Desistir

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Todas aquelas pessoas cercavam o garoto ingênuo que ali se encontrava. Cobria-se de medo diante dos insultos lançados. Era refém do erro de ser diferente. Mas o que ele poderia fazer? Não conseguia fugir, tão menos enfrentar. Ah se pudesse sumir...

Não era capaz de se defender, apenas segurava o choro enquanto dava. O tempo havia parado, a situação parecia não ter fim e só aumentava o desespero que destruía o rapaz. Seus olhos voltaram-se para a multidão, encharcados e firmes. Mirava cada rosto que ria, até ver o olhar de pena daquela menina. Ela havia se afastado mas seus sentimentos ainda estavam nele.

Não soube o que pensar, tinha vergonha. Abaixou a cabeça afim de que jamais saberia se ela havia continuado a assistir o espetáculo ou se preferia não ver a aberração ali exposta.

A lágrima ficou segura até acabar a "brincadeira". Entretanto, não teve como contê-la ao trancar-se em seu quarto. Ninguém poderia entende-lo. Não se pode imaginar os sentimentos que se prendem exclusivamente ao coração do outro. São inexplicáveis. Alguns belos, outros horríveis.

Chorava em silêncio para que não o ouvissem. Sentia culpa.

Cansou... A corda já apertava seu pescoço, mas não tinha forças para continuar e ela deslizou no seu peito. Ainda não era a hora. E no outro dia ele estava sozinho, continuando a sorrir com a alma em pedaços.

Rascunhos SolitáriosOnde histórias criam vida. Descubra agora