Olhei para a casa da árvore e fiquei surpreendido com o que era capaz de fazer. Ela estava finalmente pronta para uma família morar. Foi naquele instante que a dor voltou, me fazendo jogar as ferramentas ao chão, da raiva que senti de tudo o que havia acontecido.
Recebi um telefonema quando estava indo ao trabalho. Teria que mudar a minha rota por causa de uma entrega atrasada na malharia. Estava me dando bem lá. Esses dois dias que faltei, apenas descontaram do meu salário e compreenderam a situação. E agora, havia recebido mais um voto de confiança: pegar uma encomenda.
Pelo menos isso faria o meu dia melhor, apesar de sentir que apenas isso não iria ajudar. Bufei e dei a meia volta. No cruzamento seguinte, entrei à direita. Liguei o pisca imediatamente ao ver que a outra malharia ficava ali mesmo. De repente, escutei uma freada e bati a cara no volante com o solavanco que o carro de trás fez ao meu.
Ergui a cabeça meio atordoado. Estava bem, apenas uma leve dor na testa e na boca. Do outro lado da janela, encontrei alguém desesperado. Tirei o cinto e então saí do carro, tentando enxergar melhor, minha visão estava um pouco turva.
— Meu Deus! Érique, você está bem? Me perdoe, estava distraída e você entrou de repente. Por favor, me diga como está?
Reconheci aquela voz na mesma hora e abri um sorriso encostando-me ao fusca. Aos poucos a minha visão voltou ao normal e finalmente pude contemplá-la. Apesar da cara de assustada, estava linda como sempre. E o olhar, o mais puro que já pude encontrar.
— Estou bem, Melissa! Foi só um acidente.
Ela se aproximou querendo me examinar melhor. No instante em que iria tocar a minha face, sua mão congelou no ar. Seus olhos ficaram úmidos e tentando disfarçá-los, se distanciou — Desculpe, só queria saber se você realmente está bem.
Fiquei sério com aquilo e respondi na mesma hora — Realmente não estou bem, Melissa. Você sabe disso tanto quanto eu.
Ela me fitou com os lábios murchos — Também estou tentando superar.
— Mas eu não quero mais superar isso – Sussurrei, pegando em suas mãos — Fui um tolo com você, Melissa.
Meu anjo continuou me olhando daquele jeito que fazia com que a amasse ainda mais. De repente, a esperança brotou no seu olhar e uma faísca surgiu entre nós dois.
— Me perdoe por não ter confiado em você, Érique. Apenas não queria estragar as coisas, você já estava tão ocupado.
— Preciso que apenas confie em mim, em todas as situações – me aproximei dela, passando as mãos pela sua cintura.
— Eu prometo! Você não faz ideia do quanto te amo – ela sussurrou com um olhar tão terno, que tive que passar as mãos delicadamente sobre o seu rosto, para poder senti-la.
— Nem você! – Sussurrei aos seus ouvidos. Senti algo forte dentro de mim. Nunca deveria tê-la deixado. Trouxe-a para mais perto e olhei profundamente em seus olhos. Precisava fazer aquela mulher feliz e a faria. Era o meu maior desejo. Então, alcancei seus lábios em um beijo terno, apenas por um momento. Instantes depois, me surpreendi com a necessidade dela daquele beijo, assim como a minha. Era como se temêssemos que algo nos separasse novamente, mas sabia, o nosso amor era firme e forte, e Deus estaria cuidando dele.
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Conto "Confia em mim".
Short StoryApenas 30 dias para tornar o sonho de Érique e Melissa em realidade. Mas, quando tudo parece estar se acertando, o inesperado acontece e Érique toma uma decisão que afetará profundamente a todos. Será que essa decisão será definitiva? O casal co...