Capítulo 4

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Depois daquele dia, a porta da sala dele, ficava aberta quase o tempo todo, acho que ele queria me testar, lógico que passava dura por ali, sem ao menos respirar. E como Mia havia dito, ele realmente não me deu nenhuma bronca, mas também mal olhava para mim.

Fingia que não me importava, mas me importava sim, pois ele falava com Mia, com José, apesar de que sempre era para chamar a atenção dele, e comigo nenhum bom dia. Acabei deduzindo que não gostava de mim, talvez me suportasse apenas por Mia, ou porque fazia meu serviço bem e ele tinha que engolir isso.

- Boa tarde.- falo para Mia, assim que entro na Floricultura, ela está conversando com um rapaz, olha para mim e sorri.

- Boa tarde, Ana, esse é Elliot, ele vai trabalhar no lugar de José.

- Ah.- falo acenado com a cabeça.- prazer Ana.- sorrio educada.

- Prazer.- ele responde educado também.

- Vou me trocar.- falo indo para o fundo da loja, apesar de sentir pena de José, me sinto aliviada, não gostava do modo que falava, do modo que agia e suas palavras pareciam sempre com intuito de me envolver em fofoca.

Passo pela sala e Sr Grey está saindo, apenas me olha e passa por mim, detesto que me ignorem, mas ele é meu chefe, dependo desse serviço, não tenho o que fazer, a não ser me conformar. Vou para o banheiro e me troco, me preparando para mais um dia de trabalho.

- Obrigada, volte sempre.- falo entregando o cartão e o arranjo para uma simpática senhora, que está comprando um arranjo lindo para a netinha que completa quinze anos, meu celular vibra em cima do balcão, vejo que é minha tia, penso que deve ser algo muito importante.

- Vou voltar sim, minha filha, amei sua simpatia.- a senhora fala e sai sorridente da loja. O meu celular vibra de novo, fico preocupada, o pego e vou para o estoque.

- Tia.- atendo.- fale rápido... o que ? – as palavras dela queimam meu ouvido, me encosto a parede, não acredito no que estou ouvindo, lágrimas descem dos meus olhos, não consigo me segurar.- Tia, você tem certeza?- falo com dificuldade, escuto passos, mas não consigo me mover, apenas olho para o nada, sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Vejo Sr Grey parar a minha frente, seu olhar a principio é indiferente, mas depois de preocupado.- ok Tia, estou indo.- desligo o celular.

- Aconteceu algo?- pergunta, e pela primeira vez na vida, sinto um pouco de calor ali.

- Minha mãe...- não sei nem como falar, como explicar, estou tão nervosa.- preciso ir embora, por favor...

- Mia!- grita, indo pelo corredor e entrando na sala dele, Mia sai da sala dela e me encara.

- O que houve?- chega até mim e acaricia meu rosto.

- Vou leva-la em casa, tome conta de tudo.- Sr Grey vem pelo corredor com as chaves do carro na mão.

- Ok.- ela fala, olhando de mim para Sr Grey confusa.

- Não, vou até o hospital...

- Tudo bem, vamos.- diz e sai na minha frente, caminho atrás dele, minhas pernas tremem, meu coração quase sai pela boca. Abre a porta do carro, entro e sento, ele dá a volta e assume o volante, fecho os olhos, as lágrimas rolam pela minha face, não consigo segura-las. - qual hospital?

- Centro de Neurologia de Seattle.- respondo, olhando para ele, que desvia o olhar para mim, me olha por um instante e volta a olhar para o transito, abaixo a cabeça, olho para minhas mãos, as torço em meu colo, tudo o que vivi nos últimos cinco meses, vem em minha mente, parece que estou vendo um filme, os tiros, o choro de minha Tia, abro meus olhos e sinto que preciso falar,- meu pai faleceu quando eu era bebê, minha mãe me criou sozinha, mas algum tempo atrás, conheceu um homem, o trouxe para dentro de casa, no começo ele era até legal, mas aí começou a jogar, chegar bêbado em casa, minha mãe ficou temerosa por mim, resolveu o mandar embora, mas ele relutou, por fim, acabou indo. Pensamos que estávamos livre, mas um dia, minha mãe estava saindo do trabalho.- fecho os olhos, a cena vem com tanta força em minha mente, aperto minhas mãos forte, até ficarem vermelhas.- ele apareceu, querendo voltar, ameaçando minha mãe, a mim, que estava junto com ela, ela negou, disse que não queria mais, então ele... Atirou nela.- nesse momento, não aguento mais, fecho meus olhos, coloco as mãos em meu rosto e choro, choro como no dia que ela foi atingida. Sinto o carro parando, tiro as mãos do rosto e olho para ele, segura o volante firme, olhando para frente, parece hipnotizado. Solta o volante e estende a mão para mim, pegando uma das minhas mãos.

50 Tons- ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora