Capítulo 18

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A vida recomeça todos os dias...

  Como dói abrir os olhos. Na verdade tudo dói. O maldito gesso pesa. Com  cuidado  consigo sentar na cama. Meu estômago ronca alto, minha boca está seca, minha cabeça pulsando forte. Cara, estou destruída.

  A porta do quarto é aberta e uma mulher entra com uma bandeja. Ela é ruiva em corte channel, magra e no máximo 28 anos. Sou boa  observadora.

- A senhora finalmente acordou. Chegamos a pensar que estava morta - ela diz.

- Como assim?

-  A senhora ficou dormindo por três dias diretos. Não acordava por nada. Mas sempre xingando seu marido quando ele tentava te acordar.

  Ela põe a bandeja na cama. Um pedaço de bolo e um suco de laranja. Isso não será suficiente para alimentar o monstro na minha barriga.

- Seu marido me pediu para ver se a senhora estaria acordada e mandou uma bandeja de café da manhã.

  Bebo o suco primeiro e depois devoro o bolo. Ainda com fome.

- A senhora...

- Me chame de Kristana ou você. Me sinto uma velha com você me chamando assim - falo - Pode chamar Ivan até aqui?

- Claro. Avisarei agora mesmo.

  Ela pega a bandeja e sai do quarto. Ponho as pernas para fora da cama e respiro fundo pelas pontadas nas costelas.

  Levanto e vou até o espelho na parede. Meu Deus! Meu belo rostinho está acabado. Os roxos ao redor dos olhos ainda são fortes, meu lábio cortado,  pequenos cortes pelo meu rosto. Alguns hematomas pelo corpo. Luna acabou comigo.

- Você está um lixo - Ivan diz quando entra no quarto.

- Obrigada.

- Sério mesmo. Você está...

- Se você disser que estou feia eu acabo com você - aviso.

  Ele levanta as mãos para cima.

- Preciso de ajuda no banho.

- Posso fazer isso - ele fala.

  Ivan segura meu braço e me ajuda a ir até o banheiro. Ele põe a banheira para encher e tira minha camisola e calcinha.

Ele me ajuda a entrar na banheira quando ela já está cheia. Ivan joga uns sais de lavanda.

- Quem é a moça?

- Uma ajudante para Luz - ele diz.

- Se eu souber que você está de casinho com ela...

- Não começa Kristana.

- Conheço o homem que tenho em casa. E só ver uma boceta que já quer enfiar o pau - falo.

- Se for continuar com isso pode se cuidar sozinha! - ele se irrita.

- Olha querido, não é porque estou quebrada que não posso dar conta do recado - sorrio maliciosa.

- Que tal você terminar seu banho e a gente falar sobre a garrafada que recebi na cabeça?

  Sorrio e passo a esponja pelo corpo. O braço engessado pende para o lado de fora da banheira. Já sinto uma coceira dos infernos chegando.

- Era um sonífero. Mas deu errado e a única opção por perto era uma garrafa de whisky doze anos - digo.

- Você podia ter me matado!

- Não exagere. Limpe minhas costas.

Ele passa a esponja pelas minhas costas e relaxo um pouco.

- Cuidado! - falo quando ele se aproxima das costelas.

   Terminei meu banho depois de dez minutos. Fiz Ivan lavar meu corpo, meus cabelos. As vezes é bom ser mimada um pouco.

  Terei que ficar com o gesso por duas semanas. Já até achei algo para poder me coçar.

  Vamos para o quarto de Emily. Minha fofinha dorme tranquila no berço. Tenho vontade de pegá-la, mas com o braço quebrado e toda a dor que sinto não acho que seja possível.

- Precisamos conversar sobre a menina - Ivan diz.

  Ele está tenso enquanto me ajuda descer a escada para irmos até o escritório dele.

  Anthony nos espera sentado em uma poltrona. Arregala os olhos quando me vê.

- Não diz nada sobre o meu rosto - falo.

  Ele sorri.

- Não falei nada.

- Mas ia falar - sento em outra poltrona - Bom, o que temos que conversar?

- Sobre Steve - Ivan fala.

- O que tem?

- Ele está atrás da menina. Já matou dezenas dos nossos por informações - Anthony diz.

- Ele não vai tê-la! Não vou deixar! - grito.

  Homem miserável. Não vai tirar Emily de mim.

- Sabemos disso. Só quis te informar para ter cuidado quando for sair por aí proteção - Ivan fala - Coisa que não vai mais acontecer. Está proibida de sair sem segurança. Só sairá com a minha permissão.

- Você não manda em mim!

- Estamos resolvidos. Quando foi o último ataque? - ele me ignora e pergunta para Anthony.

- Ontem pela manhã. Sete mortos e o mesmo recado. Entregar a menina e tudo ficará resolvido.
 
- Cretino, ele já não comanda a porra da máfia alemã? Tem dinheiro suficiente com o tráfico, prostituição.

- Steve é ganancioso - Anthony diz - A vida da menina vale milhões. Quanto mais dinheiro,melhor será para ele.

- Aumente a merda da segurança. Faça o que for possível. Mas não deixe que ele chegue perto da minha filha - falo e levanto - Farei minha parte.

   Ando até a porta. Minha cabeça dói.

- Onde vai? - Ivan pergunta.

- Procurar o caralho de um analgésico, muita comida e voltar a dormir.

  Se aquele imbecil do Steve acha que vai ter Emily de volta está muito enganado.

   Ele não sabe com quem se meteu.

   Recadinho:

  A quarta e última história da Série Tambovskaya já está no meu perfil. Já adiciona.
  As postagens começam assim que acabar esse daqui.

  Bjs e não esqueça de votar e comentar ;)

Nossos Segredos #3 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora