Fixation: Au Revoir

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           S/N não esperava encontrar de verdade Yoongi na apresentação de sua filha, muito menos que ele teria a cara de pau de sentar ao seu lado e ainda lhe dar um sorriso. Ainda doía, mesmo após tanto tempo. Ele tinha a mantido num relacionamento nojento e abusivo, feito-a acreditar que não poderia ser feliz sem ele e que traições não eram nada demais, que ela as merecia por não ser uma esposa competente. Ela abaixou a cabeça graças àquele batimento em seu peito delinquente. Largara seu emprego no hospital por ele, largara sua família no Brasil, fizera de tudo para que pudessem ficar juntos e como Yoongi retribuiu? Algemas de seda e um par de chifres. Ódio foi tudo que ela sentiu.

           Ela frequentemente ia aos eventos dos dias dos pais de Hee para substituir Yoongi, então, conhecia muitos dos pais sentados por perto. Ficou nervosa, não podia sucumbir à emoção. Não queria fazer uma cena e brigar com seu ex em coreano na frente de todos após a apresentação, então, tratou de controlar seu coração.

           Ele continuava tão belo, que, nas entranhas dela, ainda chovia. Era uma chuva que durava mais de quatro anos, chuva de agulhas que machucavam seu coração e estômago, trazendo a ânsia e sufoco. Era um inferno, um sentimento louco! Quis a morte. Ela não era forte. As coisas não pareciam melhorar, talvez os pingos fossem, de fato, infernais, já que ardiam como se fossem lava. Ela só queria ir para casa... só queria estar protegida por uma muralha.

           – Cadê ela? – Yoongi perguntou em sua língua nativa.

           Hee cantava como uma princesa, uma das únicas de olhinhos puxados e sentada na primeira fileira. Quatorze anos. Era linda, tinha sido desenhada pelos céus com esmero. Era uma flor de pétalas prata reluzentes, uma rosa de ferro. A garota tinha se tornado seu porto seguro, enquanto Yoongi nem ao menos reconhecia o rosto da filha. Era ultrajante, ela diria.

           – Primeira fileira, a do meio, que fez a parte solo.

           Sentiu-se irada. Seu ressentimento se transformava em tempestade pouco a pouco e Yoongi a fizera sentir os trovões com seu questionamento estúpido em tom de choro. Não era difícil reconhecer uma adolescente que era, sinceramente, a cara dele!

           Talvez, Yoongi estivesse querendo puxar assunto. Ficou tensa. Um raio pareceu cair sobre sua cabeça e enterrar-se em sua barriga. Aquele cara era imprevisível! Tanto tempo a menosprezando... ele a queria de volta para que ele pudesse se sentir bem, para ficar transando com outro alguém, para que tivesse quem humilhar, pisar. Eles não serviam um para o outro, era inútil, de novo, tentar.

           – Ela é linda como a mãe.

           – Agradeço, mas ela é a sua cara, Min.

           Quis se bater ao ver que o respondeu. Assustou, pois não hesitou, nem temeu. S/N notou que era melhor se calar, talvez, aquilo aquietasse a chuva que tanto parecia machucar. Os pingos grossos caíam sobre seus ombros, assim como a culpa... e ela odiava se culpar. Hee dizia sentir falta do pai, mas nada poderia fazer quanto àquilo, não era o que tinha esperado, nem aos céus pedido. Sendo honesta, Yoongi não era presente nem quando moravam na mesma casa, do que então ficarem juntos adiantava? Yoongi transava com outras mulheres e trabalhava durante todo o dia, não tinha tempo para sua filha, era melhor as notas de dinheiro e a putaria.

           – Ela é a prova que podemos dar certo ainda. Nós dois juntos resultamos naquela princesa linda.

           S/N quase vomitou todas as suas entranhas. Não voltaria com ele, nem se fosse paga, pois de que valeria dinheiro se tivesse que conviver com aquela praga? Não falava de Yoongi, mas, sim, do que ele representava. Dor. Ela estava cansada. Ardor. Sexo era somente carnal, não valia nada. Sem cor. Ela ficava em preto e branco por causa daquele cara.

Nocif (coletânea de fanfics com Namjoon, Yoongi, Jin e Hoseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora