Que Deus Abençoe Kira

Light

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  Sendo sincero, não era difícil ignorar a tensão que estava no trabalho, na verdade era muito comum que todos sentissem superficialmente a rivalidade entre os dois gênios, mas nada que chegasse aos pés dos conflitos internos que ambos passavam um com o outro, não, o difícil mesmo era ignorar a constante troca de olhares que eles davam. Light, não falou mais nada sobre aquela noite para L, apenas insinuações, primeiro por que era divertido, ou melhor, deveria ser divertido, já que ele sabia que L não esqueceria aquela noite nem que passasse por amnésia, ainda si, pesquisavam sobre o grupo Yotsuba. Incomodava o castanho a falta de atenção do detetive para com aquele dia em específico, o que também fazia tudo ser mais estressante para Light. Invés de explicar, ficou pensando em como se contava algo que a outra pessoa já sabia? Aquela história de esquecimento não era real, era só um teste para ver o quão importante toda aquela brincadeira era para Kira. Aquilo estava estressando ele, todo o joguinho de faz de conta mal feito, e Ryuzaki parecia gostar de tudo aquilo, das alfinetadas e os olhares de incredibilidade, dos foras que dava em Light como se não fosse ele quem tivesse dado três passos a frente do seu plano. Agora Light era o vilão no espaço de trabalho, e ninguém além de Watari sabia o motivo, todos a sua volta pensavam que o ar sufocante no trabalho era devido ao que tinha acontecido no quarto de Misa, um reflexo de como L se sentia quando tinha o seu orgulho cutucado, e talvez, alguma parte daquilo fosse verdade aos olhos do aspirante a Deus, isso sem contar a opinião generalizada daqueles que julgavam que aquela situação vinha principalmente das correntes, que já não estavam mais sendo tão prestativas em tão pouco tempo de uso, e isso deveria ser uma doce vitória para Light, mas era só irritante.

  Light, já tinha todo um novo plano para a próxima noite, não podia deixar barato, então ele insistia em ficar memorizando a cada cinco minutos seu plano, afim de tentar parar de olhar a cada segundo para o mais velho que devolvia os olhares de hora em hora. Agoniante. Era assim que Light descrevia os olhares de L. Seus olhos estupidamente grandes que escondiam o sorriso dele, merda, Light sabia que ele estava sorrindo por dentro, que lia suas expressões corporais, sabia que L sabia no que ele pensava toda vez que encarava aqueles olhos. Podia sentir que ele acompanhava seus movimentos mínimos com os olhos. Sentia isso toda vez que salivava e passava a língua entre os seus lábios antes de engolir sua saliva acumulada. Sabia que ele estava esperando provocando ele, mesmo sem fazer nada além de olhar, de hora em hora com a mesma expressão sóbria no rosto. Light mal podia esperar para próxima noite. Ele queria esperar, mas era difícil e ele próprio não conseguia parar de pensar em como tinha se sentido, ainda mais quando Ryuzaki estava se entregando tão bem ao papel de fingir que estava profundamente confuso e curioso com tudo aquilo.

   —Você vai continuar com isso?— Sussurrou para Ryuzaki quando finalmente ficaram distantes do resto da equipe por tempo o suficiente, para que ninguém ligasse para o que murmuravam.

   —Hmm?— Se fingiu de cínico mexendo em alguns papéis. Light entrou no jogo.

   —Ignorar que nós transamos— Disse também mexendo nos papéis sobre a empresa a sua frente, como se tivesse falando sobre eles.

   —Aqui não é lugar Light— E mais uma vez Light perdeu a sua compostura interna. Odiava quando o seu jogo era virado contra ele.

   —Você sempre foge desse assunto no quarto, achei que deveríamos conversar sobre isso como adulto, mas você nunca me dá a oportunidade.

   —Se você insiste em fazer isso agora, tem o banheiro, e eu vou ter mesmo que te seguir— Diz mostrando as algemas em um tom de indiferença. Light sabia que ele estava imitando o seu comportamento de propósito.