Aquele havia sido um episódio e tanto desde minha chegada em Tybee Island. Ironicamente eu não conseguia imaginar o motivo pelo qual Mendes tinha sido um crápula comigo apenas porque pedi para cuidar de seus ferimentos. Os dias apenas passavam. O verão chegava ao fim e papai e Sofi já personificavam a tristeza por saberem que eu voltaria para a capital.
─ Filha... ─ chamou o homem.
─ Oi papai.
─ Eu queria falar com você ─ ele disse e me coloquei de pé indo até o cômodo da casa em que ele estava, a cozinha.
─ Se for algo ruim, por favor papai, não me diga ─ pedi encarecidamente.
─ Na verdade, é algo que guardei por um tempo e acho que devo lhe contar ─ ele falou.
Eu olhava atenta para meu pai.
─ Se quiser se sentar... ─ ele gesticulou para o banco e me sentei para ouvir o que ele tinha para dizer.
Ele me contou com detalhes tudo sobre o acidente ocorrido na igreja. Meus olhos lutavam com as lágrimas que teimavam em surgir, não por ele ter demorado a me contar mas, do modo como ele explicou a situação toda.
─ Tenho medo por você nunca mais querer falar comigo minha filha. Mas eu achei que iria te proteger de qualquer perigo se não contasse ─ ele falou e eu já podia sentir sua voz ficando embargada.
Minha cabeça tentava de toda forma processar aquelas informações e também entender o motivo pelas pessoas culparem-no por algo que ele não fez.
─ Papai, você tem mesmo algo a ver com o acidente? Não pode aceitar a culpa se você sabe que é inocente! ─ exclamei.
─ É uma cidade inteira contra mim minha filha.
─ Mas não está certo! Quem começou a dizer isso? Você deve tirar satisfação! Essa pode até ser a pessoa que realmente fez!
─ Eu não quero arrumar confusões por aqui filha. Eu decidi lhe contar pois não queria que ficasse chateada comigo se soubesse de outra maneira.
Nessa hora, me peguei pensando que eu havia ido atrás de informações sobre esse acidente. E se eu tivesse descoberto por outra pessoa que não fosse meu pai? Eu poderia ter ficado cega e o culpado também.
─ Me desculpa... ─ comecei a confessar ─ Eu soube de alguns boatos sofre esse acidente quando cheguei aqui. Eu estava indo atrás de informações na verdade ─ falei cabisbaixa.
Vi por reflexo que meu pai se aproximou de mim e senti seu carinho em meus cabelos.
─ Eu sabia que mais cedo ou mais tarde você iria saber filha. Decidi contar porque não queria mesmo que você ficasse chateada com seu pai.
─ Ah papai, eu não estou chateada ─ me levantei e o abracei.
Ficamos em meio aquele momento por uns minutos. Mais tarde, estava no meu quarto e meu celular tocou.
(início da chamada)
─ Oi mãe
Sinuhe: Oi filhinha! Como você está? Deve estar muito bem pelo seu tom de voz
─ Sim! Estou bem.
E você? E o trabalho?Sinuhe: Ah estou bem também meu amor. Nossa, é cansativo como de costume, mas Chicago é maravilhosa, então compensa (risos)
─ Eu imagino.
Sinuhe: Está ansiosa para voltar pra casa?
─ Sim, mas...me apeguei com Tybee Island.
Sinuhe: Que ótimo ouvir isso filha!
─ E engraçado também.
Sinuhe: Se quiser ficar...
─ Se não a conhecesse, diria que está
me expulsandoSinuhe: Karla Camila, como ousa?
─ Tudo bem mãe, era brincadeira!
Sinuhe: Engraçadinha. Eu chego em casa na próxima semana, só vou confirmar o dia aqui.
─ Tudo bem. Me ligue quando souber.
Sinuhe: Tá bem minha linda. Beijo.
─ Beijo mãe. Tchau.
Sinuhe: Tchau linda.
(fim da chamada)
Ao desligar a chamada de minha mãe, me dirigi ao banheiro, tomei um banho e me arrumei para ir à praia e iria com Sofi.

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𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐒𝐎𝐍𝐆 • 𝚁𝙴𝚅𝙸𝚂𝙸𝚃𝙴𝙳
Fanfiction"Quando me aproximei pude ouvir um som vindo pelos fundos e sabia quem estava tocando. Furtivamente me aproximei de onde saía o som e então a vi. Ela tocava tão tranquilamente, concentrada em cada nota suave do instrumento." [L] Livre para todos os...