Breathe - 9º capítulo

17 4 0
                                    

Decido deambular pelas ruas de Nova Iorque em busca de esquecimento do tom de voz do Harley para comigo. Doeu tanto como eu nunca pensei que um simples grito doesse. Senti o meu coração gelar, apertar e, por fim despedaçar-se em mil bocados. Mais uma vez, o moreno conseguiu trazer do Harley a parte com que eu menos me sinto preparada para enfrentar.

Retiro da mochila preta, presa às minhas costas, os meus fones e o meu telemóvel. Felizmente ainda tem bateria. Tenho conseguido carregá-lo através das fichas de carregamento existentes em cada café de esquina. Escolho uma das imensas músicas da minha playlist. "Someone You Loved", de Lewis Capaldi, uma das minhas preferidas. A música acompanha-me em qualquer circunstância. Quando estou feliz, quando estou triste, quando estou sozinha, ou até quando estou com uma enorme dor de cabeça, a música sabe fazer magias. Traz a paz, a calma, a energia de que precisamos em cada momento. A música tem um poder tão grande que até nos consegue fazer sentir próximo de alguém de quem temos saudades. Curioso, não é?


***


Lanço os meus pés na direcção das folhas caídas à minha frente. Passo entre um caminho de terra contornado por conjuntos de árvores enormes de cada lado do caminho. Começo a ver o caminho a terminar, ao fim de uns 10 minutos "dentro" das árvores. O meu corpo petrifica ao ver tamanha beleza natural perante o meu corpo. Como se retirada de um filme ou de algum postal, observo uma lagoa em tons de azul e verde devido ao reflexo de todas as árvores altas que me rodeiam. Além da lagoa, encontro um género de uma parede de pedra. Parede esta que se encontra coberta de plantas caídas sobre ela. "Lindo!", é apenas o que consigo dizer perante este lugar mágico cujo único som que se pode escutar, é o cantar de diversas espécies de pássaros a voar de árvore em árvore, enriquecendo ainda mais a paisagem. 

Parada, apenas giro a minha cabeça de um lado ao outro acabando por repetir o movimento, desta vez, com o corpo todo. Ainda com um dos fones colocados, aproveito para me juntar perto da lagoa e apenas desfrutar numa tentativa de ignorar o episódio que aconteceu a uma hora atrás. O meu corpo acaba por ceder à força da gravidade, ficando agora com o corpo completamente derramado no chão verde e macio. De olhos fechados, sinto agora a música com muito mais intensidade.


***


Está a escurecer. Perdi a completa nocção do tempo. Assim que me preparo para erguer o meu corpo, dou um salto ao perceber que, bem a meu lado, também deitado, está um rosto que me é bastante familiar...Harley! Este abre os olhos assim que se apercebe do susto que me provocou. Endireita-se ficando apenas apoiado nos seus cotovelos.

 - Já podes voltar? 

- Voltar? Voltar para onde? - pergunto com desprezo.

 - Voltar para mim!

 - Como assim para ti? - finjo não perceber.

 - Kiara - o Harley acompanha o meu movimento e acaba por também se pôr de pé. - eu preciso que estejas comigo! Preciso que estejas a meu lado. - faz uma pequena pausa. - Não quero que te vás embora, muito menos por minha causa.

 - Devias ter pensado nisso antes de me teres falado daquela maneira, ou melhor, gritado! - firme, começo a apanhar o meu casaco preto e a minha mochila, da mesma cor, do chão quando, apenas com um paço, o Harley aproxima o seu corpo ao meu segurando docemente nos meus braços. Lá se foi a minha firmeza.

 - Kiara ouve-me, por favor! Desculpa. - o seu tom de voz é agora baixo. - Desculpa mesmo, eu estava nervoso e com medo do que aquele gajo te pudesse ter dito e acabei por ser um completo otário contigo. Tu não merecias aquilo. Sinto-me super mal comigo próprio, acredita! - Ele segura a minha cara com uma das suas mãos, prendendo uma mecha do meu cabelo por trás de uma das minhas orelhas. Puxa o meu corpo contra o dele com outra das suas mãos. Sinto a sua mão quente e firme segurando um dos lados da minha cintura.

 - Harley...  -murmuro apenas. Fechando os olhos tento sair dali com a esperança de que o Harley não o permita. Como se ouvisse os meus desejos, o Harley puxa o meu corpo para o mais próximo possível do dele. Sinto cada batida do seu coração no meu. Apercebo-me de que os nossos corações batem de forma sincronizada um com o outro. Cada vez mais rápido. A mão do Harley tenta fechar à medida que a carne da minha cintura se encaixa nela, cada vez mais pressionada. Sinto o ar expirar-se entre os nossos corpos e, como se por instinto, os nossos narizes começam uma dança lenta com leves toques um no outro. Finalmente, sinto os lábios macios e grossos do Harley nos meus. Por um segundo antes de os sentir o meu cérebro conseguiu congelar o tempo e pensar "É agora! Isto vai mesmo acontecer!". Os nossos lábios moldam-se um ao outro em movimentos lentos. Sinto todo o meu corpo ceder por dentro. Com uma das minhas mãos no seu peito e com a outra perdida algures no seu cabelo, acabo por puxá-lo quando sinto o meu lábio preso entre os dentes do Harley. Não consigo descrever este momento apenas numa palavra. São demasiadas sensações, até agora desconhecidas, para um corpo só. O Harley acaba por soltar o meu lábio e aproxima-se de novo da minha boca. Imito o movimento quando o Harley se afasta antes dos nossos lábios se tocarem de novo, deixando-me ainda com mais vontade de os juntar novamente. O Harley tenta provocar-me sorrindo atrevidamente, balançando a sua cabeça para trás. E porque é que consegue sempre?




Sem palavras para descrever este capítulo... alguma sugestão?

Decididamente AMO escrever este tipo de episódios!

Love u All <3

                           - Kurly

BreatheOnde histórias criam vida. Descubra agora