Falência

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O que seria a você morrer?! Deixar esse mundo seria: uma dádiva, ou a maior de todas as maldições?! O que você faria para viver?! Trocaria tudo por uma nova vida, ou aceitaria como um plano divino o descanso eterno em uma mente de repouso moribundo se desfazendo conforme o tempo passe para entrar no esquecimento das eras?!

     Como é de se esperar da vida, muitas coisas são inexplicáveis. Existe doenças que se curam apenas com a evolução dos anticorpos dentro do seu corpo, como existe doenças que também evoluem para subjugar seus órgãos. Chamamos de milagres ou maldições, sendo que pela ciência poderia se dizer que é uma formula incompreendida de evolução, porém há casos que nem mesmo a ciência pode explicar. Este é um deles.

     As nuvens estavam mais que brancas da última vez que Vladour avistou-as, como o céu azul estava perturbadoramente claro, em um brilho inexplicável que ardia os olhos. Um pouco desfocados, limpou-os pensando que melhoraria, mas não. Uma dor leve se instalou no canto do seu cérebro. A flecha que atravessara seu peito ainda estava fincada no tórax do lado direito, surpreendentemente sem haver nenhum tipo de dor. Nem mesmo o tato de algo estar lhe tocando a pele estava sendo sentido.

     Bufou momentos antes de colocar a mão na madeira. Sem entender o caso, decidiu ter pequenas conquistas e sua primeira seria retirar a flecha e levantar para ver o que houve. Entretanto ao tocar com sua mão esquerda a madeira do corpo da flecha, o material mudou, se transformou em músculo, veias e pele, fazendo parte de seu corpo, tentou solta-la com o susto, mas imediatamente a flecha foi absolvida pelo seu corpo. Por fim, veio o desconforto, estava todo torto deitado em meios a restos de madeira e terra remexida, tudo de alguma forma tinha sido queimado. Cheiro de madeira queimada e vapor negro pairavam pelo ar incomodando o nariz, também sendo sentido de forma mais forte. Era como se seus sentidos estivessem mais aguçados, era perturbador.

     Os restos de sua carroça ainda queimava.

     Foi difícil, mas pode se levantar. Sentiu o pesar da perda, não de ente queridos, porém a perda de algum objeto material que portava, perdeu sua mercadoria, perdeu seu dinheiro e estava sem como voltar a Veneza. Abaixou a cabeça após sair de perto de toda a destruição que marcou a falência de sua vida.

     O que faria a partir desse momento?!

A Vida de Vladour Lichtre - O ImortalOnde histórias criam vida. Descubra agora