Capítulo 6 - Lembranças

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(POV SHAWN)

No caminho de volta pra casa fui andando pela praia pensando ainda em como Camila havia me prendido tanto em pensamentos. Ela tinha algo de diferente e eu queria saber o que era. Durante minha caminhada fui surpreendido por meu amigo, Marcus.

─ E ai amigão! Como foi? Deu certo? O velho "caiu"? ─ ele falou em tom de deboche seguido de um riso com os outros que ali estavam.

─ Ah..sim, caiu... ─ respondi absorto e pude sentir um olhar reprovador de Marcus sob mim.

─ Deu certo mesmo parceiro? Tô te sentindo um pouco estranho? ─ ele falou se aproximando e colocando a mão em meu ombro.

─  Qual foi irmão! Você acha que eu não dou conta do recado? ─ falei e dessa vez tentando soar mais confiante, o que deu certo pois ele acreditou.

─ Ah que ótimo! Aquele velho vai logo ser culpado pelo incêndio e ninguém vai lembrar mais do que aconteceu ─ falou vitorioso.

Fiquei observando a cena e pensando que eu ainda fazia parte daquilo mas, eu não queria. Meu devaneio se foi quando senti um peso em minhas costas: Blaze.

─ Shawnie! Que saudade! ─ disse ela com os braços em volta de meu pescoço.

─ Blaze...oi ─ falei soltando-a de mim sem esforço.

─ Que foi amor? Tá todo quietinho...quer que eu te faça um carinho? ─ Blaze indagou se insinuando para mim e logo a afastei novamente.

─ Não Blaze. Agora não, por favor ─ falei e me retirei do local indo para casa.

(POV CAMILA)

Naquela manhã eu acordei mas, não havia dormido o suficiente a noite. Fiquei pensando sobre o que o Mendes havia vindo falar com meu pai e preocupada visto que meu pai não queria que eu e Sofi soubéssemos. Acordei e ainda devia ser por volta de 7h da manhã. Tratei de preparar todo o café da manhã e, após tomar minha refeição, fui caminhar na praia. Levei uma cadeira qual havia encontrado em um armário da casa e me sentei próximo ao ninho das tartarugas e ali fiquei, observando o mar e vendo o nascer do sol.

─ Bom dia ─ ouvi alguém falar e olhei em volta. Era o tal Mendes. Começava a desconfiar que ele me seguia e fiquei atenta.

─ Bom dia. O que você faz aqui? ─ falei logo de cara pois já não estava gostando da presença desse rapaz.

─ Ah, dormiu bem também? ─ ele respondeu debochando de meu tom.

─ Hmm...sim, dormi ─ respondi mas continuava atenta ─ O que você quer com meu pai? ─ tratei logo de perguntar a ele, já que ele era a fonte da informação.

Enquanto me observava ele se sentou na areia, não tão próximo a mim, mas o suficiente para ficarmos frente a frente. Ele tinha algo em seu olhar que eu não conseguia decifrar. Sua observação sob mim era penetrante. Podia sentir minhas bochechas corarem todo o tempo em que ele ficava me olhando. E ele parecia se divertir com isso.

─ Você é bastante curiosa Srta. Cabello ─ ele falou e franzi a testa ─ Estou aqui porque quero conhecê-la melhor ─ ele completou e sorriu.

─ Me conhecer? Como assim? Você não tem nada pra conhecer. E eu perguntei primeiro. Me responda! ─ falei impaciente para o rapaz.

Ele se aproximou de mim ficando perto o suficiente para sentirmos a respiração de ambos tocar os rostos entretanto, seu movimento seguinte foi totalmente inesperado. Mendes segurou minhas mãos carinhosamente, olhando-as.

─ Você tem mãos tão delicadas... ─ disse ele.

─ E você é especialista em mãos, por acaso? ─ indaguei e pude ouvir ele arfar um sorriso e me olhar.

─ Quantas defesas Camila! Algo muito ruim deve lhe ter acontecido ─ me olhou ─ Sabia que...aqui em Tybee Island, as pessoas não costumam ser muito calorosas em recepções? Não deve ter sido muito notada fora por mim e... ─ interrompi o rapaz.

─ Eu não me recordo de ter lhe solicitado nenhuma atenção Mendes ─ retruquei a ele libertando minhas mãos de seu toque.

Shawn se levantou ainda me encarando e sorrindo. Saiu sem dar mais palavras. Fiquei encarando-o ir embora e levando consigo a resposta para a minha pergunta. Passado mais um tempo da manhã, voltei para casa e papai e Sofi já haviam feito as refeições matinais. Me juntei a eles no cômodo.

─ Bom dia filha. Acordou cedo ─ disse papai.

─ Ah sim...acho que não estava com tanto sono esta noite ─ respondi e sorri para meu pai.

─ Mas está tudo bem? ─ indagou ele.

─ Sim, tudo certo ─ respondi sorrindo novamente.

─ Queria te mostrar uma coisa. Você quer ver? ─ indagou ele.

─ Claro! ─ falei e fui junto de meu pai.

Ele foi caminhando na frente com a ajuda de sua fiel companheira, a bengala e, eu não sabia o que havia ocorrido para papai estar de bengala. Não me recordava dele em tal estado da última vez que nos vimos, mesmo sendo há anos atrás. Mas continuei a segui-lo para a tal coisa que ele queria mostrar. Chegamos numa parte da casa que ficava como numa dispensa da parte externa, porém estava mais para uma sala muito desorganizada, isso sim. Papai foi caminhando em direção um objeto que estava inteiramente coberto por uma lona e puxou com dificuldade o tecido, então fui ajudá-lo.

Quando retiramos o tecido me deparei com um imenso instrumento o qual eu me familiarizei de cara. O piano que eu tocava junto com papai quando mais nova. Ele me ensinou as primeiras notas naquele instrumento. Meu coração pulsava tantas emoções, tantos sentimentos, eu não sabia como reagir. Parar de compor não foi uma decisão muito certa em minha vida e voltar também não seria. Eu estava totalmente perdida.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐒𝐎𝐍𝐆 • 𝚁𝙴𝚅𝙸𝚂𝙸𝚃𝙴𝙳Onde histórias criam vida. Descubra agora