capítulo 6

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Midoriya caminhava para o colégio a passos rápidos e um tanto desajeitados, estava quase correndo. Por ter adormecido com Shigaraki teve de passar em casa mais cedo para se vestir, e mesmo assim estava quase atrasado.
Apesar disso o pequeno não estava irritado ou de mau-humor, estar com o azulado já era o suficiente para deixar-lhe feliz pelo resto do dia, e ainda tinha mais, no dia anterior ele havia sido muito bem mimado pelos colegas de classe e ainda foi capaz de fazer muitos amigos, por um lado aquilo lhe alegrava imensamente e por outro deixa o menor com raiva, poderiam aquelas pessoas tornarem-se suas amigas só por que ele tinha uma forte quirck? Ele não sabia responder, mas torcia para que a resposta fosse que não, que eles gostavam tanto de Izuku pelo seu jeito e personalidade, não por algo tão superficial quanto uma quirck.
Já perto da escola, percebeu algo curioso mas não inconum, as barragens da UA estavam repletas de repórteres e civis tentando entrar, o pequeno não sabia bem o porque, foi com muita dificuldade que atravessou aquela multidão e conseguiu, finalmente, entrar. Só esperava que Aizawa não lhe desse uma bronca pelo pequeno atraso.
O que não aconteceu, já que quando entrou ainda havia pouca gente na sala, e nem sinal do professor. Sentou-se em uma carteira perto da janela e ficou balançando as pernas distraído, um sinal de nervosismo. Um pequeno grupo não tardou a aparecer, composto por: Uraraka, Lida, Kirishima, Denki e Ashido. Os seis amigos conversavam animadamente até o loiro puxar a conversa para um assunto mais pesado.

- vocês souberam? Do novo assasino, eu vi ontem no jornal que já haviam casos semelhantes mas agora são estão frequentes e brutais.

- eu vi sim, chego a ficar com medo de sair de casa. Mas acho que vamos ficar bem, é difícil que ele venha para esse lado da cidade. - responde Ochako com uma voz um pouco melancólica.

- não se preucupem! Se algo acontecer eu estarei aqui para salva-los, e aos civis também- diz Deku ao perceber o clima desconfortável que estava se formando ali, substituindo a cara de medo dos cinco amigos por uma singela alegria - além disso, os heróis já estão investigando esse caso, logo logo ele será preso.

O pequeno diz abrindo um de seus grandes e largos sorrisos, não só por ter acalmado seus amigos, mas também por saber melhor que ninguém quem era o tal assasino, tendo certeza de que nem polícia nem os heróis o pegariam, afinal tratava de si mesmo.
Mina, sorria quando mudava o assunto para algumas fofocas da escola, fazendo os amigos tornarem a rir. O ar alegre e animado só aumentou quando o herói número 1 entrou na sala esbanjando sua típica cara de confiança, coisa que irritou profundamente o esverdeado.

- olá classe, é com honra que hoje venho dar minha primeira aula para a nova geração de heróis. - diz o loiro parrudo com um sorriso enorme e tom de encorajamento

