Você será minha. Acordei com essas palavras em minha mente. Levantei abruptamente do sofá de Nicolas. Meu olho estava inchado, eu podia sentir. Busquei na minha mochila um analgésico e peguei minha bolsa de gelo no congelador de Nicolas.
— Que ótimo — resmunguei, sentindo minha cabeça doer. — Nicolas? — a casa parecia estar vazia.
Decidi tomar um banho frio, me sentia suja da noite anterior, dos brinquedos do parque. Para falar a verdade, não sabia nem como tinha conseguido dormir sem tomar um banho antes.
Estava terminando de vestir minha blusa quando ouvi um barulho. Enrolei a toalha na cabeça para enxugar meus cabelos mais rápido e saí do banheiro, mas não vi ninguém pela sala de estar, nem de jantar.
Subi as escadas até o quarto de Nicolas e também não tinha ninguém lá, mas o criado-mudo ao lado de sua cama parecia reluzente.
Acho que ele não se importaria se eu desse uma olhadinha, não né?
Fechei a porta, conferindo uma última vez se não havia ninguém antes de me voltar para o criado-mudo.
Abri a primeira gaveta e não tinha nada além de uma tesoura e um monte de papéis. Fui para a segunda gaveta e encontrei um porta-retrato virado para baixo. Olhei para trás e escutei com atenção, mas não ouvi nada. Peguei o porta-retrato e virei para ver a fotografia. Quase o deixei cair no chão quando vi que a imagem era uma foto minha com Nicolas — uma foto da qual eu não lembrava. Estávamos sorrindo para a câmera.
Falhei porque me apaixonei por você ao invés de me concentrar em manter os anjos longe. — A voz de Nicolas ecoava na minha cabeça. — Voltamos no tempo, mas tudo está diferente agora.
Então era verdade. Sabia que Nicolas não mentiria para mim, mas ainda era difícil de acreditar. Bem, se eu precisava de uma prova, ali estava ela, bem nas minhas mãos.
Dividida entre levar a fotografia comigo e mostrar para ele que eu havia o encontrado ou guardar e fingir que nada tinha acontecido, passos pela casa fizeram com que eu decidisse imediatamente e jogasse o porta-retrato de qualquer jeito dentro gaveta.
Levantei apressada e colei o rosto contra a porta tentando escutar com atenção. Os passos pareciam vir da sala de estar. Abri a porta lentamente, espiando por sua fresta.
Dakota.
Desci as escadas correndo e, antes que ela pudesse perguntar o que estava fazendo no quarto de Nicolas sozinha, eu comecei:
— Dakota! Você sabe por onde o Nicolas se enfiou? — eu perguntei com um ar inocente. — Fui olhar no quarto dele mas não tinha ninguém.
Ela sorriu.
— Ele saiu com David. Vim ver se estava tudo bem com você.
Que ótimo! Agora eu precisava de uma babá.
— Não precisa se preocupar comigo, Dakota, eu consigo me virar sozinha por algumas horas.
Ela cruzou as pernas no sofá e a expressão em seu rosto era confusa.
— Só queria saber se você estava bem. Deve ser um saco ficar aqui o tempo todo.
A verdade era que eu não estava ali o tempo todo, e nem pretendia ficar. Em pouco tempo, daria um jeito de ir até o Dark Angels investigar a procedência daquela máscara de anjo lamentador. Iria descobrir a identidade de pelo menos um dos anjos sozinha. Devia isso à minha dignidade.
— Ok — falei para Dakota, distraída em pensamentos. — Estou bem.
Peguei meu celular e vi que havia uma chamada de Mia mas, antes de retornar para ela, abri o site de buscas e procurei o horário de funcionamento do Dark Angels.
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No Meio do Nada
FantasyApós uma marca aparecer em seu pulso, coisas estranhas começam a acontecer na vida de Aurora e, durante uma perseguição misteriosa, um demônio narcisista chamado Nicolas aparece para salvá-la, levando-a a descobrir muitas novas informações sobre a s...