Capítulo 12

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Família não é questão de sangue...Mas de quem quer segurar sua mão quando você mais precisa.

   Durante todo o trajeto até a casa de Daraik eu estava pensativa. A revelação de que eu era irmã daquele homem me deixava confusa. Mas eu sabia que grandes revelações estavam por vir. Por dentro eu sentia que algo me quebraria quando Daraik me dissesse toda a verdade. Eram tantos pensamentos, a proteção de Emily, o final do campeonato de luta, as perguntas que estavam na minha cabeça.

  Por que Daraik disse para Yane que eu seria a melhor pessoa para cuidar de Emily? Sei que sou capaz de cuidar de uma menina, apesar de dormir muito e não cuidar dela de manhã. Mas Daraik nunca gostou de mim, ela deixava tudo bem claro.

   Daraik não me ajudou quando meu primeiro dente amoleceu, não me ajudava quando eu machucava, não me ajudou quando tive minha primeira menstruação, ela nunca esteve presente na minha vida. Só era meu pai que me ajudava. Mas então ele partiu cedo demais. Então tudo ficou pior. O desprezo, as palavras, as atitudes, aturei tudo isso dela. Mas então eu mudei. Eu não deixava que ela me ferisse mentalmente. As vezes eu me perguntava porque tudo aquilo. Tia Oksana era tão diferente da irmã. As duas não se pareciam em nada. Tia Oksana sempre foi dócil comigo.

- Chegamos.

   A voz de Ivan me assusta. Então noto que estamos em frente a exagerada mansão de Daraik. Deixei de chamá-la de mãe depois que papai morreu.

   Desço do carro e respiro fundo.

  Em passos firmes caminho até a entrada da casa. Sei que Ivan me segue.

  A governanta abre a porta e parece surpresa ao me ver.

  Abraço Mirtle. Ela foi uma boa pessoa durante os anos em que vivi aqui.

- Ela está aqui? - pergunto.

- Na biblioteca. Vou anunciar que você está aqui.

- Não precisa. Serei rápida.

   Entramos na casa. Fria como sempre. Nada mudou. Estar aqui me traz boas e más lembranças.

- Pode me esperar aqui.

- Não quer que eu entre com você? - Ivan pergunta.

- Não será necessário.

   Aceno para ele. Antes de ir para a biblioteca passo no meu antigo quarto.

  A pintura foi mudada assim como tudo no quarto. Ela não esperou muito.

- Idiota.

   Vou até onde ficava meu antigo closet e puxo uma das madeiras soltas do chão. Pego minha Glock e guardo na minha bolsa. Foi presente do meu pai um dia antes dele morrer. Uma boa mulher deve andar armada, essas foram as palavras dele. Meu pai quebrava todas as regras no quesito pai mafioso; ele era carinhoso, diferente do pai de Andrey. Meus primos sofreram nas mãos daquele monstro.

  Ao entrar na biblioteca vejo aquela que eu chamava de mãe. Daraik é uma mulher conservada para os 50 anos que ela tem.

- Deveria avisar que estava vindo - ela diz e me analisa de cima a baixo - Odeio esse seu cabelo.

  Passo a mão pelos fios verdes e sorrio para ela.

Nossos Segredos #3 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora