One!¡

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— PASSADO.
Meses antes.

Já se perdeu no tempo, pensando em coisas completamente aleatórias? É exatamente o que está acontecendo comigo agora, mas não é de fato algo que eu esteja controlando, simplesmente não consigo focar em alguma coisa, se não no incrível nada.

Quando me dou conta, minha mão já está em meu colar o apertando com força. Respiro fundo e procuro por quem chamou meu nome.

— Katherine? Você está me ouvindo? - Susan pergunta, com uma cara de indignação.

Não dê atenção para ela, e morra. Ou quase isso.

— Sim, sim. Claro! - Exclamo falsamente, com um sorrisinho de quem sabe que vai ouvir uma bronca.

— Ah é? Então repete tudo o que eu te disse nos últimos... - Ela olha em seu relógio e logo cruza os braços - Cinco minutos.

Rio sem graça e fico quieta, pois não ouvi nada mesmo e nem adianta tentar.

— Tá vendo! - Ela bufa de raiva - Você não dá a mínima pra mim, e tudo o que eu quero é só um pouquinho de atenção, poxa.

Sorrio, já me esticando pelo colchão para poder apertar as bochechas dela, o que consequentemente deixa ela mais brava ainda.

— Tudo bem, tudo bem, eu me rendo! Pode repetir, por favor? Prometo que dessa vez eu vou prestar atenção.

Ela suspira, prestes a recomeçar sua história de como reagiu ao saber que sua mãe vai casar. De novo.

A mãe da Susan não é do tipo de mãe exemplar, tampouco a mãe do ano. Mas ela é legal, ela e seus trinta maridos diferentes a cada segundo, e acho que foi a falta de um pai fixo na infância da Susan, que a fez se tornar essa garota meio "rebelde" que ela é hoje.

E por mais que ela nunca admita, sei que sente falta de uma figura paterna para proteger e ensinar as coisas básicas da vida, por exemplo, a se proteger de um menino abusado, pois ela aprendeu isso sozinha, e sério, tenho pena de quem tentar se aproveitar dela.

Mas não posso fazer nada em relação a isso, já que também senti e sinto falta de uma mãe. Bom, poder até posso, eu empresto meu pai para ela as vezes, e ela me empresta sua mãe.

Ainda ouvindo ela descrever detalhadamente o cara com quem a mãe dela está noiva, me levanto e caminho até a prateleira lotada de cd's e discos de músicas do seu quarto. A prateleira não é completamente diversificada em gêneros, já que ela têm apenas rock e clássicas, mas se formos falar de compositores, é outra história.

— É... tudo o que eu posso esperar agora, é que ela sossegue com ele por pelo menos um ano. Mas se ela passar mais de um mês, vai ser um progresso e tanto. - Suspira - Ei, eu estou pensando em raspar esse lado do cabelo, o que acha? - Ela sinaliza com a mão, o local.

A olho e balanço a cabeça em negação. Volto para perto dela e seguro em seus ombros.

— Eu acho que você deveria parar de provocar sua mãe, isso sim.

Ela bufa e bate no meu braço.

— Eu não estou provocando! Só queria mudar um pouco.

Respiro fundo, porque já sei onde isso vai dar.

— Susan, você pode enganar todo mundo, menos a mim. Eu sei que você quer atenção dela, mas essa não é a forma adequada pra isso.

Susan abaixa a cabeça, e segura forte em meu pulso, como se dissesse silenciosamente que eu não devia sair de perto.

— De uns tempos para cá, ela não tem sido mais a mesma. Não é carinhosa, nem alegre, e por mais que isso me preocupe, eu fico muito triste com isso.

— Você já considerou a hipótese de que seu pai era o amor da vida dela? Ou que um dos ex-maridos era o amor dela? Ela deve estar passando por um momento difícil, e talvez não consiga ser a mesma. É claro que ela não é a única a sofrer por isso, porque você também sofre. Mas...

Vejo uma lágrima escorrer sobre sua bochecha, e antes que eu possa fazer algo, ela mesma enxuga.

— Mas... só dê tempo ao tempo, porque se realmente for isso, logo logo ela melhora. Tia Agnes não é daquelas que se rendem facilmente, e "provocar" ela do jeito que você quer, não vai fazer ela ficar melhor, pelo contrário, isso faz com que ela fique ainda pior, por não poder dar a devida atenção que você merece. Estou errada? - Apesar das palavras um tanto... duras, falo calmamente.

Ela levanta o rosto e me encara.

— Não... - Suspira - você não está errada.

Ela me abraça, e isso me surpreende, já que ela não gosta desses grudes.

— Obrigada por falar o que eu precisava, e não o que eu queria ouvir. - Fala baixinho.

— De nada! Você sabe que pode contar comigo sempre, né? - Afago seus cabelos - Mas se quiser, eu posso falar com sua mãe.

Ela se afasta um pouco, sem quebrar o abraço.

— Sei que posso - dá uma risadinha - mas... você faria isso por mim?

— Com certeza.

— Então vai lá, por favor. - Diz e começa a me empurrar para fora do quarto.

— Ei, agora não! Não abusa, senão eu não vou! - Rio.

Ando novamente até a prateleira e coloco a mão no queixo, pensando em qual música ouvir. Como se lesse meus pensamentos, Susan puxa um cd dos Guns N' Roses e coloca para tocar Sweet Child O' Mine.

Depois de um tempo, ela me puxa e começamos a dançar como duas tontas.

Elements;; [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora