Já estava escuro quando a Triumph preta parou em frente ao pequeno sobrado onde os Tomlinson viviam. As lâmpadas amareladas dos postes iluminavam parcamente a rua, criando um jogo de luzes e sombras que poderia ser assustador em qualquer outro lugar, mas não naquela cidade. Quase ninguém saía depois que o sol se punha por ali, a rua estava deserta.
A não ser por Harry e Louis. Eles haviam passado mais tempo do que esperavam à beira do rio Dane, onde apenas os grilos e vagalumes — e algumas vacas — eram testemunhas de suas promessas mudas.
Eles já haviam se beijado algumas vezes durante o cio de Louis, no entanto, na época era mais por instinto do que por vontade. Ao menos do ponto de vista do ômega. Por isso, para ele, o primeiro contato real havia acontecido ali, sob a luz avermelhada do sol indo se deitar, beijando o norte da Inglaterra com sutileza, como uma mãe que deseja boa noite a um filho. Como os lábios de Harry que acariciavam os seus como se tivessem medo de que ele se esfarelasse a qualquer momento, desaparecendo entre seus braços.
Depois daquele primeiro beijo, experimentaram muitos outros primeiros beijos nos lábios um do outro, descobrindo texturas, sabores e sons. Louis notou que os cachos de Harry tinham a forma perfeita para se enrolar em seus dedos enquanto eles se beijavam ou quando Harry simplesmente passava a ponta do nariz por seu pescoço, arrepiando-o por inteiro.
Harry descobriu que o corpo pequeno de Louis se encaixava perfeitamente sobre o seu e que não havia nada melhor do que sentir o peso dele em si enquanto apenas respiravam lentamente, vez ou outra afagando o cabelo liso e macio de sua nuca.
Quando a noite por fim caiu, eles haviam conversado sobre poucas coisas, seus corpos precisavam mais de reconhecimento do que suas almas. Estas já eram velhas conhecidas. Com os olhos encantados pelas, Harry acarinhava o cabelo castanho de Louis, perguntando-se se ele, assim como si próprio, contava cada um daqueles pontos brilhantes que se alastravam no plano de fundo escuro que envolvia todo o Reino Unido, mas que só era tão belo em Holmes Chapel.
Ele teve a certeza de que sim, Louis as contava, quando o ômega simplesmente girou o corpo, jogando-o sobre o seu, vislumbrando-o com aqueles olhos cor de mar que misturava tons de verde e azul, prendendo qualquer observador por horas. Havia um brilho felino naquele olhar. Um brilho que Harry sabia existir no seu também.
O beijo que trocaram em seguida foi dado com tanta força que Harry teve medo de que machucasse Louis. Ele parecia tão delicado assim, entre seus braços, mas ao mesmo tempo tão decidido, esfregando-se lentamente sobre seu corpo, deixando claro o que ele queria. Do que ele precisava.
As mãos grandes de Harry rapidamente se encheram na carne macia que a jegging vermelha escondia, apertando-a com firmeza. Louis gemeu contra sua boca, contorcendo-se de excitação. Contrariando a noite gélida, seus corpos estavam quase em ebulição.
No entanto, eles não passaram daqueles toques. Por mais que Louis praticamente implorasse enquanto se friccionava no alfa daquele jeito, Harry hesitou e se afastou. A princípio, Tomlinson pareceu chateado, mas logo voltou a se aninhar no peito do mais novo, como se entendesse os motivos silenciosos que ele tinha.
E então eles conversaram. Louis nem ao menos imaginou que houvesse tanto da sua vida a ser dito. Eles se conheciam desde sempre. Todo o mundo se conhecia em Holmes Chapel! Mas só naquele momento Louis entendeu que conhecer alguém é muito mais do que saber seu nome completo e seu status de alfa, beta ou ômega. Notou que eles nem ao menos sabiam os gostos musicais um do outro e ainda assim não ficou surpreso quando soube pelo fascínio por Ramones e Rolling Stones que Harry alimentava. Francamente, ele era como uma versão mais jovem do Mick Jagger desfilando com suas roupas despojadas naquela moto barulhenta demais para uma cidade tão pacata. Ele também era ainda mais bonito e charmoso do que o astro do rock havia sido um dia, embora ele nunca fosse admitir isso em voz alta. Também não conteve a expressão ofendida quando Harry disse que nunca ouvira falar sobre The Fray e precisou reproduzir umas 10 músicas no celular só para que ele nunca se esquecesse.
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Instinto
FanfictionEm uma realidade alternativa, a raça humana se desenvolveu a partir de lobos. Sendo assim, a sociedade humana herdou muito desses animais e foi dividida em alfas (machos com função de reprodução), betas e ômegas (fêmeas que geram filhotes). 50% da p...