No Meio de Arcanjos | Capítulo 15 - Arcanjo Rafael

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Passamos o caminho de volta para a casa de Nicolas em silêncio, enquanto eu só pensava na presença inesperada de Thalia. Pelo menos a reação de Nicolas me tranquilizava.


— Não está chateada, está? — ela murmurou, tirando seu casaco.

Eu balancei a cabeça.

— Não com você, mas um pouco mexida com a situação.

Nicolas suspirou e se afundou em seu sofá.

— Não fique. Ela não significa nada pra mim.

— Mas não parece que você não significa mais nada pra ela — eu retruquei, num tom meio azedo.

Ele pegou minha mão e me puxou para o sofá. Eu hesitei por um instante mas acabei cedendo.

— Não interessa se ela sente algo por mim se eu gosto de você, Aurora.

Ele estava certo e, além do mais, eu já tinha coisas demais para me preocupar. Às vezes, eu realmente queria ter a presença de uma mãe para conversar sobre esse tipo de coisa. Relaxei contra o seu corpo, gradativamente.

— Sabe... — eu comecei, resolvendo contar para Nicolas sobre o que havia acontecido. — Naquela noite, dos anjos e tal... Eu senti a presença da minha mãe.

Nicolas fitou-me, surpreso.

— Tem certeza?

Eu balancei a cabeça.

— Sim, tenho sim — eu fiz uma breve pausa. — Acho que se não fosse isso, eu não teria aguentado.

Nicolas apertou seu abraço, como ele costumava fazer, e nós passamos o resto da noite conversando sobre coisas aleatórias e leves.

Quando a manhã caiu, Nicolas resolveu ir ao seu bar e eu mandei uma mensagem para Mia perguntando se podíamos conversar — em particular — mais tarde. Apesar do horário, Mia logo me respondeu:

MIA: Sim, eu já ia lhe perguntar isso. Pode me adiantar o assunto?

Eu mordi o lábio inferior, ponderando o que responder.

EU: Está acordada tão cedo?! Acho melhor falarmos pessoalmente.

MIA: É sério assim? O que acha de nos encontrarmos no Dark Angels?

Resisti ao impulso de revirar os olhos. Eu só tive experiências negativas naquele lugar, mas era verdade que Mia não sabia ou não se lembrava de muitas coisas.

EU: Poderíamos ir ao Washington Square.

MIA: Ah, ótimo! É meio longe da minha casa mas estou razoavelmente perto de lá. E eu estava mesmo querendo visitar esse parque.

EU: Legal. 10h tá bom pra vc?

MIA: Tudo bem. Quer carona?

EU: Não, estou por perto, vou caminhando.

Não diria a ela que minha intenção, na verdade, era de ir voando. Com o céu tão cheio de nuvens, era fácil de não ser vista. Se bem que, por Nova York, era fácil demais não ser notada. As pessoas estavam sempre ocupadas, agitadas.

Tomei um banho, troquei minhas roupas e subi até a cobertura para sobrevoar pela cidade. Ali em cima, o vento era congelante. Eu deveria ter repensado minha ideia mas agora já era tarde demais. Pelo menos, eu estava com roupas suficientemente quentes para diminuir o impacto da baixa temperatura.

A vista dali era incrível. Algumas áreas estavam cobertas por neve, o que dava um certo charme apesar de dificultar a localização. Ainda assim, não demorou para que eu chegasse ao parque Washington Square. Pousei atrás de um prédio mais afastado quando me certifiquei de que não havia ninguém que pudesse me ver.

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