Capítulo 23

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O passado tem formas de te encontrar aparentemente inconclusivas, quando você pensa que sua vida tomou um novo rumo é quando ela pega a dianteira como uma roda gigante, e inesperadamente aquele que um dia esteve em cima, hoje se encontra por debaixo

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O passado tem formas de te encontrar aparentemente inconclusivas, quando você pensa que sua vida tomou um novo rumo é quando ela pega a dianteira como uma roda gigante, e inesperadamente aquele que um dia esteve em cima, hoje se encontra por debaixo. Bom, não tenho como descrever o meu pai adotivo, mas uma coisa é certa, o homem que ele foi um dia, não chega perto do resquício de pó carbonizado da sua atual estrutura. Não vale a pena relembrar o histórico das minhas vivências, porém, hoje elas fazem parte de mim, mesmo que me custe admitir, por isso sem a minha permissão memórias me embalam, como em uma canção de ninar, onde a mãe canta para o seu filho: vai dormir meu bebê, senão o lobo mau vai te pegar.

Ainda assim encarei aquela fisionomia, relembrando como se fosse hoje. Recordo-me do seu rosto em repulsa, ou pena? Que faz meu coração arder em ressentimento. Tinha 21 anos na época, e por causa das suas atitudes como pai, nasceram em mim cicatrizes que perduram até hoje. Infelizmente, tinha acabado de sofrer a pior tragédia da minha vida, mas ele não ficou do meu lado, como um verdadeiro responsável faria.

— Bela, Bela. — Ouvi alguém me chamar, mas estou muito fraca para responder.

— Oh, Bela o que você fez? — Alguém pronunciou com pesar na voz.

Após aquela última frase não ouvi mais nada e a escuridão voltou a me dominar.

— Bela chega de charme, hora de acordar. — Senti uma mão gentil sobre meu ombro.

— Não estou com charme, só estou cansada — falei abrindo os olhos com dificuldade pela claridade.

— Você está de alta. — Miguel bateu palmas, demonstrando ser um idiota.

— O que aconteceu? — perguntei surpresa, pois me encontro acamada em um quarto no hospital, pelo que aparenta o local onde estou, até mesmo pelo bip da máquina ao meu lado. Encaro o teto branco, e me pergunto o que pôde ter acontecido?

— Não se lembra? — indagou parecendo surpreso.

— Não, só consigo me recordar de uma luz e tudo ficando escuro — respondo sendo sincera.

— Vou chamar a enfermeira, em casa conversamos. — Ao que parece preferiu encerrar a conversa ali.

Ele saiu do quarto parecendo não querer tocar no assunto.

Esperei a enfermeira chegar e ela ajudou a me vestir, após meia hora estamos na recepção do hospital, sendo este com muito movimento, médicos, enfermeiros, pacientes e funcionários caminham por todos os lados, uns apressados outros calmos.

— Como está a minha maninha — disse Philip vindo me abraçar.

— Bem, mas confusa. — Olhei para todo o canto, não entendendo o motivo de me encontrar nesse lugar.

— Fique calma, com o tempo suas lembranças retornarão. — Tentou me tranquilizar.

Apenas assenti e, me acomodei para esperar as documentações. Enquanto estou perdida em pensamentos, enxergo meu pai de longe.

O Chefe da MegeraOnde histórias criam vida. Descubra agora