O aniversário de Emilly

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Durante muito tempo vivi na mansão Grant eu nunca via os pais de Emily já faziam vários meses que morávamos lá, segundo a avô dizia, eles estavam muito ocupados viajando para diversos países, mas sempre ligavam para saber da filha e para falar com ela, e claro proporcionavam todo o necessário para seu bem estar e conforto, além do mais agora ela estava com a avô, assim que estava tudo bem.

No entanto Kamila Grant não era um avô carinhosa e boazinha como maioria dos avôs, assim como minha vozinha mãe de papai, ela vivia no Nordeste toda a família de papai, então nós os víamos pouco, mas sempre que íamos éramos recepcionados com muita alegria.

A família de mamãe era distante nunca tinham contato conosco, e pareciam que não gostam de se entrosar.

segundo eles uma ligação interurbana (naquele tempo, estamos em 2018, mas há uns dez anos atrás maios ou menos, não tinha toda essa tecnologia de hoje em dia, ainda hoje eles continuam não nos contatando) era muito cara, mas a família de papai sempre dava um jeito de saber notícias.

Bem...Kamila Grant não parecia uma avó mais um tipo de general, mamãe disse que ela sempre reclamava da comida e pegava no pé de Nadir o tempo inteiro, mas como Nadir não era nada boba nem sempre acatava seus desaforos.

Aquele dia ela estava mais exigente pois era o aniversário de Emily ela convidara alguns amigos de Emily, filhos de gente muito importante, para confraternização, não seria algo tão pomposo, mas digno de uma herdeira Grant, assim suas recomendações foram expressas para que tudo saísse como o combinado

Naquele dia eu estava andando pelos arredores da mansão e encontrei Emily sentada no balanço, com uma cara nada alegre.

—Emily? Você não está animada para sua festa?

—Deveria?

—Todo mundo gosta de festa, de presente...

—Eu não quero presente, eu não quero festa, eu estou farta!

—Mas por que?

—Eu só não quero, seus pais costumam fazer festa?

—Eles fazem um bolo e então comemoramos só nós e alguns parentes, algumas pessoas mais próximas.

—Que sorte.

—Sorte? Você já viu tudo que tem lá dentro pra você é fantástico! Isso sim é sorte!

—Sim, mas você tem pais que vão na sua reunião da escola, que conversam com você, que passam tempo com você.

Naquele momento desceu uma lágrima do rosto de Emily e logo muitas outras começaram a rolar eu era apenas uma menina assim como Emily, mas eu conseguir sentir a tristeza que ela sentia e simplesmente eu me aproximei e a abracei.

—Eu queria ter uma irmã assim como você

Logo em seguida escutamos a voz insuportável da avó de Emily que a chamava gritando.

—Emily ah então você estava aqui, num ímpeto me desvencilhei de Emily.

—Você...por que você está chorando? O que essa menina fez com você?

—Eu não fiz nada sua velha bruxa! Você é má!

—Ora vejam só, mas que menininha atrevida e petulante, vou contar tudo para seus pais.

Imediatamente ela saiu como louco em direção a casa para se queixar com meus pais, e logo minha mãe deixou seus afazeres e veio ver o que acontecia.

—Senhora Girlmore, veja só o que sua filha me disse-me chamou de velha bruxa.

—Samantha você fez isso?!

—Mamãe ela disse que fiz Emily chorar, mas ela que fez ela é má!

—O que! cada insulto que tenho que ouvir dessa criança insolente.

—Senhora Grant peço desculpas, mas minha filha é apenas uma criança...

—Criança ela tem 9 anos, é quase uma mocinha!

—Só quis dizer senhora que as vezes crianças são indisciplinadas, mas eu vou conversar com ela

—Acho bom mesmo pois da próxima vez não serei tão generosa.

Pois sim, a última coisa que aquela mulher era, era generosa, a festa acabou acontecendo e eu fiquei de castigo no meu quarto sem ver TV, eu não seria realmente convida de qualquer forma, mas fui punida injustamente.

Quebra de Página

Dois meses mais tarde seria o meu aniversário, queria convidar Emily, mas eu sabia que a megera não permitiria. Meu Deus, que mundo louco, as pessoas se sentem melhores do que as outras por causa da conta bancária, cor, nacionalidade, religião.

O maior exemplo disso foi o holocausto que aconteceu na Alemanha, até hoje me pergunto como tantas pessoas compactuaram com aquele genocídio de pessoas.

Li o diário de Anne Frank, acho que tinha 13 anos a mesma idade que ela quando começou a escrevê-lo, e me senti tão triste por ela, condenada à morte só porque era judia, privada de toda sua vida!

A avó de Emily aos meus olhos era um Hitler de saia.

A garota tristeOnde histórias criam vida. Descubra agora