barracão não me parece ser um adolescente...

O Harley encontra os meus olhos - creio que este sítio já está ocu... - um ruído vindo do interior da casa faz-nos despertar num pulo e depressa sou puxada para trás do Harley assim que dois rapazes com os seus 20 aparecem no mesma divisão que nós. De um completo sorriso, a cara dos rapazes muda para um ar um pouco ameaçador. 

- Olha, olha! Finalmente vamos ter alguma acção... - diz um dos rapazes enquanto esfrega as  suas mãos uma na outra quase que à velocidade da luz. Cabelo loiro, alto mas não tanto como o Harley e, olhos azuis são algumas características deste rapaz vestido de calças de ganga simples e uma t-shirt branca. 

- És quem tu? - pergunta o loiro na direcção do Harley.

- Estamos só a conhecer o sítio mas já estávamos de saída - o Harley responde não mostrando qualquer sinal de simpatia.

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