— A lua cheia se completa às onze e quarenta e três — Mia avisou enquanto entrava no quarto para se trocar.
Segundo ela, era importante que todos estivéssemos vestindo cores que remetessem à natureza durante o ritual. Mia optou por um vestido longo, verde escuro. Eu optei por um vestido azul escuro, um pouco volumoso na saia e que ia até os joelhos, enquanto Dakota estava vestindo um vermelho, justo e formal, quase preto. De certa forma, seria até legal nos ver daquela forma, se não fosse naquela situação. Nicolas estava do lado de fora, com suas roupas antiquadas marrons.
Alugamos um quarto numa pousada afastada da cidade. O dono era um senhor adorável. Aparentemente, sua pousada não recebia hóspedes com frequência e ele se sentia um tanto solitário.
Às onze horas da noite, Dakota, Nicolas e eu já tínhamos tudo pronto para o ritual, que aconteceria no topo de uma montanha que dava vista para o mar. Velas, cristais e um tanto de outras coisas que me lembrava bastante o meu suposto sonho em que Rafael apareceu.
— Está nervosa? — perguntei a Dakota.
Ela sorriu, passando as mãos pelos braços para se aquecer.
— Um pouco, sim. Nunca estive diante dos arcanjos assim.
Estava prestes a responder quando ouvimos os passos de Mia pelo chão de terra. Ela permanecia calma e em silêncio — o que era algo raro para a minha amiga.
— Afastem-se um pouco — ela pediu, calmamente.
Com um graveto, Mia fez um círculo na terra e, aos poucos, o deu origem a um pentagrama. Ela caminhou em direção às velas e começou a espalhá-las em alguns pontos.
— Está tudo bem? — Nicolas sussurrou em meu ouvido.
Eu fiz beicinho.
— Poderia estar melhor.
Mia sentou-se no chão e começou a fazer movimentos com as mãos para frente, para o lado, para trás e para o outro lado e, por último, para cima e para baixo, enquanto sussurrava algumas palavras que não eram audíveis de onde estávamos.
— Aurora, Dakota e Nicolas, por favor, sentem-se e concentrem-se em sentir a natureza — ela falava como se estivesse num tipo de transe, com os olhos fechados e as mãos sobre a terra.
Não ousei falar nada, apenas nos sentamos conforme Mia havia pedido e fechamos os olhos.
Podia sentir o calor da chama do fogo aquecer o meu corpo em contraste com a ventania que ali no alto fazia. Era incrível que as velas continuassem acesas naquela situação. Continuando a instigar meus sentidos, aprofundei-me no cheiro salgado do mar e no vento que fazia com meus cachos voassem trazendo-me uma sensação de liberdade. Eu me sentia bem e, ao mesmo tempo, era como se uma parte da minha energia estivesse sendo sugada.
— Poder da lua cheia, acorde — Mia sussurrou, junto a algumas outras palavras sobre os elementos. — Arcanjo Rafael, invoco a sua presença.
Mia repetiu as mesmas frases algumas vezes até que uma forte luz branca se fez presente e podia até nos cegar de tão poderosa.
— Mia Bien. Aurora Galice. Dakota Martinez — Rafael nos cumprimentou. — Nicolas Lynch — ele completou, com desdém. — Então, vejo que tem uma resposta para me dar, Galice?
Eu abafei um 'Caramba! Quantos anos você tem?'.
— Sim, eu tenho — foi Margot quem respondeu, surgindo por trás de nós. — Arcanjo Rafael. Quanto tempo.
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No Meio do Nada
FantasyApós uma marca aparecer em seu pulso, coisas estranhas começam a acontecer na vida de Aurora e, durante uma perseguição misteriosa, um demônio narcisista chamado Nicolas aparece para salvá-la, levando-a a descobrir muitas novas informações sobre a s...