Pov. Louis
- Aonde vamos? – perguntei enquanto estávamos dentro do carro, Harry dirigia atentamente fitando o caminho calmamente ouvindo as instruções do GPS. Minha pergunta chamou sua atenção e ele voltou o rosto na minha direção, ele sorriu para mim. Sua mão se moveu abaixando o volume do radio para me ouvir melhor.
- Ao seu restaurante favorito – eu franzi a testa o encarando com descrença. Essa era uma informação que se não me falha a memoria eu não havia lhe contado.
- Nunca te contei qual era o meu restaurante favorito – ele fez uma cara de culpado e quando parou no semáforo, sua mão se apoiou no meu joelho.
- Seus dados, lá tinha os lugares mais frequentados por você, esse restaurante era um dos mais frequentes, pensei que você gostasse de lá – eu o olhei com descrença e ele suspirou culpado. Senti um gosto amargo na boca, aquilo era o tipo de coisa que me confundia mais que as outras. Ele não me conhecia pela minha boca, sim pelo que leu sobre mim em algum lugar. Suspirei incomodado, mas resolvi não demonstrar. O caminho que ele fazia eu reconhecia e se ele estava me levando onde eu imaginava que era, o restaurante era adorável, eu ia ali sempre que meus pais vinham a cidade. Era um lugar chique por isso só frequentava com eles que gostava dessas coisas. Não fazia meu estilo, mas era um ambiente agradável.
- Como esses lugares sabem dessas coisas? – ele sorriu de lado arrancando o carro. Seus olhos verdes seguindo um carro que fez uma manobra estranha na sua frente, ele resmungou algo mudo e sorri.
- Cartão de credito ou debito, aonde vamos deixamos nossos rastros Lou. Não é exatamente completo, mas banco de dados é bem útil – assenti tentando não imaginar para que ele usava esse maldito banco de dados. Ele sabia tudo sobre todos através disso, e eu era apenas mais um na lista imensa do seu banco de dados. Passei as mãos nos cabelos tentando parar de pensar nisso. Isso já estava me ensandecendo. – Lou, você está bem? – assenti freneticamente sentindo minha cabeça pesada, era tanta coisa, em tão pouco tempo. Eram tantas duvidas, tantos problemas, tantos sentimentos. Meus pulsos coçavam tanto...
“Você sabe como acaba Louis, ele é de qualquer outro menos seu”
Aquela voz, aquele tom eu senti o sangue correr mais rápido nas minhas veias, eu me sentia enjoado. Aquilo era tudo que eu ouvi desde que conheci Harry. Tudo o que iria ouvir se continuasse com ele. Iria acabar e eu iria sobrar. Eu não pertencia a Harry, Harry não era do meu mundo...
- Louis! – ouvi a voz de Harry me tirar do meu devaneio e suas mãos segurarem meu braço um distante do outro. – Amor você não está bem – ele afirmou puxando a manga do meu casaco do braço direito para cima analisando a pele ali. Não percebi que carro já estava estacionado e Harry pronto para descer. Ele soltou meu cinto e me sentando virado para ele, ele segurou meus braços – Você estava esfregando tanto a pele que acho que machucou – ele sussurrou soltando meu braço direito depois de depositar um beijo no meu pulso avermelhado. Ele iria ver. Quando puxei o braço esquerdo e ele segurou com mais força, seu dedo indicador tocando a marca do corte que aparecia brevemente mesmo com a blusa. Seus olhos procuraram os meus que não se focaram nos dele. Senti sua respiração ficar suspensa e seu dedo suavemente tocar o corte enquanto subia a manga do meu casaco, o tecido revelando o corte recente. Ele iria me matar por aquilo. Virei o rosto fechando os olhos para a descarga de xingamentos e de repreensões. E quando ela não veio eu senti o aperto no peito aumentar, se ele não estava irritado e me xingando era porque nem sequer se importava. Os motivos para querer chorar naquele momento eram tantos que eu simplesmente não conseguia chorar. Senti o tecido do meu casaco ser puxado com um pouco de indelicadeza e me virei fitando o rosto de Harry, a expressão dura em seu rosto me fez tremer de medo.
