capítulo 2

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Bakugou estava pasmo, desacreditado no que via. Seu amigo de infância que tanto sofria em suas mãos e sumira durante tanto tempo agora estava à sua frente com uma expressão indifente, o loiro não suportou aquilo que para ele foi como ser acertado por milhares de facas. Midoriya não gostava mais de si? Ou pior, não se importava mais com sigo? Aquelas perguntas permaneceram martelando na cabeça do menino enquanto caminhava para casa, a tensão de ter passado ou não para a melhor escola de heróis já não tomava conta de sua cabeça.
Chegando, jogou-se no sofá frustado com os acontecimentos recentes, afogado em pensamentos acabou mormurando alto demais, de forma que até sua mãe ouvisse:
- será que alguém lembra do Deku?

- oh peste, Deku? Está falando do filho da Inko- apesar de irritado pelo "xingamento" casual da loira, continou ouvindo-a com um olhar penetrante e triste que preucupou e impressionou Mitsuki que nunca tinha visto tal expressão no filho - sim eu me lembro bem, Midoriya Izuku era seu melhor amigo, o único que aguentava essa sua personalidade terrível. Algum tempo depois de descobrir que ele não tinha individualidade entrou em uma depressão profunda ficando frustrado, "ele já não queria sair mais na rua" Inko me contava sempre que podia sobre o estado do filho, até que um dia ela parou de me ligar acabou sentindo-se culpada pelo sofrimento do filho tamanha a dor que não conseguia mais olhar na cara dele então optou por passar os dias fora de casa. Na última vez que a vi na rua ela estava com um expressão cansada e muito magra, procurei saber mais afinal ela é minha melhor amiga, mas ela passou a esconder tudo com desculpas esfarrapadas. Parando para pensar não a vejo há muito tempo.

Antes que percebesse a loira também havia focado em seus próprios devaneios não percebendo a dor que seu pequeno sentira ao ouvir aquelas palavras. Mesmo assim a família Bakugou pouco sabia do que realmente acontecera. Naquela noite Katsuki não quis comer ou conversar com seus pais sobre mais nada, só conseguia pensar em Deku e como talvez ele tivesse o amaldiçoado a tristeza. Fez-se noite e nada do menino dormir, o mesmo acontecia na casa dos Midoriya, Inko havia deixado um recado dizendo que ficaria até tarde no trabalho, não era novidade, o pequeno de cabelos verdes jantou calmamente, sozinho.
Não quis demonstrar mas ficou verdadeiramente nervoso da frente do ex-amigo de infância, podia jurar que sorriu minimamente ao vê-lo, mas logo adormeceu esperando "ansioso" pelo dia seguinte.
Era uma manhã seca, o sol condenava aqueles que não achavam uma sombra, Midoriya conversava animadamente com Shigaraki sobre as pessoas que conhecera durante o teste de admissão da UA, era até estranho vê-los de forma tão pacífica, entretanto o clima durou pouco por conta de uma brincadeira do baixinho que resultou no mais velho pronto para xinga-lo do qual foi, felizmente, interrompido por um apito no celular. Curioso, o azulado pegou o aparelho das mãos do pequeno conseguindo relar os olhos na mensagem que lhe fora enviada " Com orgulho podemos dizer que seu esforço não foi em vão, e que suas habilidades brutas serão cuidadosamente polidas por nós da Yuuei, que estamos gratos em tranformar o estudante Izuku Midoriya em um forte herói da próxima geração. Esse que não apenas passou mas com as melhores notas do exame de admissão. Atenciosamente presidente Mic. ", soltou uma risada abafada logo falando com um forte sarcasmo em sua voz:

- "um forte herói da próxima geração", acho que a mensagem veio para a pessoa errada. Sinceramente, Izu-chan não deveria ter se destacado tanto, isso pode ser um problema futuro.

- ou uma vantagem, desculpe eu não me contive, eu só conseguia imaginar o rosto revoltado do Kacchan quando ver quem ficou em primeiro, convenhamos foi realmente muito fácil. - disse o pequeno soltando um riso calmo e dócil - aparentemente eu tenho que arrumar as coisas para meu primeiro dia de aula, nós vemos mais tarde, Shi-chan.

