— PASSADO.
Ar.
Ah, o ar.
Mesmo quando não o vemos, sabemos que ele está lá e que ele é extremamente importante para todos os seres vivos. Experimente viver sem ele, e morra tentando.
É por isso que é essencial para a vida.
E foi a falta dele que me acordou quinze minutos mais cedo do despertador tocar. Me sento no sofá assustada e logo sinto uma dor aguda em minha coluna, resultado de ter dormido no sofá. É estranho essa perda de ar, já que eu não tive nenhum sonhos daqueles em que você está caindo. Parecia que alguém estava me enforcando, ou que alguém estava controlando minha respiração mas... isso é impossível.
Me levanto e saio a procura de um remédio que alivie a dor em minha coluna. Pensando bem, graças a essa força sobrenatural ou o meu cérebro mesmo dando um jeito de me acordar, eu tenho que agradecer muito, porque hoje foi o único dia que eu acordei mais cedo, e não mais tarde.
Depois de tomar meu remédio, separo novamente duas cápsulas e deixo em cima do balcão da cozinha, junto de um bilhete, escrito que assim que meu pai acordar ele deve tomar os dois remédios e ficar em repouso.
Vou para o meu quarto em total silêncio para não acorda-lo, e pego o uniforme — careta — da escola. Minuto depois, já me encontro pronta para ir à escola.
Antes de sair, olho para a cozinha pensando se devo comer algo ou não, mas desisto da ideia, pois sempre que como de manhã, eu passo mal o resto do dia.
Ponho os fones enquanto vou andando até o ponto de ônibus, que estranhamente está vazio. Dou de ombros e sinalizo para o motorista, já dentro do ônibus me sinto mais aliviada por encontrar algumas pessoas. Durante o caminho, tenho a sensação de que alguém está me observando, quase como um deja'vu, mas não consigo me lembrar de onde vem o tal deja'vu.
Olho ao meu redor, mas não encontro ninguém que esteja particularmente interessado em minha presença. Ok, esse dia está estranho.
Quando chego na escola, avisto Helena no portão. Vou até ela, e deixo todas as minhas desconfianças de lado.
— Bom dia, Lena - A cumprimento.
— Nossa! O que aconteceu para você ter chegado mais cedo hoje? - Ela diz sarcástica.
— Lena, eu não tenho culpa se você não dorme!
Ela ri e começamos a falar sobre outros assuntos enquanto andamos até nossa sala. Helena é divertida, mas ela é bem quieta, ás vezes damos sorte e vemos ela bem extrovertida. As vezes.
Enquanto esperamos os outros chegarem, acompanhamos a professora de história se sentar na cadeira e olhar para cada um que estava na sala, então seu olhar para em mim e ela nega com a cabeça, desviando o olhar.
— Ok, isso foi estranho. — Lena afirma.
Quando eu ia concordar com ela, avistamos Andrew e Susan vindo em nossa direção enquanto conversam.
— Fala sério Andrew! Você não consegue mesmo hackear o perfil do meu "novo padrasto"? - Ela faz beicinho.
— Claro que consigo! Só que eu preciso de coisas relevantes pra isso né?! - Ele revira os olhos - Só saber o nome dele não dá. Além do mais que eu iria demorar um dia, mais ou menos.
— Ok! Vou ver se consigo arrumar alguma coisa para você. - Ela olha pra mim - Hey, Kath! Hey, Lena!
Sorrio.
— Tá de bom humor hoje? Algo muito bom deve ter acontecido. - Diz a naja da Helena.
— Lena, hoje você tá venenosa hein. - Digo e eles riem.
— Bom dia Andrew. - Diz James, bem posicionado atrás de Andrew, fazendo com que o mesmo se assuste.
— James! Eu juro que vou te matar, cara! - Diz irritado, mas sei que logo passa.
— Você me matar? Só por aqueles seus joguinhos on-line, porque pessoalmente eu tenho minhas dúvidas.
Nós rimos, e percebo como amo todos. Cada um tem algo que sozinhos talvez não consigamos realizar muitas coisas, mas juntos, sinto que podemos passar por todas e quaisquer situações.
E eu amo isso, porque sei que essa sensação é recíproca.
[•••]
Ao término da terceira aula – que parecia nunca ter fim – fomos para o refeitório, e após pegarmos nossa comida, nos sentamos na nossa mesa de sempre, como de costume.
Em um momento, Helena fez uma piada que James riu tanto que juro, deu para ver comida saindo pelo nariz dele – o que nos rendeu mais uma rodada de risadas.
Enquanto conversamos, posso ver Hillary entrando pela porta do refeitório e sério, não parecia que ela estava em uma simples escola, já que estava vestida praticamente para uma passarela.
E claro, a grande maioria dos meninos ficou babando nela, já que de certa forma ela é bonita, popular e rica.
Reviro os olhos mentalmente e fisicamente.
— Vocês ficaram sabendo? - Andrew fala.
— Sabendo o quê? - Susan interroga.
— Ela vai dar uma festa no fim de semana, e convidou a escola toda, sem exceções. - Diz e meu queixo cai.
Só pode estar de brincadeira.
— É sério isso? - James pergunta e ele assente - Sem exceções?
— É sério, eu juro!
Susan o olha desconfiada.
— E como você está sabendo disso?— Eu sou atualizado, não tenho culpa se vocês não são. - Diz e rimos.
— Menino intelectual esse - Helena debocha.
— Ah então pra ficar "fuçando" a vida dos outros você presta né? - Pergunta Susan - Mas para fazer um favorzinho pra mim, nããão, não posso.
Rimos, porque Susan realmente só fica manhosa assim quando quer algo.
— Mas enfim, vocês vão para a festa da Hillary? - Helena pergunta.
— Ah... não sei, porquê a gente tinha combinado de ir na casa do James no final de semana. - Comento com o semblante triste.
— Verdade... - Susan concorda - Se bem que eu não tô nem aí pra essa festa.
Nós rimos.
— Se vocês quiserem ir, podemos remarcar na minha casa, o que acham? - James propõe.
— Sério seu vamos deixar de fazer uma reunião em grupo para ir em uma festa? A que ponto chegamos? - Andrew rebate, mas ri em seguida, o que me faz perceber que não é tão sério assim.
— Bom, segundo meus cálculos, chegamos ao fundo do poço - Helena diz e nós concordamos.
— Um minuto de silêncio para essa filosofia.
Ok, o dia não está tão ruim quanto eu achei que fosse.
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Elements;; [HIATUS]
Mystery / ThrillerÉ possível sentir que algo terrível está por vir? E que não importa o que você faça, isso vai acontecer? Odeio me sentir impotente, e isso vem me atormentando a dias. Não quero pensar muito nisso, pois se eu pensar vou entrar em uma teia de aranha...