Não era novidade de que eles teriam aulas com All Might, mas vê-lo ali conversando com eles era algo de outro mundo, os alunos da turma 1-a vibravam a cada palavra do mais novo professor, clima que foi cortado com Aizawa entrando e já reclamando do quão barulhentas as crianças eram. Um suspiro de frustração foi ouvido na sala enquanto todos ficavam cabisbaixos, exceto Izuku que olhava para Aizawa com admiração.
Naquele momento o herói de cabelos loiros pode ver a criança que, até onde ele sabia nunca teve uma quirck, foi imediato vê-la lá e lembrar do pequeno garoto choroso que lhe suplicava um pedido silencioso para que ele dissesse que Midoriya poderia sim ser um herói. All might gelou completamente, mesmo já tendo lidado com vários vilões encarar aquele jovem era uma das mais difíceis tarefas. Mas por que? Se o pequeno de cabelos esverdeados o encarava com um sorriso animado e gentil, nada fazia sentido na cabeça do número 1. Como ele estava lá? Alguém sem uma individualidade não deveria conseguir estar na melhor sala da mais prestigiada academia de heróis. Ou conseguia?
E com todas essas perguntas em mente Yagi só conseguiu formular o nome do baixinho, chamando-o de forma ríspida como se estivesse censurando algo que ele havia feito, toda a classe se assustou encarando o verdinho que tinha um sorriso murxo e um olhar de surpresa. Cabisbaixo o pequeno andou ao lado do loiro até chegarem a uma sala vazia.
Apesar disso, por dentro, o esverdeado estava quase pulando de alegria e satisfação, afinal era exatamente isso que ele queria, um momento a sos com All might para poder mostrar a ele o mal que ele havia lhe feito.
Yagi sentou-se e convidou Deku para sentar em uma cadeira a sua frente, apesar de perplexo não queria deixar o menor mais desconfortável do que ele já aparentava. " pobre All Might, caiu na minha armadilha como um inseto sujo cai na teia de uma aranha, vocês heróis são muito estúpidos " pensava o mais novo enquanto mantinha sua expressão de medo e incerteza sem fazer nenhum esforço.

- jovem Midoriya - sibilou o mais velho de forma calma e acolhedora, o que trouxe o sorriso do outro de volta - você tinha me dito que não possuía nenhuma individualidade, o que mudou isso?

- ah, eu também não sei te dizer, All Might. Depois que você me disse que eu não podia ser um herói, bem, minha mãe ficou arrasada e começou a beber, ela queria morrer, mas não se matar, séria terrível para o filho dela já devastado, eu só queria o bem dela, só queria proteger ela. Então comecei a treinar sozinho, e meu corpo ficou forte como você vê agora e bem agil também. Até que numa noite quando minha mãe chegou completamente bêbada em casa, ela ia me bater quando um portal estranho se abriu e me levou para fora da casa, eu achei muito estranho, mas consegui voltar para casa pelo portal novamente. Acabou que a descoberta da minha individualidade não foi algo tão bom assim, minha mãe começou a ficar nervosa e me ignorar ainda mais, meu pai já tinha morrido a muito tempo, de decepção. Ter um filho sem invidualidade era uma piada, e depois do que você disse eu percebi isso, infelizmente, minha mãe também. E mesmo com esse poder ela ainda tem nojo do filho.

Disse o pequeno desabando em árduas lágrimas, essas não eram todas falsas aquela história não era toda falsa, apenas a parte de ter descoberto magicamente sua individualidade, ele já tinha montado aquele teatro e já sabia que existia uma condição aonde as pessoas descobriam suas quircks mais tarde. Era perfeito.
Como planejado o herói ficou imobilizado encarando Izuku que se perdia em mais e mais lágrimas e expressões de dor. O mais velho abraçou o mais novo com força pensando ter compreendido o que se passou, acontece que era "comum" famílias desprezarem seus filhos se eles nascerem sem invidualidade ou com uma muito fraca, admitia que achava aquilo terrível, mas o que o pequeno tinha passado era desumano, e como qualquer um ele se sentia extremamente culpado. All might não sentia culpa apenas por causa daquela sociedade toda errada, mas também porque sentia que podia ter evitado todo aquele sofrimento se tivesse tido a o jovem que ele podia sim ser um herói. Mal ele sabia que a falta daquelas palavras tinham o tornado um vislumbre vilão que até mesmo o mais forte dos homens temeria apenas de ver seu ensaiado olhar vazio.
O esverdeado retribuiu o abraço, mesmo que estivesse com vontade de acertar uma faca no peito do loiro, aquele era realmente um bom ângulo para tal. Soluçou mais um pouco, até se afastar e secar suas lágrimas com delicadeza, como uma criança inofensiva, e por fim lançou um sorriso fofo e agradecido que aqueceu o coração já encantado.

Corpos [ villaindeku ]Onde histórias criam vida. Descubra agora