Capítulo 3 - A casa na praia

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Quando percebi os primeiros tons do dia amanhecendo já fui me levantando. Cuidei de fazer toda minha rotina matinal incluindo o café da manhã junto com minha mãe. Depois de arrumarmos tudo fomos de carro até a cidade de Tybee Island ─ cidade litorânea onde morava meu pai ─ Os primeiros sinais do litoral eram avistados quando, no cenário, apareciam grandes coqueiros e a estrada de asfalto ganhava menor destaque dentro das grandes áreas tomadas pela areia e o mar. Íamos chegando na casa de meu pai quando minha mãe passou por um portão e avistei a enorme casa.

Meu pai morava numa casa consideravelmente grande por fora pois por dentro, devido o pouco senso de decoração de espaços, parecia bem pequena. Quando estacionamos, saí do carro indo até o porta-malas pegar minhas malas e então senti um abraço apertado pelas costas.

─ KAKI!!!!!!!! ─ disse Sofi entusiasmada enquanto me abraçava. Me virei para poder retribuir o carinho de minha irmã mais nova.

─ Como você cresceu Sofi! ─ falei para a pequena.

─ Óbvio que cresci. Você não me vê desde meus 5 anos! ─ falou ela toda pomposa.

Eu ri alto.

─ Continua pequena por dentro ─ falei fazendo-lhe uma careta engraçada.

Sofi mostrou sua língua e cruzou os braços. Mamãe foi em direção a pequena e logo se cumprimentaram alegremente. Voltei a me concentrar em tirar as malas do bagageiro quando ouvimos passos vindo da casa. Ao olhar pude ver meu pai. Ele andava com apoio de uma bengala e por isso, vinha devagar até nós. Meus olhos se encheram de lágrimas por vê-lo novamente.

Faziam 17 anos ─ eu tinha 22 agora ─ que eu não via meu pai desde que fui embora com mamãe para morar na cidade. Soltei a mala que segurava e fui até ele. Nos olhamos por alguns segundos e logo após nos encontramos em um abraço. Deixei as lágrimas escorrer por meu rosto.

─ Não precisa chorar meu sorriso ─ falou papai acariciando meus cabelos.

─ Não estou ─ falei com a voz embargada e ouvi papai sorrir.

─ Senti sua falta ─ por fim ele disse e voltamos a nos olhar ─ Trouxe as composições? ─ ele perguntou entusiasmado.

─ Sobre isso...eu parei de compor papai ─ falei com tristeza.

Pude sentir o olhar desalegre de meu papai sob mim e esperei seu julgamento por eu ter parado de compor mas, a reação dele foi bem de longe essa.

─ Não tem problema filha. Eu imaginei que isso fosse acontecer. Talvez esse tempo que passaremos juntos faça desabrochar novos versos ─ ele falou sorridente e eu retribui.

Depois de todo um momento de boas vindas e uma calorosa recepção, nos juntamos em um grande almoço em família. Nunca conversamos tanto como naquele almoço. Foi reconfortante ver e estar meus pais e Sofi novamente. Mamãe voltou para a cidade logo após a refeição e papai me acomodou em um dos grandes quartos da casa. Porém me surpreendi com o cômodo entregue.

─ Esse é seu ─ ele falou abrindo a porta do cômodo e meus olhos não acreditavam no que viam.

─ Papai!...Mas...como? ─ eu estava surpresa.

O cômodo se tratava do meu quarto que dormia quando criança. Meu pai não havia mudado praticamente nada a não ser ter trocado os móveis infantis por móveis mais modernos. Fui entrando com as malas e me sentei na cama ainda tentando absorver aquela felicidade. Papai me ajudou deixando outra mala, a mais leve, num canto do quarto e veio se sentar ao meu lado.

─ Você gostou? ─ ele indagou.

─ Eu amei! ─ consegui responder ─ Obrigada!

Ele sorriu e me deu um beijo na testa. Me deixou a vontade para me acomodar na casa e então fui desfazendo as malas e decidi que como ainda era cedo e na praia parecia que o céu demorava mais para escurecer, tomei um banho e me vesti com uma das roupas mais leves para ir à praia. Escolhi uma blusa branca ombro a ombro e um shorts de linho fino na cor creme. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo deixando alguns fios da minha franja soltos e nos pés, coloquei um chinelo. Avisei meu pai e Sofi que iria até à praia dar uma volta e logo voltaria.

A praia estava cheia. Pessoas de todo tipo, se assim podia-se dizer. Meninas só de biquínis, rapazes de bermuda e sem camisa jogando vôlei na areia e também haviam barracas e luzes. Era uma versão do parque de Santa Mônica na praia de Tybee Island. Eu até gostava. Fui até uma barraca de milkshakes e comprei um de morango. Continuei em minha caminhada até chegar em um ponto afastado da praia e que não me pareceu muito seguro.

𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐒𝐎𝐍𝐆 • 𝚁𝙴𝚅𝙸𝚂𝙸𝚃𝙴𝙳Onde histórias criam vida. Descubra agora