O eu lírico queria escapar daquele poema incoerente
Desatou as letras que formavam palavras que criavam versos
Escalou as estrofes que tão bem conhecia, mas nada compreendia
Estava finalmente livre para viver no poema que quisesse
Mas pobre coitado, ninguém contou que os poemas agora
Eram todos quebrados e poucos tão pouco ritmados
Procurou incansavelmente sua verdadeira poética
Mas encontrava apenas destruição, reflexo daquela era patética
Sentia saudade da tradição que nunca chegou a conhecer
Sonhava com rimas metrificadas de séculos passados,
Pois era um eu lírico preso num tempo errado
Pulou de poema em poema, estrofe em estrofe, verso em verso
Caiu no limbo poético e lá pra sempre ficou submerso,
Sem nunca encontrar seu poema, o seu universo.

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Sob o Caos
FantasiUm livro híbrido que compila poemas e contos que dialogam com a destruição do mundo e de todos que o habitam.