Positivo!

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Fui tomar um banho, talvez fosse o suficiente para descansar o corpo. Fiquei um bom tempo embaixo do chuveiro. Desci pra tomar meu café e falar com minha mãe.

- Bom dia bonequinha. Como foi a festa?

- Bom dia mãe, uma outra hora a gente fala sobre isso tudo bem?

- Hum, sei que não foi boa, principalmente porque notei que você não dormiu. Tem certeza que não quer falar sobre isso?!

- Tenho sim, mas tem outra coisa que quero conversar com você. Amanhã vou com a Helena na consulta que te falei, e ontem decidi que não ia ficar mais tempo por aqui. Vou viajar assim que sair do consultório. E não tenho previsão de retorno.

-Mas minha filha, já não estava agendado pra daqui quinze dias? Pra que adiantar a viagem e prolongar o tempo? Você e seu avô são iguais mesmo, até nisso você se parece com ele.

- Do que você está falando mãe?

- De quando seu avô adoeceu minha filha, ele fez a mesma coisa. Quando seu avô descobriu o câncer, ele se isolou do mundo, foi para alto mar pensar e colocar os sentimentos em ordem, voltou decidido a encarar o tratamento e se curar, aí veio a paixão pelo alto mar. Ele fez uma viagem de dois meses, até que minha mãe o convenceu a voltar, ele não queria que você soubesse disso. Por isso na época mentimos pra você.

- Sobre a doença dele eu sabia, mas não imaginava que esse amor pelo mar vinha daí. Apesar de ser nova na época mamãe, eu sempre soube o que o vovô passava.

- Não, ele sempre amou o mar. Mas navegar ele começou mesmo, antes do tratamento, e continuou depois, porque viu o quanto lhe fez bem viajar. Mas enfim, porque você tomou essa decisão repentina assim?

- Muitas coisas mamãe. Preciso ter um pouco de tranquilidade na minha vida e no meu coração. E sei que aqui não vou ter nada disso.

- Ah minha filha, isso me entristece tanto. Mas se você acha que é necessário eu te dou todo apoio.

- Obrigada mamãe. Vou terminar meu café e voltar pro meu quarto, hoje só quero minha cama.

- Tudo bem bonequinha qualquer coisa me chama.

Dei um beijo em seu rosto e fui para meu quarto, hoje eu não queria ver ninguém, mas não contava com o almoço de despedida que mamãe preparou. Ela chamou a vovó, o Tio Daniel que trouxe o Nick com ele. Adorava aquele pentelho. Confesso que foi difícil passar o dia sem chorar.

Meu tio explicou mais ou menos o que houve na festa, a parte que ele presenciou apenas, mas minha súbita decisão de viajar era por conta da discussão particular com o Bruno, e a dúvida da gravidez.

Graças a Deus o dia passou muito rápido, não que eu quisesse me livrar da minha família, mas queria muito me livrar da dor que me consumia, e nada melhor do que minha cama e meu travesseiro pra me consolar, com meus pensamentos.

Dormi feito pedra. Estava exausta por ter passado a madrugada de sábado pra domingo acordada, e ter passado o domingo brincando e conversando com todos. Levantei um caco, mas tinha que ir logo ao consultório. Fui tomar meu banho e desci pro café.

- Bom dia mãe!

- Bom dia bonequinha! Nossa você está com um semblante horrível. Não conseguiu dormir de novo?

- Pelo contrário, dormi feito pedra. Mas ainda me sinto muito cansada.

- Entendo. Você vai que horas mesmo pra consulta?

A garota da AvenidaOnde histórias criam vida. Descubra agora