Seven!¡

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— PASSADO.

Sossêgo.

Já passou por uma situação ruim, e tudo o que você queria era sossêgo?Foi assim que eu acordei hoje, extremamente atrasada, mas sem ligar para nada.

Não sei se isso pode ser algo bom ou ruim, porquê desde que acordei sinto que o mundo poderia desmoronar ao meu lado, que eu não vou me importar. Mas não é algo que faço na intenção de ser má, pelo contrário, é um... um sentimento involuntário.

Ontem quando eu finalmente consegui dormir – com o auxílio de um calmante –, tudo o que eu sonhei foi com a repórter falando sobre os impactos ambientais. Talvez por ter sido a única coisa que dei atenção desde que meu pai foi para a sala de UTI.

Enfim, depois de finalmente ter tomado coragem para sair de casa, decidi que não iria para a escola. Eu iria ao hospital, pois provavelmente ele já havia saído da sala de cirurgia.

E foi exatamente o que ouvi da recepcionista.

— Bom dia. - Diz quando entro - Você veio saber sobre Joseph Winchester, certo?

Confirmo com a cabeça.

— Ele saiu da UTI de madrugada, e o doutor quer falar com você. Estão na sala 999, 10° andar.

— Obrigada.

Caminho até o elevador e seleciono o andar. O mesmo começa a subir e fico ouvindo a música clássica que emana do elevador, por já ter experiência com músicas assim, consigo distinguir ser Beethoven.

Assim que chego no andar, sinto minhas palmas suarem. Estou com medo do que me espera. Tenho vontade de dar meia volta e retornar à casa.

Vamos Kath. Você consegue fazer isso, você precisa fazer isso.

Certo, começo a caminhar enquanto limpo o suor de minhas mãos na calça, logo procurando a sala dele entre os corredores.

Assim que acho, dou leve batidinhas na porta e ouço uma voz calma e baixa me mandar entrar. Quando entro, meus olhos vão de encontro ao corpo frágil de meu pai. Ele está deitado, com alguns tubos que o ligam às maquinas.

Mas a única coisa que me alivia, é o bip contínuo da máquina que sinaliza os batimentos cardíacos. Ok, não foi tão ruim. Ainda.

— Bom dia, senhorita Winchester. - O mesmo doutor que eu havia falado ontem me cumprimenta - Agradeço por ter vindo nesse horário. Meu plantão irá acabar daqui a algumas horas.

— Bom dia, doutor. Eu que agradeço por estar me esperando. - Me aproximo dele - Alguma notícia sobre meu pai?

Ele franze a testa e olha para o meu pai, em seguida retorna seu olhar á mim.

— Bom, tenho uma boa e uma má notícia. Qual deseja ouvir primeiro?

Suspiro. É lógico que não iria ser tão fácil assim.

— A boa, por favor.

— Sente-se primeiro - Ele sinaliza para a cadeira que estava sentado, e acato a sua ordem. - Ótimo. A boa é que seu pai saiu com vida da sala de cirurgia.

Hmm...

— E a má? - Pergunto num fio de voz.

— A má? Bom... - Ele suspira - A má é que ele entrou em um coma, e não há previsões de tempo para a saída dele.

Abaixo a cabeça. Não, não, não, não. Isso não pode ter acontecido!

— É mentira, não é doutor? Me diga que é apenas uma brincadeira, por favor - Peço desesperada, sentindo o mundo girar ao meu redor enquanto as lágrimas formam em meus olhos.

Ele vai até a porta e chama alguém.

— Ei, preciso que você se acalme. Sei que não é fácil. Seu pai teve duas recaídas essa noite, mas ele voltou, e cremos que ele também voltará desse coma. - Ele fala enquanto coloca a mão sobre meus ombros.

— Para de me iludir! Você disse que ele vai voltar, mas quando? Até quando eu vou ter que ficar sozinha? Não quero, não... - Os soluços pré-choro fazem com que eu não consiga gritar.

Uma mulher entra na sala com uma seringa e um copo de água.

— Respire, por favor. - Ele pede.

Mas antes que eu possa deixar a primeira lágrima cair, sinto a agulha da seringa entrar em meu braço e vou amolecendo em meu lugar. Me sinto um animal raivoso recebendo tranquilizantes.

Antes de apagar, ouço o doutor repetindo continuamente para eu respirar.

[•••]

Meus olhos se abrem para uma luz branca e intensa, fazendo com que eu tenha que piscar várias vezes até me acostumar e reconhecer um quarto branco de hospital. Que ótimo.

A medida que vou me sentando na maca, as lembranças me atingem com força, mas antes que eu possa sentir algo, ouço uma enfermeira.

— Olá, bom dia. Como a senhorita se sente?

A olho e faço uma careta.

— Com fome.

Ela dá uma risadinha.

— Certo, isso significa que você já está bem. Sendo assim, já tem alta e pode ir comer alguma coisa. Quer que eu te acompanhe até a recepção?

— Não precisa, obrigada. - Falo em um tom baixo.

Ela assente e me ajuda a levantar da maca.

— Hmm... tenha um bom trabalho. - Digo sem saber o que falar.

Ela ri.

— Obrigada. Ah, aqui está sua mochila. - Ela me entrega, e eu coloco no ombro.

Ao chegar na porta do hospital, vejo um dilúvio caindo do céu. Não é possível, como a chuva ficou mais forte de ontem para hoje? Foi uma sorte ter trago a mochila de ontem com um guarda chuva.

Abro ele enquanto disco para o táxi.

Durante a ligação, vejo um par de olhos me encarando, mas não consigo distinguir quem seja. Provavelmente não conheço.

Uma mão toca meu ombro. E o senhor de ontem me fala algo, mas não consigo ouvir por causa da chuva. Espera, o mesmo senhor de ontem? O que ele ainda faz aqui?

— Não consigo te ouvir. - Digo alto para que ele entenda.

Ele franze o cenho.

— Você é Katherine Winchester? - Ele diz mais alto.

— Sim.

Ele olha para os lados, como se estivesse assustado ou preocupado, não sei diferenciar.

— Eu... Eu... - Não consigo ouvir o resto, pois avisto meu táxi.

— Eu preciso ir! - Falo - A gente se vê por aí.

Começo a caminhar até o táxi, mas consigo ver ele tentar me impedir. Desculpa.

Elements;; [HIATUS]Onde histórias criam vida. Descubra agora