Capítulo 9

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Uma coisa eu aprendi:quem não valoriza, perde.

     IVAN

     Deixo Kristana dormindo na cama e levanto. Nossa discussão de ontem a noite foi como sempre intensa. Essa mulher me deixa louco. Eu não queria bater nela, mas foi mais forte que eu. É sempre assim, se ela  fizesse as coisas que eu mandasse tudo ficaria melhor.

  Termino de me arrumar e passo no quarto de Emily. Ela está acordada. Tiro ela do berço e dou um banho nela. Quando Kristana tiver nossos filhos terei que contratar babás, ela não serve pra ser mãe.

  A menina tem um dos sorrisos mais lindos que já vi. Aquela dor no coração volta com as lembranças. Afasto esses pensamentos e visto ela. Desço com ela e encontro Anthony na cozinha com a mamadeira já pronta.

- Pode dar para ela. Estou cansado - Anthony diz bocejando.

- Mais uma vez na casa da sua mãe? - pergunto e dou a mamadeira para Emily.

- A mulher me fez ficar até tarde assistindo filmes antigos.

- Traga ela para conhecer Kristana. Quem sabe sua mãe ponha juízo naquela maluca.

- Mas você ama aquela maluca - ele diz.

  Não respondo. Não sei se o que sinto por ela é amor. É algo diferente, mais complicado. Posso não demonstrar meus sentimentos, mas gosto de Kristana e sou capaz de fazer tudo por ela. Mas não deixo que ela veja, isso só deixaria tudo mais complicado.

  Esperamos Luz chegar.  Luz é mexicana e minha governanta. Conheci ela em uma invasão que fiz em um quartel de drogas no México. Matamos todos, mas poupei Luz e suas filhas. Hoje ela trabalha para mim e coloquei as filhas dela no melhor colégio de São Petersburgo.

- Bom dia Ivan - ela diz e pega Emily dos meus braços.

- Bom dia. Acorde minha mulher e faça ela cuidar da menina. Avise Kristana que ela está proibida de sair de casa. Só me ligue se for urgente.

- Pode deixar. Tenham um bom dia.

§

   O dia foi um saco. Tive que matar vários dos meus homens por comportamento errado. Muitos pensam que sou um homem que não vê pena em matar uma pessoa. Não sinto nada. Fui criado para isso. Pena, segunda chance, remorso, culpa, essas palavras não existem no meu vocabulário. Se saiu da linha é morte na certa.

   Anthony e eu saímos para ver um carregamento de anfetamina. Começamos esse negócio e só vieram lucros. Tivemos um imprevisto no caminho. Nada que alguns tiros não resolvesse.

  Mas no fim da tarde tudo correu bem. Tivemos que cobrar favores, analisar estoques de munições, a nova carga de Tokarev TT. Tudo estava certo. Tenho pessoas para cuidar desses assuntos sem importância, mas gosto eu mesmo de fazê-los.

  Anthony aparece na minha sala. Pelo seu olhar sei que tem algo errado.

- O que houve?

- Tem oito mulheres mortas na entrada do galpão - ele diz - Todas do clube 3. Uma ameaça?

   Balanço a cabeça e sorrio.

Nossos Segredos #3 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora