O feitiço virou contra a feiticeira - Parte 2

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POV Fernando Haddad

" Serviço de quarto... Opaa ! Que é que isso, Brasil? Que abundância! O Rio de Janeiro continua lindo !"

Ciro adentrou o quarto sem ser convidado, pegando Carmem de surpresa, ela estava nua de rabo pra cima, deu um gritinho e se cobriu, puxando o lençol de cetim sobre os quadris.

" Caramba, rapaz, isso é jeito de se entrar em um quarto de casal..." - Acabei de cobrir a garota, que se enrolou nos panos e correu para a suíte, mancando.

" Eu consegui fazer essa menina, que é mulata, ficar vermelha. Só eu consigo isso. E olha que nunca carquei ela. Ainda ! - Gomes sorria de orelha a orelha, olhando na direção que Carmem seguira.

" Ômi... A mulher tá toda troncha... Tu torou a bichinha no meio. Coitada, toda pequenininha..."

Empurrou o carrinho com a comidaria para junto da mesinha próxima  à porta e foi depositando pratos, copos e talheres mais ou menos organizadamente.

" Olhe, eu não levo jeito pra copeiro, não, tá? E nem tampouco sou macaco gordo pra quebrar galho, mas é o que tou fazendo aqui, pra nossa cara não aparecer amanhã em tudo que é site de fofoca, e as poucas chances de você barrar o Bonoro irem de vez pras cucuias." - Justificou sua presença naquele ambiente íntimo.

" Aguenta aí, eu vou ver se a menina tá bem." - Me levantei e fui até o lavabo. Havia deixado a porta aberta.

Estava mergulhada na banheira, com ar de extremo cansaço. Mencionei entrar na água e ela me barrou com o braço.

" Pera aí, me dá um tempo, cara, tou toda rasgada..."

Fiz beicinho e uma carinha de cachorro que caiu da mudança que saberia que minha menininha não iria resistir. Comecei a me dar conta do poder que exercia sobre aquela mini criminosa e iria tirar proveito disso.

" Tá bom, mas sem sacanagem. Só fica aqui perto de mim."

" Obaaa !" - Vibrei feito criança, entrando pé ante pé na água morna, sentei-me sobre seus quadris largos, a água e meus joelhos amorteciam o peso de meu corpo.

A encarei notando como seu olhar petulante se modificava quando encontrava o meu.

Estava perdidamente apaixonada, e desesperada porque se via incapaz de reagir e lutar contra.

Aquilo inflou meu orgulho de macho, ter a meus pés uma mulher tão jovem e tão perigosa, capaz de desequilibrar todo o sistema de quisesse.

Carmem estava apaixonada por mim - Eu não.

Porém não era totalmente indiferente a seus encantos.

Mais uma vez me perguntei por que o destino era uma merda tão caprichosa que a fizera nascer tantos anos depois de eu ter conhecido a mulher que eu amava.

Teríamos sido um casal incrível. Eu a convenceria a usar sua mente aguçada para coisas mais nobres do que invadir redes militares e intermediar compra e venda ilegais de armamento nuclear.

A doidinha nem teria chegado a esse ponto. Eu a teria colocado no bom caminho, Carmem se faria engenheira e eu lhe faria lindos bebês de pele trigueira.

" Não daria certo. " - Ela disse de repente, entristecida, desviando os olhos dos meus.

" Por que não?" - Perguntei, beijando demoradamente seus cabelos molhados, depois as pálpebras que ela cerrara.

Suspirou fundo.

" Primeiro porque você ama sua mulher. Muito. "

" Sim, eu amo, só que Ana não me quer mais e..." - Ela me cortou a fala com um gesto.

Slave of love - Haddad + Ciro + Personagem OriginalOnde histórias criam vida. Descubra agora