Capítulo 28

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2 semanas depois...

- A senhora deve se alimentar. Ordens do seu marido.

   Ergo uma sobrancelha. O que não é ordem de Ivan ultimamente? Ele tem se mostrado um homem cuidadoso comigo. Sempre que está presente é ele que me alimenta, acho fofo, mas é demais.

- Já comi o suficiente por hoje Briar. Não estou com fome.

- Não quer nem um pouco de suco? - ela pergunta - É de manga.

- Só um pouco.

   Desde que comi manga em Maputo eu fiquei apaixonada. Tomo o suco de manhã, ela pura a qualquer momento, na salada de fruta. Pois é, acho que manga tornou-se parte da minha vida. Uma caixa recheada de manga chega todo final de semana direto de Maputo.

- Precisa de mais alguma coisa senhora?

  Recebo uma mensagem e aceno para Briar me esperar. Mensagem de Suli

Acho melhor você vir no Clube 9. Arina no espaço e está sedenta pelo seu homem.

× Já estou indo.

- Peça para o Mark preparar o carro - digo.

   Ela acena e sai com bandeja. Visto uma calça e uma blusa azul. Com o cabelo amarrado e minha bolsa eu vou até o quarto de Emily. Ela dorme serenamente. Dou um beijo nela e vou até a cozinha.

- Luz? - chamo.

  Ela aparece com uma vassoura.

- Precisa de algo menina?

- Poderia dar uma olhada em Emily? Preciso sair.

- Pode deixar - ela diz.

   Já no caminho até o clube minha cabeça começa a latejar forte e minhas mãos tremem. Estou suando frio e não me sinto bem.

- Pode ir mais rápido?

- Claro senhora - Mark fala e acelera.

  Minha visão turva e eu encosto a cabeça no banco.

   Essas duas semanas foram boas, apesar de Steve ainda não ter sido encontrado. Ter Emily em meus braços foi a melhor sensação do mundo. Todos tinham ficado  aflitos pelo meu sequestro. Tia Oksana chorou quando me abraçou. Eu tenho a melhor família que alguém poderia ter.

- Chegamos senhora.

Abro os olhos e respiro fundo. Saio do carro e peço que Mark me espere.

Encontro Suli esperando-me na entrada do clube.

- Ela está dando um vexame lá dentro - ela diz.

  Entramos no clube e o som da música grita em meus ouvidos. A fumaça sintética deixa meu estômago fraco. Deus!  O que está havendo comigo?

- Olha a baranga - Suli aponta para o bar.

   Observo Arina dançar. Ela provavelmente está bêbada. Chegamos mais perto e escuto ela gritar.

- Eu te amo Ivan!

  Sorrio e me aproximo. Ela me vê  e faz careta. Vejo quando ela sorri e pula em Ivan que se aproximou. Vejo vermelho quando vou até eles e puxo Arina pelos cabelos.

- Aí sua puta!

   Tiro minha Taurus da bolsa e aponto para ela.

- Já disse para deixar meu marido em paz!  Você não quer morrer não é? - pergunto irritada.

  Todos pararam para observar o barraco. Até a música acabou.

  Arina começa a rir e minha mão treme. Merda!

- Vai atirar em mim Viúva-Negra?

   Odeio esse apelido ridículo.

- Se for preciso para sim.

Ela sorri.

- Vamos lá! Nosso Ivanzinho não teve tanto trabalho por nada - ela diz.

   Fico sem entender. Olho para Ivan.

- É melhor você ficar calada Arina - ele diz.

- Nossa garota precisa saber sobre o que você fez - ela fala.

- Do que ela está falando? - pergunto para que Ivan.

- Não é...

   Arina faz um ruído e ri.

- Você não sabe não é? O seu querido marido é um assassino.

- Eu já sei disso - falo.

   Ivan fica pálido.

- Você sabe porque recebeu o apelido de viúva-negra? Talvez nosso Ivan possa dizer o porque.

- Já chega Arina!

- Não! - ela grita - Você matou todos eles! - ela me olha - Todos os seus namorados morreram por causa dele! Seu precioso marido assassinou todos.

   Minha mão falha e deixo a arma cair no chão. Meu coração troveja dentro do meu peito.

- Isso é verdade? - pergunto. Minha voz quase não sai, mas ele me ouve.

- É verdade - ele não mente - Mas você...

- Você destruiu famílias - grito - Você matou meus ex-namorados por que? Você viu o tanto que eu sofria a cada vez que um deles morria sem mais nem menos?

   Ele tenta se aproximar.

- Não chegue perto de mim! Você é um monstro! Quantas noites passei chorando porque recebi um telefonema dizendo que meu namorado morreu?! Você matou sete homens inocentes!

   Me afasto dele. Minha cabeça parece que vai explodir.

- Isso tudo por causa de que?

- Eu não suportava te ver com aqueles homens - ele fala.

- Ciúmes! - rio sem humor - Inacreditável.

  Saio dali com o coração despedaçado. Entro no carro escutando Ivan gritar meu nome.

- Me leve de volta.

  Cada velório se passa na minha cabeça enquanto voltamos para casa. A dor de cada família. O choro das mães que enterraram seus filhos. Por que ele fez aquilo? Não pensou na dor que causaria?

  Quando o carro para eu saio e ponho tudo o que comi para fora. Sangue escorre pelo meu nariz.

- Está tudo bem senhora? - Luz pergunta. Ela está com Emily nos braços.

- Eu...

    O som de um carro derrapando me assusta. Ivan sai do carro e caminha até mim. Noto quando Nikolai sai da casa e também vem até mim.

   Passo a mão no nariz.

- A gente precisa conversar - Ivan diz.

  Afasto dele e trombo em Nikolai.

- Não chega perto de mim! Você mentiu.

   Minhas pernas falham e quase caio no chão, mas Nikolai me segura.

  Então tudo acontece. Meus ouvidos zumbem alto. Não consigo escutar nada. Meu coração bate freneticamente.

  Os rostos de Ivan e Nikolai pairam aflitos na minha visão.

  Sinto meu corpo tremer e engasgo com sangue. Sinto minha garganta fechando e minha visão fica escura.  Não vejo mais nada.

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Está chegando ao fim essa eletrizante história
Bjs e até amanhã

Nossos Segredos #3 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora