Luz negra

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-  Demônios são maus, criaturas horrendas e frias, que apenas causam dor e destruição por onde passam.

Nós somos a luz e eles a escuridão, se vê-los fuja o mais rápido que puder, enfrente-os apenas se puder vencê-los, caso contrário eles irão matá-la sem dó e piedade.

Essa é a natureza de um demônio, destruir tudo a sua volta, eles são cruéis e desprezíveis. - Nerobasta diz convicta.

Olho para Nerobasta e repasso sua explicação sobre os demônios, afinal eu tinha visto um ou ficado frente à frente a um deles. Eles são tão cruéis assim?

- Nunca, nunca enfrente um Elizabeth - Ela diz séria - Nós somos superiores a eles.

- Superiores? - Indago - Então por que os teme?

Ela cerra o olhar.

- Eu não os temo, eu os despezo. E você deveria fazer o mesmo. - Ela diz séria.

Deveria?

Lentamente retiro-me de onde estava e observo a imensidão a minha frente. O clã dos demônios é tão ruim assim a ponto de ser desprezado?

A curiosidade sobre este clã aflora dentro do meu ser e lentamente toma conta dos meus pensamentos e ações, preciso saber mais sobre eles.

Olho para a imensidão a minha frente e caminho devagar, quase que hipnotizada pela vontade de ficar um tempo sozinha.

- Para onde vai? 

Assustada olho para trás onde Sariel está com os braços cruzados e um olhar sério em minha direção.

- Eu... Eu...

- Está gaguejando por quê? 

- Eu... Não estou gaguejando - Respondo.

- Aham.

Sustento o olhar sério dele até sentir arrepios assustadores subir por minhas costas e desvio o olhar e ele bufa.

- Onde você estava indo? 

- Estava indo andar.

- Andar sendo que tem asas?

Encolho os ombros.

- Eu gosto.

- Vá de uma vez - Ele balança a mão em descaso - Não arrume problemas e treine.

- Tudo bem - Balanço a cabeça e dou as costas para ele.

Começo a andar em um ritmo constante e em questão de segundos estou correndo até tomar o impulso que não é tão necessário e sinto o ar cortar minhas bochechas.

O ruflar das minhas asas batendo é o único som notável e eu fecho os olhos sentindo a paz que me invade estando sozinha sob o céu azul e límpido, permaneço um tempo alí inspirando e expirando o ar puro.

Empurro meu cabelo para trás da orelha e olho para baixo a procura de alguma coisa fora do comum, mas não encontro nada, prendo a respiração e inclino meu corpo para frente, rapidamente perco altitude sentindo o vento gélido cortar minha pele desprotegida e um sorriso terno aparece em meus lábios, pouco antes de chocar-me contra a grama verde abro minhas asas novamente e minha possível queda se interrompe.

Asas que nunca falham.

Flexiono minhas pernas e lentamente as pontas dos meus pés tocam a grama macia, firme paro ereta no vasto campo verde e começo a caminhar calma, verifico se Nerobasta ou Ryudoshel não estão por perto e finalmente me permito sorrir ao notar que estou verdadeiramente sozinha. Tiro minhas sapatilhas e corro pelo campo com a sensação de liberdade consumindo-me por inteira, paro de repente e me sento na grama ligeiramente úmida.

- Nada de fadas ou humanos - Murmuro fitando em volta - Que estranho.

Novamente empurro para trás alguns fios do meu cabelo que caíram sobre meu rosto e deito-me de costas para observar o céu incrivelmente azul.

- É tudo tão lindo - Suspiro e viro a cabeça para o lado.

Séria fito algumas árvores da floresta e me sento notando que a maior delas estava com um corte fundo, levanto-me do chão e ando até ele para observar minuciosamente o corte grotesco que quase a cortou ao meio.

- Você irá morrer - Digo triste ao tocar seu tronco - O corte foi profundo.

Fecho meus olhos e concentro-me em liberar um pouco do meu poder apenas por curiosidade em saber se consigo voltar essa árvore ao seu estado normal, porém grito e pulo para trás ao sentir a palma da minha mão queimar, chocada olho para a queimadura fraca que já se fechava e olho para a árvore notando a fraca luz negra que dança no corte.

- O que é isso? - Questiono franzindo o cenho - Me queimou.

Lentamente a luz some e eu me aproximo hesitante e toco o lugar, confirmando se iria me queimar novamente, mas desta vez nada acontece nem quando fecho meus olhos e tento liberar meu poder de novo.

- Que estranho - Falo afastando-me - Não aconteceu nada agora.

Olho para minha mão e a marca que vagarosamente some deixando minha pele como era antes.

- Preciso saber mais sobre essa luz.

Começo a caminhar para voltar e logo começo a voar para ir mais rápido.

- Elizabeth - Nerobasta se assusta assim que pouso onde os outros estavam - O que houve?

- Nada demais - Sorrio - Vou estudar.

Ela me fita séria quando saio andando para encontar os livros onde já tinha visto sobre a luz negra.

Algo me diz que não é coisa boa.

Onde já ouvi falar dessa luz?

My DemonOnde histórias criam vida. Descubra agora