Do Lado de Fora

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Os dias passam rápido quando tudo o que se faz é comer, dormir e transar, não necessariamente nessa ordem. Já era o fim do sexto dia de cio, provavelmente o penúltimo dia, Louis não tinha certeza. Sua pele já não fervia o tempo todo e ele tinha intervalos maiores para comer, dormir ou, como estava fazendo naquele momento, pensar no que estava fazendo.

Harry dormia pesadamente ao seu lado, de ponta cabeça na cama. Seu corpo grande estava repleto de hematomas e arranhões. Ele parecia cansado, embora sempre estivesse disposto quando acordava.

Louis levantou-se preguiçosamente, sentindo cada músculo de seu corpo reclamar e vestiu uma cueca qualquer, indo até o frigobar no canto do quarto. Pegou uma garrafa d’água e bebeu metade de uma só vez, como se pudesse engolir os seus problemas como engolia aquele líquido gelado.

Mas não podia.

Mordendo o lábio inferior, tornou a observar Harry. O cabelo cacheado estava desgrenhado, a bandana desaparecera no primeiro dia. Seus lábios estavam vermelhos, inchados. Ele fazia a cama parecer tão pequena. Assim como o quarto e tudo ao seu redor.

Enorme. Um enorme problema bem no meio do seu quarto. No que ele estava pensando quando decidiu passar seu cio com Harry? É mesmo, ele não estava pensando.

Suspirou e caminhou até a janela, observando o céu pintado em tons de laranja e cor de rosa, o sol acenando, se despedindo no horizonte. Sentiu um pouco de lubrificação escorrendo dentro de si e a pele esquentar um pouco, mas ainda não era um calor insuportável. Não o suficiente para que acordasse Harry.

Harry. Onde estava com a cabeça quando decidiu ser parceiro de Harry? Tudo bem que ele prometeu que seria só uma vez e que não contaria para ninguém, porém a essa altura toda a sua família já devia estar sabendo. E Harry era parceiro da Charlotte, ele continuaria frequentando aquela casa!

— Eu estou tão ferrado — murmurou e escondeu o rosto entre as mãos.

Sentiu os braços musculosos envolverem sua cintura e aquele corpo rígido encaixar-se atrás de si. O cheiro másculo do alfa invadindo suas narinas.

Não pôde conter um leve tremor ao perceber que Harry não vestia nada.

— No que está pensando? — sussurrou contra sua orelha, arrepiando-o por completo. A voz de Harry era imensuravelmente mais rouca ao acordar.

Em como me livrar de você.

— Nada demais.

— Hmmm — beijou o pescoço delicado com placidez, acariciando a barriga lisa de Louis. — Já está anoitecendo... — falou com pesar na voz.

— É — Louis suspirou, sabendo exatamente o que Harry queria dizer.

Eles tinham menos de vinte e quatro horas até voltarem para encararem o mundo real.

— Harry, e o seu emprego? — perguntou de repente.

— Eles entendem quando esse tipo de imprevisto acontece — falou baixo, parecendo incomodado com aquele assunto.

— Ah — foi só o que Louis respondeu. Ele nem conseguia imaginar quantas vezes Harry precisava passar uma semana trancado em um quarto qualquer, fodendo um ômega qualquer. Mesmo que não entendesse o motivo, sentiu um aperto no peito ao pensar que aquilo era algo rotineiro para o caçula dos Styles.

— Está com fome? — mordeu a região entre a orelha e o pescoço de Louis com pouca força, apenas um roçar de dentes, sentindo-o amolecer em seus braços.

— Não... Você está?

— Faminto — sussurrou.

Virou Louis de modo que ficassem de frente um para o outro. A luz do quarto estava apagada, então só os raios fracos e alaranjados do sol iluminavam os dois naquele momento. Os olhos verdes de Harry brilhavam mais do que Louis achou que seria possível. Ele tinha um maldito sorriso de covinhas impregnado nos lábios e Louis sabia que não esqueceria daquilo tão cedo.

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