Capítulo 3

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Provoca quem sabe, resiste quem consegue.

  Acordo com o som de vários passos ao meu redor. Uma mulher diz algo, escuto sons de risadas de crianças. Onde estou?

  Minha cabeça lateja forte, minha boca está com um gosto ruim. Caralho, onde foi que me meti? Com uma certa dificuldade consigo abrir os olhos.

   As paredes são em madeira, as cortinas que impedem a luz entrar são azuis com morangos.

  Sento na cama e vejo que estou usando um vestido longo de alças finas. A cor pêssego do vestido combina comigo, mas não é algo que eu usaria. Mas porque estou pensando na cor de um vestido?

  Uma mulher negra entra no quarto com uma criança no colo. Ela me olha como se eu tivesse causado algo de ruim.

- Como se sente? - ela pergunta em inglês. Fico grata.

- Nada bem. O que aconteceu?

- Sonila irá te explicar, venha comigo.

   Levanto e encontro meus saltos ao lado do pé da cama. Pego-os e saio do quarto.

  O cheiro de peixe embrulha meu estômago.
  Acho a mulher na cozinha com outras duas criança. Dois meninos e uma menina. A garota parece muito com a mãe, até mesmo o cabelo todo trançado em tranças finas.

- Quer comer alguma coisa? - a mulher pergunta.

- Um pouco de água seria bom.

Quando ela me entrega o copo viro todo o líquido em um só gole.

   As crianças me olham com curiosidade.

- Beba isso - ela me oferece um copo.

- O que é?

- Um chá, vai te ajudar na ressaca.

  Ressaca? Meu Deus, o que foi que aconteceu?

  Sonila entra na cozinha com uma cesta de frutas nas mãos. Seu olho está roxo e o lábio cortado.

- O que aconteceu com você? - pergunto.

- Seu marido - ele diz.

  Engasgo com o chá. A menina ri.

- O que aconteceu? Alguém pode me explicar? Por que estou vestida assim? Onde estou?

- Calma, uma pergunta de cada vez. Coma uma fruta e te contarei tudo o que quiser - ele diz.

  Concordo e pego uma maçã. A fruta sumiu rapidamente na minha boca. Minha vontade era tanta de descobrir sobre o que aconteceu que devorei ela em questão de segundos.

- Pode me contar por favor.

- Tudo bem - Sonila diz e pede para as crianças saírem. Depois que elas saem ele diz: - Ontem de noite estava acontecendo um lual a 700 metros daqui. É uma coisa normal, dura a madrugada toda, minha esposa e eu fomos com as crianças participar. Encontramos você completamente bêbada. Não falava coisa com coisa.

Nossos Segredos #3 |Série TambovskayaOnde histórias criam vida. Descubra agora