Sábado

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Entre trabalhar, frequentar as consultas rotineiras, aguentar dois amigos apaixonados e ainda ter tempo para ser cortejado, as semanas passaram rapidamente. Já era dezembro e havia previsão de neve para os próximos dias. Seu corpo estava mais quente, então ele tinha que ter cuidado redobrado no inverno. Não que ele precisasse se preocupar tanto.

Desde o fatídico dia em que contara sobre a gravidez para sua família, Louis vinha sendo tratado como se fosse de porcelana. Todos queriam agradá-lo e paparicá-lo, enchendo-o de carinhos e mimos. Principalmente Harry.

Louis estava quase se arrependendo de ter dado uma trégua em sua implicância com Harry, pois o alfa estava cada vez mais presente e incômodo em sua vida. Insistia em levá-lo e buscá-lo do trabalho — ele havia até começado a usar capacete agora —, o que causou curiosidade nos outros moradores do vilarejo e em poucos dias todos já estavam sabendo que Louis Tomlinson carregava um bebê de Harry Styles no ventre. Depois daquilo, Louis passou de “ômega problemático” para “futura senhora Styles” em um piscar de olhos. Ele era quase como uma celebridade e todos o veneravam. E ele nunca se sentiu tão vigiado. Só queria um pouco de paz.

Ele recém havia entrado na décima semana de gestação. Trancado em seu quarto, avaliava sua barriga no espelho, tentando imaginar como ela ficaria nos próximos meses. Louis nunca antes havia pensando em engravidar e aquela ideia ainda era um pouco assustadora. Claro que ele sabia que era possível, mas, francamente, ele tinha certeza de que passaria o resto de seus dias virgem. Ele se enganou.

As mudanças de seu corpo ainda eram discretas, sua cintura havia engrossado um pouco e alguns de seus jeans mais justos não fechavam. Andava usando mais moletons por indicação de sua mãe, ele não devia usar nada apertado demais. Isso significava que ele precisava comprar roupas novas. Veria isso com Harry depois.

Não que ele se importasse com a opinião de Harry, claro que não. A trégua que eles haviam dado era apenas para o bem estar do bebê. Ele não estava nem um pouco disposto a ter conversas pessoais com aquele alfa. Aconteceu de ele se abrir em um momento de fragilidade e ter contado mais do que deveria, mas ele prometeu que não faria de novo. Porém agora Harry parecia ter entendido seus sinais erroneamente e não economizava nos flertes sempre que tinha uma oportunidade.

— Oi, bebê — falou baixinho, segurando o casaco erguido com uma mão enquanto a outra acariciava a barriga lentamente. — Cresça saudável... E venha logo! — sorriu. — Você quer ouvir música? Eu vou colocar música para você.

Ajeitou o casaco e foi até a cama, onde deitou e pegou o iPhone branco, mexendo nele rapidamente até encontrar a música que queria. Ergueu o moletom mais uma vez e encostou o aparelho contra a pele enquanto o som afinado de um violino invadiu o ambiente, seguido pelo contrabaixo e então outros instrumentos. Era sua sinfonia de Mozart favorita e Harry havia lhe dito que música clássica deixava os bebês inteligentes.

Não que ele ligasse para o que Harry falava, mas ele não queria um filho burro. Já bastava um dos pais — Harry, obviamente.

Fechou os olhos e aproveitou aquela sensação de paz e preguiça que o sábado de manhã trazia. Ele estava precisando de um tempo só para ele para variar. Só para ele e para o bebê.

• • •

Arregaçou as mangas da blusa para que não a sujasse, revelando os braços morenos e tatuados, e continuou com as pinceladas firmes e precisas, ajoelhado sobre um jornal na calçada. Desenhava cuidadosamente na parede de um comércio, aproveitando o sol fraco daquela manhã. Precisava terminar aquilo antes que nevasse.

Ele sempre gostou de desenho e pintura, e descobriu do pior jeito seu talento para pintar paredes: pichando. Ele não se orgulhava daquilo e já havia pagado pelos seus atos. Trabalho comunitário nunca foi tão efetivo. Depois daquilo ele decidiu que faria do desenho e da pintura sua profissão. Vez ou outra alguém o convidava para grafitar e aquilo sim o agradava. Ele chegava a fazer de graça.

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