- Então você volta para a Faculdade daqui quinze dias?- Mia me pergunta assim que acabo de atender mais um cliente.
- Sim, e mais seis meses, estou formada.
- Que bom, administração?- faço que sim, sempre gostei de números e de fazer as coisas darem certos.- fiz de contabilidade e Christian de Biologia.- sorrio em pensar que não podia ser outra.
- É bem a praia dele.
- Sim, ele sempre foi louco por plantas desde pequeno.
- A estufa dele, comprova isso.
- Você não viu orquidário que ele possui, no andar de cima da nossa casa.
- Sério?
- Sim, é lindo, ele trata cada orquídea como uma filha.
- Onde arranja tempo?
- Christian tem problemas para dormir, às vezes só pega no sono depois das quatro da manhã. Por isso, que abrimos a loja ao meio dia.- aceno com a cabeça que entendi, enquanto arrumo as coisas no balcão.- ele elogiou sua arrumação.- me diz. Sorrindo, olha para a porta da loja, onde Elliot cruza, vejo algo no olhar dela que me faz sorrir, será?
Ele passa por nós, sorrindo, nos cumprimentando e entra para o estoque.
- Ele é bonito.- falo e ela me encara vermelha.
- Sim, mas tenho que me manter longe.- balança a cabeça, acho que já aconteceu algo e não percebi.- Christian nunca gostou dos negócios de meu pai, ele possui uma construtora, é engenheiro, que hoje é administrada por uma pessoa da confiança de meu pai, e Christian sempre quis trabalhar com flores, plantas, quando tudo aconteceu, ficou tão perdido, tão depressivo, que meu pai montou essa Floricultura para ele e eu vim junto, aqui fizemos nossa vida.- fala baixo, talvez para que ele não ouça.- podíamos ficar em casa, dando de ricos e desocupados, sendo sustentados pelo meu pai, pois as ações que temos da empresa, nos rende um bom dinheiro, mas não é isso que queremos, Christian quer trabalhar, precisa, e eu o acompanho.- fala a ultima frase, com a voz emocionada, admiro esse amor entre eles, é algo tão forte.
- Te admiro por isso.- falo com sinceridade, gostaria de ter irmãos, mas infelizmente.- falo dando de ombros.
Vemos Elliot sair do estoque com dois arranjos para entrega e atrás dele, Sr Grey, que nos olha com frieza. Pode parecer estranho, mas aprendi a conviver com esse olhar.
Ele se aproxima de nós.
-Preciso falar com vocês.- fala, mas olhando sempre para Mia.- você vai ter que ir até Portland, estou com problemas com aquele fornecedor, acho que você resolve isso em um dia ou dois.
- Tudo bem.- Mia fala e olha para mim, talvez se perguntando onde entro nessa estória.
- Srta Steele, preciso que entre ao meio dia, enquanto Mia estiver fora, pode ser? Pagarei um adicional por esses dias.- Agora olha para mim, mas de maneira distante. Faço que sim com a cabeça.- Então, Mia, vamos resolver os detalhes da sua viagem.- fala e entra no estoque, Mia vai atrás dele.
Um cliente entra na loja, vou atende-lo.
Passado um tempo, Mia volta para a frente da loja.
- Ana, se você quiser, pode ir jantar, o movimento está fraco, mesmo.
- Ok.- falo e resolvo apenas tomar um café, já que não estou mais saindo tão cedo de casa, para vender meus bolos, acabo por almoçar em casa e não tenho muita fome a tarde. Mas apesar de não sair para vender, continuo ajudando minha Tia a fazer, já que ela vende para a vizinhança que adora os bolos e os chocolates dela. Pego minha carteira e celular e saio, em direção ao Café que fica na esquina.
Entro no café, me dirijo ao caixa, penso em fazer o pedido e tomar em uma mesinha, do lado de fora, já que a tarde, está um pouco quente, coisa rara de acontecer em Seattle.
Enquanto estou na fila, escuto mulheres conversando atrás de mim, alguns risos também.
Faço meu pedido e a atendente faz meu café, me entrega a bandeja com o café e um muffin, viro-me para sair da fila e dou de cara com o olhar gelado e de desprezo de Lorrayne, que parece estar acompanhada de uma outra mulher, que como ela, muito sofisticada. Abaixo a cabeça e ando rápido, essa mulher não me faz bem. Passo por ela, e tudo acontece rápido, um atendente vem em minha direção, tento me desviar dele, e perco o equilíbrio, derrubando a bandeja, bem aos pés da Sra Geleira, que dá um salto para trás, mas não o suficiente para seus sapatos escaparem.
- Sua incompetente! – Grita para mim.
- Desculpe, não foi por querer...- começo a me desculpar, mas ela me interrompe aos berros.
- Claro que não foi por querer, pessoas desastradas como você, não fazem nada por querer, sempre dão uma desculpa para a sua incompetência, também, o que se esperar de uma simples vendedora de bolos?- abro a boca de espanto, meus olhos piscam, tenho vontade de esbravejar contra essa mulher, mas minha voz some e minha garganta trava com o nó que se forma nela, ando o mais rápido que posso, sem olhar para os lados, para trás, quero ficar longe de tudo isso, entro na Floricultura e corro para o fundo, Mia vem atrás de mim.
- Ana.- me chama, mas não olho para ela, entro na sala, querendo ficar ali o resto da vida.- o que houve?- ela me vira, segurando meus pulsos, não consigo mais segurar as lágrimas, me sinto ofendida e ferida.
- Aquela mulher horrível.- falo e ela me encara curiosa.- Lorrayne, um atendente esbarrou em mim, não tive culpa, minha bandeja caiu no pé dela, ela me humilhou, me chamou de incompetente e desastrada na frente do Café inteiro, eu pedi desculpas, não merecia isso, Mia.- agora as lágrimas rolam livres pelo meu rosto, pelo canto dos olhos vejo Christian passar por nós. Mia me solta e corre atrás dele, vou atrás.
- Onde você vai?- Mia pergunta ao vê-lo se dirigir para a porta.
- Vou ensinar alguém a respeitar as pessoas.
- Por favor, Sr Grey.- falo, mas ele parece não me ouvir, nem a Mia.
- Deixe-o.- Mia fala.- Lorrayne tem que tomar um esfregão para descer um pouco daquele pedestal.
- Pensei que fossem amigas.
- Amigas? Piada, apenas a suporto por motivos profissionais, para o bem da boa vizinhança.
- Ah.- faço secando minhas lágrimas, agora estou preocupada com o Sr Grey.
- Vá lavar esse rosto e fazer o resto do seu horário.- fala e a obedeço.
Depois de um tempo volto para frente da Loja, passo pela sala do Sr Grey, ela está fechada, vou para o balcão e Mia sorri ao me ver.
- Melhor?- faço que sim.
- Sr Grey?
- Está na sala dele, falou que disse umas poucas e boas para ela, e a descarada ainda teve a coragem de falar que você respondeu para ela.
- Que mentirosa.
- Foi disso que ele a chamou. Mas melhor você esquecer tudo isso, e evitar contato com essa mulher, eu mesmo, não quero mais saber nem de boa vizinhança.
Não respondo nada, acho chata essa situação, apesar de ela ser horrível, não gostaria de criar um clima desse, me sinto mal com isso.
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50 Tons- Forever
Roman d'amourEla, uma moça simples, sem recursos, nada sofisticada, mas com um coração de ouro. Ele, rico, poderoso, tinha tudo, menos a felicidade de um amor. Dois destinos que se cruzam, duas vidas que se completam. Ela, apesar de não procurar por riqueza mate...