Tomura o observou saindo até que não pudesse mais avistar a cabeleira verde, logo relaxou virando mais um copo da bebida que descia lhe rasgando a garganta, eles estavam à poucos passos de ganhar, era dia de comemoração.
Em seu quarto escuro o menino se arrumava com o uniforme cinza que fora deixado em sua porta, colocou seus usuais tênis vermelhos e apanhou sua mochila cheia de cadernos, ele realmente parecia uma criança animada no primeiro dia de aula e isso lhe alegrava imensamente, afinal o desfarce ficava mais fácil para si se os sentimentos fossem verídicos. Resolveu ir a pé pois ainda tinha tempo, demorou um pouco mas conseguiu chegar, o local era enorme, maior do que se lembrava provavelmente porque durante o exame achou desnecessário prestar atenção nesses "detalhes".
O sinal havia tocado e a sala estava quase cheia, com exceção de umas duas ou três cadeiras ainda vazias, mas no momento isso não importava para Izuku que estava em uma das primeiras fileiras rodeado por algumas meninas que lhe enchiam de perguntas, não as achava irritantes porém na mente do garoto tê-las caladas por alguns segundos não séria má idéia. O silêncio só se fez presente quando um homem um tanto peculiar adentrou a sala com um olhar cansado e uma expressão sonolenta e irritada.
- silêncio classe - bradou o maior- demoraram oito segundos para se acalmarem, que perda de tempo. Bem, eu sou Aizawa Shouta, o professor dessa sala, prazer em conhece-los. Agora vistam isso rápido.
Sua voz era de desinteresse e cansaço, o maior levantou uma roupa que se assemelhava a um macacão azul com detalhes em branco e vermelho e os pós sobre cada uma das mesas, seguido pelos olhares impressionados dos alunos. Os aprendizes de herói foram caminhando para os vestiários, alguns ficavam perdidos no meio do grupo logo se achando. Apesar de serem locais distantes não tardou para que os alunos se encontrassem com o professor, em um local diferente. A área externa do colégio.
O exercício fora dado de forma simples, mas algumas palavras do adulto acabaram por amedrontar alguns alunos "aquele com as piores marcas sairá da turma 1-A", é claro que houve revolta, essa logo suprimida pelo clima tenso. Diferente da maioria, um pequeno de cabelos esverdeados estava calmo ele conhecia suas habilidades e estava certo de que conseguiria, sem grandes dificuldades, apesar disso ele mantinha uma feição assustada e nervosa com o olhar pairando por todo o local.
Para a maioria não fora fácil, aquele pavor de ficar em último sempre os atormentava. Ao final, foi explicado que aquilo não se tratava de uma brincadeira, os aprendizes para herói ficaram enfurecidos e um baixinho de cabelos realmente aliviado, Izuku escondia um riso sádico ao testemunhar a reação de seus colegas, não percebendo que um certo loiro tinha os olhos fixos em si. Uraraka veio animadamente conversar com o esverdeado sobre a prova, entre um assunto e outro o pequeno soltava risadas sinceras e divertidas que soavam como música para os ouvidos carentes do explosivo, seu coração errou uma batida. A quanto tempo não via seu pequeno Deku rir? Ao mesmo tempo que o ver bem lhe alegrava também o magoava infinitamente, ele queria que aquele riso fosse apenas para ele, e então tomou a atitude mais idiota possível.

- oe Deku!- bradou o loiro com um olhar penetrante e assustador enquanto se aproximava dos dois- tem muita sorte de ter chegado aqui, seu merdinha.

- o-obrigada, Kacchan- o outro respondeu sem jeito sentindo suas bochechas ficarem rubras.

A morena observava a cena inquieta, seu amigo estava recebendo de bom grado um xingamento, isso ela nunca entenderia. Apesar de tudo, preferiu ficar em silêncio prometendo a si mesma que se algo grave ocorresse séria a primeira a intervir. O ar estava tenso, por parte de Bakugou, enquanto o menor permanecia calmo e talvez até um pouco animado com a "possível ameaça" vinda de seu ex-amigo de infância, mas issso ele não deixaria ser notado por ninguém. Logo as coisas foram se acalmando com o sorriso largo e brilhante de um certo ruivo, Ejiro Kirishima um garoto alegre e gentil que conseguiu trocar algumas palavras com Katsuki, o mesmo tocou o ombro do loiro dizendo algo baixo o sufiente para apenas eles dois ouvirem, por fim dando um aceno para o pequeno que ficou estático, alguns diriam que era por medo mas o que Izuku Midoriya realmente estava sentindo era ciúmes.

Corpos [ villaindeku ]Onde histórias criam vida. Descubra agora